Vi e ouvi a plateia vibrar. Aplausos e mais aplausos, bis sobre bis, e, sempre e a cada vez que a orquestra dava os primeiros acordes e na tela de alta definição surgiam as imagens consagradas de filmes que representam muitas paixões, o Teatro estremecia de emoção.
Para os amazonenses e todos que amam essa terra, “encontro das águas” é o símbolo mais expressivo da beleza natural, reunindo águas negras e barrentas em um abraço interminável ou em um beijo consagrado, daqueles que somente a mão de Deus poderia edificar. Pode ter outros significados, também, como a aproximação sadia e franca de políticos com o povo, todos que desejem o bem do Estado, ou, ainda, a reunião de apaixonados que há muito não se viam e guardavam no coração a dor da saudade.
Um sentido muito especial, entretanto, foi dado a essa expressão, recentemente, com a associação de artes e a participação ea regência de grandes e bons profissionais. Trata-se da programação musical “Encontro das Águas”, agora em sua terceira edição, reunindo a Orquestra de Câmara, a Amazonas Filarmônica, o grupo vocal do Coral do Amazonas, músicos populares e eruditos, para a realização de espetáculos no palco do suntuoso e muito bem cuidado Teatro Amazonas, em comemoração aos 120 anos de sua inauguração.
Passei em revista a todas as sessões que foram realizadas nessas duas últimas semanas. Energia pura! O público entusiasmado! Gente de todas as idades, cada qual com sua paixão. Os artistas, com sorriso de orelha a orelha. É que a união de cinema, música orquestral e canto tem sido perfeita, sobretudo porque reúne temas que dizem respeito a diversas gerações.
Vi e ouvi a plateia vibrar. Aplausos e mais aplausos, bis sobre bis, e, sempre e a cada vez que a orquestra dava os primeiros acordes e na tela de alta definição surgiam as imagens consagradas de filmes que representam muitas paixões, o Teatro estremecia de emoção. Afinal, músicas e animações clássicas, obras primas do cinema “cult”, música de animação japonesa clássica, de uma só vez, é dose especial como se fosse pão de tucumã, tapioca na manteiga e pupunha com café quentinho, coisas que dão água na boca.
De outro lado, cá com os meus botões, sentado no meu canto, coração na boca e olhos marejados, acompanhado de Rosa que é o meu amor, fiquei a pensar no tamanho da responsabilidade que todos temos sobre os ombros amazonenses ou não, mas que aqui moramos, trabalhamos e amamos essa região exuberante, todos temos em assegurar a continuidade de todas essas atividades que enobrecem o homem, enriquecem a alma, enaltecem a terra, e, mais que isso abrem e reabrem horizontes para os mais jovens que também sonham em viver essas oportunidades de realização pessoal pela arte.
A Série “Encontro das Águas”, já agora cantada em prosa e verso como diz o poeta popular, pela sua representatividade, composição artística e aceitação popular é daquelas que veio para ficar, e somente se tornou possível pela existência dos corpos estáveis do Teatro Amazonas, do Liceu Claudio Santoro, da impulsão que todas as artes receberam nos últimos vinte anos, resultado, é bem verdade, de muito suor e trabalho de tantas e tantas pessoas abnegadas que tem se dedicado a tudó isso com paixão.
Encerrada a temporada vem o gostinho do dever cumprido, mas não se pode nem senti-lo por muito tempo porque ainda há muito a fazer, todos os dias, e vão entrar em cena os festivais “Amazonas de Música” e “Amazonas de Dança”, enquanto chega a hora do festival folclórico, do Fecani, das cirandas e da grande e bela mostra de artes visuais que vai invadir ruas, galerias, restaurantes e bares, num jeito muito avançado de alimentar a alma do povo, de todos nós.
Por tudo isso e muito mais, não me canso de aplaudir em posição de reverência e com entusiasmo, todos que se doam ao mundo das artes e fazem disso o seu ideal de vida.
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