Ciência

Vultos da Medicina Amazonense

Compartilhe nas redes:

*Aristóteles Comte de Alencar Filho

Os 100 primeiros médicos inscritos no Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas

Continuação …

Doutor Waldemar era filho do também médico Doutor Vivaldo Palma Lima. Foi membro da Diretoria da Associação Médica do Amazonas e aceito como Sócio Correspondente da Sociedade Brasileira de Dermatologia em 1957.

Doutor Djalma Batista foi um dos médicos mais ecléticos de sua geração. Existem inúmeros trabalhos publicados sobre sua vida. Destacou-se como médico, professor e pesquisador. Foi patologista clínico desde 1940; médico assistente da Santa Casa de Misericórdia de Manaus; médico da Escola Técnica de Manaus; Capitão médico comissionado da Polícia Militar do Estado do Amazonas em 1943; médico itinerante contratado pelo Serviço de Proteção aos Índios (1946-1950); Presidente da Liga Amazonense Contra a Tuberculose (1940-1950); Diretor do Departamento de Educação e Cultura do Estado do Amazonas (1945-1946); Presidente da Associação Médica do Amazonas (1953-1956, 1960-1961); Diretor do Dispensário Cardoso Fontes (1952-1958); Chefe de Clínica (1953-1956) Diretor (1956-1957) do Sanatório Adriano Jorge; Diretor da Divisão de Pesquisas Biológicas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, e seu Diretor Geral (1959-1968); Vice-presidente (1958-1959 e 1967-1968) e Presidente (1968-1969; 1970-1971 e 1972-1973) da Academia Amazonense de Letras. Foi professor de Microbiologia e Parasitologia no Curso de Socorristas de Guerra, promovido pela Cruz Vermelha. Ministrou aulas sobre Medicina Social na Escola de Serviço Social de Manaus. Na Escola de Enfermagem de Manaus, ministrou as disciplinas de Microbiologia e Patologia Interna. Nas Faculdades de Medicina, Farmácia e Odontologia da Universidade do Amazonas ministrou a disciplina de Patologia Geral.

Publicou 35 artigos científicos dentre os quais podem ser citados: Medicina e Estética; Semiótica das Proteinúrias; Notas sobre a tuberculose em Manaus; A equação da tuberculose em Manaus; Tuberculose no Amazonas; Enciclopedismo e Espacialismo: aspectos culturais e econômicos, escrito em parceria com os doutores Moura Tapajós, Garcia Gomes, Humberto Vasconcelos, Carlos Melo e Luiz Montenegro; Alimentação dos escolares de Manaus; O Paludismo na Amazônia; O cultivo da terra como fator primário da solução dos problemas agrícolas; Aspectos econômicos-sociais da tuberculose em Manaus; Fome, produção e abastecimento; Esquema da situação da tuberculose em Manaus; Antibióticos em clínica tisiológica no Amazonas; Queda da mortalidade por tuberculose: suas causas e consequências; Resultados do tratamento dispensarial em dois grupos: caboclos e comunicantes; Estudo da patogenicidade da Mansonela Ozzardi e da sintomatologia da Mansonelose (escrito em conjunto com o dr. Wallace Ramos de Oliveira e dra. Virginia Dupré Rabello); Epidemiologia da Mansonelose em localidades do interior da Amazônia (escrito em conjunto com o dr. Wallace Ramos de Oliveira); Parasitoses Amazônicas; Inventário Científico da Amazônia; Tripanosomídeos de mamíferos da região Amazônica e Oswaldo Cruz na Amazônia, entre outros importantes trabalhos científicos.^[7]

Doutor Djalma Batista recebeu incontáveis medalhas e honrarias. Foi membro de mais duas dezenas de Sociedades Científicas e Culturais. Proferiu mais de trinta palestras e conferências em eventos científicos. Foi Redator-Chefe da Revista do Centro Médico Amazonense, da Folha Médica, da Revista Brasileira de Pesquisas Médico-Biológicas. Foi fundador e diretor, juntamente com o professor Harald Sioli³ da Revista Amazoniana, publicada pelo INPA e Instituto Max-Plank. Doutor Djalma realizou viagens científicas a países com Estados Unidos e Alemanha.

As homenagens recebidas vão desde a denominação de descobertas científicas até a colocação de seu nome na Unidade Básica de Saúde Dr. Djalma Batista e uma grande avenida na cidade de Manaus, Avenida Djalma Batista. É Patrono da Cadeira n.^o 12 da Academia Amazonense de Medicina. Doutor Djalma Batista faleceu em 20 de agosto de 1979.

Doutor Waldir Vieiralves era médico cirurgião, ginecologista e ortopedista de acordo com sua propaganda.

Em 23 de março de 1956, participou como 1.° Assistente, da primeira cirurgia de ressecção pulmonar realizada no estado do Amazonas. A operação foi realizada nas dependências do Sanatório Adriano Jorge pelo cirurgião torácico cearense, Doutor Wilson Jucá. O 2.⁰Assistente foi o doutor Oswaldo Gesta, e o anestesista doutor Eli Vieira de Souza, que foi auxiliado pelos doutores Gilson Vieiralves e Paulo Durand.

Participou como membro da representação do Amazonas, na 4.^a Conferência Nortista de Tuberculose, que teve início no dia 15 de novembro de 1957. Na ocasião, os médicos amazonenses apresentaram as seguintes conferências: Doutor Djalma Batista – Cadastro Torácico e Morbidade da Tuberculose; Doutor Carlos Melo – O Sanatório na Luta Antituberculose; Doutor Waldir Vieiralves – O Tratamento Cirúrgico da Tuberculose Participaram ainda dos eventos os médicos: Moura Tapajós e Arlindo Frota. Publicou como coautor o artigo: Atualização dos programas de luta antituberculosa, na Revista Brasileira de Tuberculose (Rio de Janeiro, 25 [178: 181-192]. O trabalho tinha como autor principal doutor Djalma Batista. Os outros coautores foram os doutores Carlos Mello e Garcia Gomes.

Posteriormente, Doutor Waldir passa a anunciar em novo endereço, à Rua Guilherme Moreira número 354, que posteriormente seria ocupado pelo pediatra Doutor Paulo Xerez.

Jornal do Commercio, Manaus, 3 abr. 1960. Fonte: Biblioteca Nacional.

Ele anunciou regularmente de 1943 a 1962. Antes de ausentar-se por completo da cidade de Manaus, ainda publicou, em 3 de novembro de 1969, uma propaganda médica – Cirurgia e Ortopedia. Tratamento especializado sobre doenças da coluna e Cirurgia da Mão.

Sua sobrinha residente em Manaus, senhora Sylvia Vieiralves, obteve com a família de seu tio o relato que será transcrito na íntegra, para melhor ilustrar a biografia desse ilustre médico.

Médico cirurgião geral e ortopedista em Manaus até 1963, quando mudou-se para a cidade de Nova Friburgo (RJ) em março de 1964, passando a exercer a função de médico concursado do Ministério da Saúde e como coordenador do INSS.

Desde o início de sua carreira, foi médico de vanguarda, que não se contentava com o comum. Em Manaus, vendo as dificuldades para exercer a medicina que tinha aprendido nos Estados Unidos e não encontrando as mesmas condições para a sua prática, montou todo o seu acervo profissional com os materiais que necessitava, principalmente nas cirurgias, a fim de que pudesse oferecer o melhor aos seus pacientes. Tinha seus próprios aparelhos, como radiologia e outros equipamentos para utilização tanto na Beneficente Portuguesa de Manaus como na Santa Casa de Misericórdia, além de ter montado o primeiro Banco de Sangue de Manaus.

De 1941 a 1945, realizou Fellowship na Universidade de Chicago, onde aprendeu as técnicas cirúrgicas mais avançadas da época. Por seu brilhante desempenho, foi convidado a fazer parte do corpo clínica daquela Universidade. Esse honroso convite, trouxe-lhe profundas reflexões internas, mas como tinha esposa e filha em Manaus, decidiu retornar à sua cidade natal a fim de oferecer o que tinha de melhor, à população amazonense.

Por diversas vezes esteve nos Estados Unidos. Na Califórnia, conheceu um famoso médico ortopedista, Doutor Paul Harmon, professor que trabalhava no Rancho Los Amigos National Rehabilitation Center. Tornaram-se amigos, e por diversas vezes, esse famoso médico americano esteve em Manaus e em Nova Friburgo, onde realizou inúmeras cirurgias, inclusive de coluna vertebral, sempre acompanhado por seu amigo amazonense.

Doutor Waldir Vieiralves participou diversas vezes em congressos médicos internacionais na Itália, Alemanha, França e Estados Unidos, sempre imbuído em adquirir mais conhecimentos para poder oferecer o melhor a quem precisasse de seus serviços.

Em março de 1964, já estando o país em uma situação política agitada, resolveu mudar-se para Nova Friburgo (RJ), cidade onde sua esposa havia nascido, e onde teria melhores condições para criar sua família de sete filhos. Ao chegar como médico concursado do Ministério da Saúde e do INSS, rapidamente ambientou-se e mostrando sua capacidade profissional, tornou-se em pouco tempo o Coordenador do INSS daquela região. Em Nova Friburgo, devido a esse seu espírito de vanguarda, mostrou a quatro colegas ortopedistas, a necessidade de se criar uma clínica ortopédica especializada, onde a população teria sempre um local para procurar quando houvesse emergências da especialidade. Assim, no final dos anos 1960, fundaram a Clínica Ortopédica e Traumatológica de Nova Friburgo, que existe até os dias de hoje, e onde exerceu a prática da Ortopedia por todo o período que esteve naquela cidade.

Nesse local de trabalho, criado por sua iniciativa, teve a condição ideal de ensinar a outros jovens médicos assim como oferecer o melhor atendimento possível.

Foi membro de várias entidades medicas como Associação Médica Brasileira, Sociedade Brasileira de Traumato Ortopedia, Colégio Brasileiro de Cirurgiões e Colégio Internacional de Cirurgiões.

Sua vida profissional foi sempre voltada a dar o melhor de si ao próximo, principalmente ao paciente que o procurava. Aos 78 anos de idade, resolveu se aposentar, parando definitivamente de trabalhar, quando passou a se dedicar a seus afazeres, leituras e a cuidar da esposa, sua eterna companheira. Faleceu em 16 de agosto de 2005, aos 91 anos de idade, após uma breve internação em um Hospital na cidade de Nova Friburgo.

Deixou um legado importantíssimo a todos que o conheceram e principalmente a seus filhos, netos e bisnetos, por sua determinação e a vontade de sempre fazer o melhor para o bem de todos.

_________________

3 Professor Harald Felix Ludwig Sioli, pesquisador alemão que viveu por duas décadas na Amazônia. Nasceu em 25/08/1910 – Faleceu em 14/10/2004.

Continua na próxima edição…