Em 27 de março próximo o jurista amazonense José Bernardo Cabral, o Relator histórico da Constituição de 1988, ainda hoje em vigor, completará 90 anos de uma linda e épica trajetória de vida. E o que é melhor, no gozo pleno de sua capacidade intelectual e notável resistência física, ao lado de sua amada esposa Zuleide.
Evidentemente que, para nós, seus conterrâneos e, sobretudo, seus confrades de Academia de Ciências e Letras Jurídicas do Amazonas (ACLJA), fundada aliás, em sua honra, onde ele figura na condição de patrono e de titular da cadeira de n° 01, o acontecimento jamais poderia passarem branco. Daí
porque estamos construindo uma programação, estendida pelos 12 meses de 2022, para celebrá-lo, como é de merecimento.
E começamos muito bem. Por proposição nossa, da ACLJA, o nome de Bernardo Cabral foi sufragado para receber homenagens de duas das mais respeitadas entidades nacionais. A primeira, do Colégio de Presidentes das Academias Jurídicas do Brasil (COPAJUB), dirigido pelo grande advogado cearense Roberto Victor Pereira Ribeiro, que lhe outorgou a sua maior comenda, a Medalha do Mérito Aristóteles Atheniense, criada recentemente em conjunto com a Medalha do Mérito Amália Bevilacqua, destinada ao gênero feminino, que contemplará, nesta edição, a professora Maria Helena Diniz; a segunda, da Academia Brasileira de Direito (ABD), presidida pelo brilhante advogado, natural do Pará, doutor André Augusto Malcher Meira, também presidente do Instituto Silvio Meira (ISM), que a Cabral conferiu o título, acompanhado do respectivo Colar Acadêmico, de Membro Honorário. Uma coisa identifica as duas distinções e as tornam únicas para as circunstâncias: ambas foram entregues pela primeira vez. As cerimônias, reservadas por contadas restrições sanitárias decorrentes da Covid-19, aconteceram no Rio de Janeiro e dela participaram, além de Cabral, o doutor Roberto Tadros, presidente da CNC e da ACLJA; O desembargador Marcos Favre, ex-presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro; o médico Cláudio Chaves; o André Meira, representando tanto a ABD quanto a COPAJUB, de onde é vice-presidente, e este que vos escreve, o qual teve a felicidade de, na mesma ocasião, tomar posse, pela graça de Deus, revelado pelo Senhor Jesus, como membro efetivo da ABD.
Muito já se falou de Bernardo Cabral. Meu amigo e irmão Gaitano Antonaccio e eu, por exemplo, o biografamos. Sempre será pouco, porém, Bernardo é certamente, por suas qualidades humanas, por sua competência jurídica e por sua extraordinária e corajosa contribuição política ao país, uma das personalidades mais reconhecidas, condecoradas e admiradas da república brasileira e que, a cada dia, por mais incrível que possa parecer, tem gravado em letras de ouro, um novo e edificante capítulo de sua inspiradora existência.
O Amazonas, que lhe serviu de berço; a nossa Faculdade de Direito, a “Velha Jaqueira”, onde se graduou: nós da ACLJA, todos, enfim, amigos e conhecidos, os quais, de uma forma ou de outra, tiveram a ventura de com ele conviver ou compartilhar ainda que raros momentos, comungam, tenho certeza, do mesmo sentimento de alegria e de orgulho por ser ele um de nós e estar conosco por tanto tempo. Trabalharemos para que um dia, tal como acontece com Juscelino
Kubitscheck, em Brasília, sejamos capazes de construir, por indeclinável dever de justiça, aqui na cidade de Manaus, o Memorial Bernardo Cabral, um monumento destinado não apenas a preservar-lhe a história, mas também e principalmente, em difundir por meio de uma escola de cidadania, os ideais que ele sempre professou e sempre defendeu.
Homens como Cabral deveriam, de fato, ser eternos, Diante da lei cósmica da finitude de nossa dimensão material, todavia, no ano em que ele alcança o seu nonagésimo aniversário natalício, rogamos a Deus para que lhe conceda muita saúde, proteção e uma generosa prorrogação, a fim de que possamos ainda por longo tempo, gozar do privilégio de sua amizade, de sua sabedora e de seu benquerer Homem que não passou pela vida em brancas nuvens, antes disso, foi como luz em meio às sombras, Cabral nunca deixará os nossos corações. Viva, o grande – e talvez um dos últimos- heróis da pátria!
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