Manaus, 7 de setembro de 2024

Amazônia, Religião e Sustentabilidade – Texto 27/30 Será o gênesis uma invenção da Amazônia?

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A Amazônia instiga a política, o mercado, as religiões, a ciência, e, também, o imaginário das pessoas e dos governantes – passado, presente e futuro. Neste sentido, o seu ‘ser’, ‘estar’ e ‘relacionar’ (da Amazônia) sempre foi um desafio para os governantes e os especialistas em informação e comunicação. Aldisio Filgueiras, brilhante escritor amazonense, diz que a Amazônia representa um universo paralelo, único e singular, no Brasil, no Planeta e no Universo. Os seus mistérios e segredos desafiam o mercado capitalista que transformaram a natureza em commodity e encapsularam a vida em mercadorias dissociadas de nossas transcendências. Papa Francisco insiste na necessidade em se espiritualizar o mundo das vidas plenas ou as vidas do mundo pleno, por meio da ecologia integral. Trata-se de nova concepção estética para as representações materiais e simbólicas da humanidade, entrelaçada às camadas civilizatórias que abraçam os povos, as pessoas, as culturas e as naturezas. Papa Francisco identifica a Amazônia como fonte irradiadora destas estéticas que geram e transportam múltiplas sustentabilidades aos seus povos e ao mundo.

1. Ciência, Religião, Amazônia e Sustentabilidade

Nota metodológica: texto autoral distribuído na Faculdade Católica do Amazonas, em 27 de Março de 2023, como leitura complementar ao Minicurso “Amazônia estudos contemporâneos – Ciência, Religião e Amazônia: Educação para a Sustentabilidade.”

Ciência, Religião, Amazônia e Sustentabilidade

A racionalização da natureza pôs problemas novos à religião. Problemas que se reverberaram em todas as dimensões socioculturais da humanidade. Boderie (1571, 315-317) postula que a razão é a imagem ou o raio divino que brilha. Ele põe uma questão seminal: a divinização da razão. Por outro lado, David Ingram (1993, 49-51), baseado em Habermas, filósofo com fecundos estudos sobre a razão, especula “Que a transição da visão mitopoética para a cosmológica, religiosa e metafísica e as formas modernas de compreensão demonstra uma descentralização moral e cognitiva (…). Com a transição das civilizações arcaicas para as desenvolvidas ocorre uma ruptura decisiva e narrativas são substituídas por explicações que podem ser justificadas com argumentos. As religiões monoteístas abordam a realidade sob um só princípio unificador, demonstrando assim um forte impulso na direção do universalismo e da consistência lógica (…). Com o advento da modernidade, os princípios mais elevados (Deus, Ser ou Natureza) rendem-se aos princípios formais da razão discursiva (…). O mundo objetivo dos fatos não deve ser confundido com a natureza, da mesma forma que o mundo social não deve ser igualado à sociedade e à cultura.”.

Esta seção privilegia as seguintes questões: ‘Quais são as convergências e as divergências estruturantes entre as abordagens e as explicações da ciência e da religião sobre a criação do universo?’, “‘Quais são as rupturas nos processos explicativos sobre ‘O que é vida?’”, e, ‘Quais são os nexos da sustentabilidade com a ciência e a religião?’ Não se têm respostas definitivas e consensuadas para estas questões; elas são complexas, polêmicas e contraditórias quando analisadas e confrontadas nos sistemas de representações religiosos e científicos (Bertka and Mille, 2014).

Especula-se sobre a importância de se identificar um novo princípio central que ordene a inclusão do homem no mundo contemporâneo, numa concepção que se proponha sustentável, considerando que desde seu nascimento à morte, sua vida e suas contradições assim como suas relações gerais desenvolvem-se imbricadas em suas interações com os meios naturais e sociais (Heisenberg, 1987, 78-81). Um princípio que articule sua existência física e ética com sua religiosidade numa perspectiva sustentável.

Em geral, os processos físicos, químicos e biológicos não são sustentáveis. A evolução da natureza tem tendência de não sustentabilidade (Dab, 2007). A ciência atesta a impossibilidade de se reproduzir no futuro réplicas idênticas às situações do presente. A sustentabilidade divina se contrapõe a não sustentabilidade científica, em todos os contextos históricos. Portanto, na perspectiva biológica a vida não é sustentável, ela ‘viaja’ continuamente em direção à morte física. A divinização humana abre novas alternativas para este processo. Sustentabilidade divina versus sustentabilidade científica, contradição que movimenta diversos programas de pesquisa e põe novas alternativas ao ideário humano.

A origem do ser humano se entrelaça à criação da matéria primordial imbricada à história do nascimento e da evolução do cosmos, que é tipificado como universo. Portanto, compreender a história da matéria exige desvendar a história do universo imprimindo historicidade aos seus processos de formação e organização (Freitas, 2016c, 68-74).

Por outro lado, na perspectiva religiosa, Deus criou o universo, a vida que o anima e, simultaneamente, todas as leis da natureza. A presença de Deus na humanidade é impactante, independe do discurso e da razão. A filosofia da religião mostra a dificuldade e a complexidade em conceituá-lo. Ele é moldado em cenários que o apresentam como um ser pessoal, incorpóreo, onipotente, onisciente, onipresente, criador e provedor do universo, infinitamente bom, eterno e digno de adoração (Cassé, 1999, 27-32).

Há duas amplas “tradições sobre a criação do universo”. A primeira, estabelecida a partir da cultura grega, põe a possibilidade de compreender a sua formação e a sua ordem, a partir da lógica e da razão humanas. A segunda tradição estabelece a criação do universo a partir de Deus, num momento definido do passado e ordenado segundo uma série de leis divinas pré-estabelecidas (Portugal, 2012; Davies, 2005).

Estas duas tradições, a criação do universo segundo pré-condições materiais e energéticas estabelecidas no passado, e, àquela associada à ação de Deus possuem divergências e convergências em seus fundamentos e mecanismos operacionais, conforme apresentado em seguida.

Christian de Duve, Prêmio Nobel de Medicina em 1974, apresenta especulações científicas fascinantes sobre a criação do universo (Duve, 2005). Ele destaca a tese do biólogo Denton (1988), segundo a qual o universo começou para abrigar a vida. Outros especialistas atribuem à criação do universo ao acaso da natureza. O químico inglês Peter Atkins (2007) afirma que “o universo pode ter emergido do nada sem intervenção divina. Ao acaso.”. Para o cosmólogo inglês Martin Rees (1997), “o universo é único, cognoscível conforme adaptado à vida, num conjunto gigantesco de universos. Produzido ao acaso.”. O físico americano Lee Smolin (1977) considera esta mesma concepção, mas num contexto evolucionista. De imediato, a criação do universo põe duas novas questões: “De onde viemos?”, e “Para onde vamos?”.

A ciência tem acumulado importantes contribuições explicativas, embora não conclusivas, para estas questões. O russo Alexander Oparin foi o primeiro a explicar, em 1924, o problema da formação do primeiro organismo vivo. Em 1953, o químico Stanley Miller produziu em laboratório, um conjunto de experimentos que mostraram a possibilidade da origem da vida ser explicada em termos das leis da física e da química. Mostrou que é possível, por meio de sínteses orgânicas e em condições físicas adequadas, gerar as condições necessárias à produção da vida, sem as intervenções humanas e divinas.

A possibilidade de a vida ter se originado de um único ser vivo, de uma “protobactéria” inicial, ou, a hipótese de germes vivos terem sido enviados à Terra por outras civilizações mais avançadas que a nossa, ou finalmente, a previsão de existência de cenários físico-químicos menos complexos, mas suficientemente sofisticados para possibilitar a formação do primeiro ser vivo na Terra são teses polêmicas e muito reducionistas sobre a história da humanidade. A tese dos astrofísicos segundo a qual o universo contém um grande número de planetas com condições semelhantes às da Terra e, portanto, com grande possibilidade de existência de vida consciente ainda constitui uma hipótese factível (Jacob, 2002), apesar de sua imponderabilidade.

A teoria evolutiva prevê que somos descendentes de seres pré-humanos e que a vida estabeleceu-se na Terra pelo menos há 3,5 milhões de anos. O surgimento da vida a partir da matéria inorgânica constitui uma ruptura que ainda se encontra fora do alcance explicativo da ciência. Este processo, segundo os biólogos, precisa ser complementado com novos conceitos tais como integração, padrão, função e sistema (Murphy, 2014).

A posição da Terra no sistema solar e no universo, a sua dimensão física assim como sua distância do sol, as características de sua atmosfera, suas velocidades de translação e rotação, sua composição material, sua diversidade geológica e os seus ciclos biogeoquímicos foram fatores determinantes ao florescimento e à evolução da vida em nosso planeta, independente de sua origem divina ou biológica.

Outra contribuição da ciência para se compreender estas questões foi a idealização do tempo. Segundo Schrödinger (1992), três pensadores destacam-se neste processo: Platão, Kant e Einstein. Platão foi o primeiro filósofo a prefigurar a ideia de existência intemporal e a enfatizá-la, contra a razão, como realidade mais real que nossa experiência. Conforme sua teoria das formas e das ideias, nossa experiência nada mais é que a sombra da existência intemporal. Teoria que privilegia a abstração total, o raciocínio lógico puro, as simetrias e as geometrias numa perspectiva matemática intemporal. Kant também idealizou o espaço e o tempo. O ponto essencial foi formar a ideia que estas “estruturas” – mente ou mundo – podem assumir outras formas que ainda não podemos compreender e que não implicam as noções de tempo e espaço. Portanto, para Kant, existem outras ordens de aparência explicativas além das espaciais e temporais. Nesta perspectiva, ainda segundo Schrödinger, as possibilidades de ocorrência dos eventos guiados pelos processos de causa e efeito podem ser substituídas por alternativas intemporais, nas quais as noções de antes e depois carecem de sentido.

Einstein mostrou que a energia pode ser convertida em matéria e vice-versa, indicando que a mesma é o “alicerce físico fundamental” do universo, num cenário cosmológico que privilegia as estruturas espaço-temporais que se encontram associadas entre si por meio da velocidade da luz.

Schrödinger, também, põe outra questão: “O que poderá existir após a morte?” A experiência forma a convicção que a sobrevivência humana não resiste à destruição do corpo, a cuja vida, como é conhecida, está inseparavelmente ligada. Portanto, nas experiências conhecidas – e que, necessariamente, ocorrem no espaço e no tempo – não há possibilidade de nada ocorrer após a morte. Entretanto, numa ordem de aparência em que o tempo não desempenhe nenhum papel, a noção de depois continua não tendo nenhum significado. Nesta condição não se pode garantir que exista alguma coisa após a morte, mas se podem remover os evidentes obstáculos para que se conceba esta possibilidade.

Neste novo marco epistemológico, as teorias científicas podem potencializar a sustentabilidade plena sem contradições com a possibilidade de sustentabilidade divina.

A possibilidade de extinção da espécie humana devido à desestabilização ecológica do planeta se contrapõe à sua existência divina absoluta. Manter a perenidade da vida no planeta, em todas as suas dimensões, requer uma nova escala de necessidades e de valores dirigida à construção de uma nova relação existencial entre os humanos e a natureza. Uma concepção estética de mundo e de processo civilizatório centrada em estruturas, sistemas e processos sustentáveis.

Neste quadro de referência, a noção de sustentabilidade pode ser aplicada, had hoc, ao Universo e à Terra em suas totalidades, considerando-os como extensões, recíprocas, da existência humana compromissada com nosso futuro comum e num processo coletivo de compartilhamento material e espiritual. Gerando ações históricas que convirjam para a construção de um “ideário cósmico” de desenvolvimento econômico que tenha como foco central o paradigma da sustentabilidade, científico e espiritualizado.

Aspecto singular refere-se à reinvenção dos mitos da imortalidade, do mundo-paraíso, do universo-espetáculo e do mundo-fashion, elementos que movimentam o imaginário deste novo quadro civilizatório. Elementos que, em ordem, têm como referências centrais as religiões, a Amazônia, a ciência e a mercadoria virtual como matrizes de significações simbólicas e que projetam a ecologia como o principal signo da modernidade.

Uma dimensão importante sobre o “papel” da sustentabilidade refere-se à existência de complexas diversidades culturais e biológicas no mundo. A construção de uma unidade política e religiosa que abarque estas diversidades culturais e históricas numa perspectiva sustentável põe-se como um grande desafio para a humanidade.

Entretanto, as condições de operacionalidade da sustentabilidade consideram que a categoria ‘natureza’ é mais ampla e sofisticada que a noção de “meio ambiente”, o que exige novas metodologias para a análise de uma relação do tipo: humanos-natureza-espírito. Esta questão requer a análise crítica da filosofia das religiões, em bases sustentáveis. Num quadro filosófico que abarque a ecologia integral do Papa Francisco e as complexidades amazônicas. A espiritualização da Amazônia, enquanto entidade viva requer analisar as suas relações com os dez pecados capitais e a sustentabilidade.

2. Amazônia, Sustentabilidade e os Dez Pecados Capitais

Religião e sustentabilidade: construindo a ecologia integral

2.1. Amazônia, Sustentabilidade, o Mito da Imortalidade e o Sagrado

Os capítulos anteriores esclareceram a importância geopolítica da Amazônia para a sustentabilidade local e planetária. Esta seção apresenta as suas conexões simbólicas por meio de fragmentos de suas dimensões teológicas, culturais e sociais, numa perspectiva cristã.

Conforme conhecimento dos leitores, as características gerais da Amazônia são surpreendentes e impactantes. Este estudo reafirma que, definitivamente, ela se encontra imbricada ao processo de construção de a vida autenticamente humana e ao futuro sustentável do planeta. Atualmente, a humanidade se desafia por intermédio de uma nova perspectiva social: construir e incorporar programas sustentáveis espiritualizados aos empreendimentos socioeconômicos. A Amazônia tem papel importante neste empreendimento político mundial.

Ainda não existia o pecado. No paraíso, após Deus ter concluído sua obra… “Tomou o homem e o colocou no jardim do Éden, para cultivar o solo e o guardar. Deu-lhe este preceito: ‘Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque no dia em que comeres, morrerás indubitavelmente”. (…). A serpente disse à mulher: “‘É verdade que Deus vós proibiu comer fruto de toda árvore do jardim?’. A mulher respondeu-lhe: ‘Podemos comer fruto das árvores do jardim. Mas para o fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: ‘Vós não comereis dele, nem o tocareis, para que não morrais’.’ ‘Oh, não! – disse novamente a serpente – vós não morrereis! Mas Deus bem sabe que, no dia que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deuses, conhecedores do bem e do mal.’” (Gênesis, 2012).

Possuidores do conhecimento do bem e do mal, Adão e Eva, perderam o segredo divino da vida eterna. Este é um dos principais fundamentos da doutrina do pecado original. Desta matriz ocidental judaico-cristã, tensionada pelas contradições emergentes das confrontações ‘natureza×cultura’ foram construídos vários fundamentos da civilização ocidental. Destaque àquele associado à busca do novo, da inovação, do diferente, do outro. O crescente distanciamento entre as representações materiais próprias da ‘condição humana’ e o estado virtual edênico desdobrou-se numa relação entre humanos e natureza, permeada por condições socioeconômicas degradantes, embora imbricadas aos processos globais. A Amazônia se insere neste estado complexo, que também é movimentado pela ciência e tecnologia. Estado singular, diferente, com existência própria, situada entre o virtual e o real; estado que tem sua matriz simbólica construída no período colonial e que é dotado de um comportamento dual.

Um “mundo fashion” que, com a participação do mercado financeiro, já se encontra impregnado no imaginário da humanidade, e que tem na Amazônia uma das principais referências da pós-modernidade. Sua destruição é uma preocupação mundial.

2.2. Os Dez Pecados Capitais e Amazônia

Uma questão singular refere-se à significação teológica da Amazônia. A cultura judaico-cristã tem uma matriz, uma gênese ou origem do mundo centrada na condição perfeita perdida, o Paraíso. A localização ficcional da árvore da vida, imortalidade, e da árvore da ciência, do bem e do mal, na Amazônia reserva um lugar especial às representações simbólicas mundiais nesta região. Importância que se amplia à medida que os modelos de desenvolvimento econômico baseados no uso depreciativo da natureza entram em colapso. Este cenário é agravado conforme os agentes políticos insistem em transformar o mundo em commodity por meio de um grande mercado financeiro artificializado.

Neste sentido é, também, importante investigar as articulações dos fenômenos religiosos com os processos ideológicos na perspectiva dos fundamentos da sustentabilidade. Este estudo quando situado nos campos da filosofia, sociologia, antropologia, ciências da natureza e tecnologias aplicadas às diferentes concepções de sustentabilidade põe novas abordagens e formas de intervenção na realidade. Valorizam os projetos coletivos e o sentido de pertencimento ao mundo. Esta perspectiva também possibilita identificar os dez pecados capitais perpetuados contra a Amazônia e os seus povos originários.

Por meio de uma abordagem prospectiva, identificam-se a ‘gula’ capitalista pelos recursos naturais da Amazônia acelerando sua destruição irreversível, e a mundialização da ‘luxuria’, potencializada pela crescente erotização no convívio humano e materializada pelo ecoturismo sexual centrado no exótico e em culturas tradicionais. Estes dois pecados originais tem estado muito presentes na Amazônia gerando preconceitos e racismo contra os seus povos.

Destacam-se, também, a ‘avareza’ que se expressa na vontade e no comportamento compulsivo de crescente número de empresários altistas que insistem em transformar as belezas naturais e culturais amazônicas em commodities globais como forma de acelerar a acumulação de seus bens materiais. A ‘ira’ dos governos e políticos estúpidos e ignorantes que não compreendem a complexidade e a importância da Amazônia para a humanidade insistindo em ações e programas que se desdobram em sua destruição ecológica e cultural.

A ‘soberba’ dos atuais colonizadores e seus súditos, destruidores da natureza e construtores do racismo, que sempre consideraram os povos amazônicos como entraves ao desenvolvimento econômico da região. Estes senhores da guerra se comportam como seres superiores aos povos originários. O uso equivocado do conceito de ‘preguiça’ pelos grupos econômicos capitalistas para depreciar a identidade cultural dos seus povos originários e justificar a destruição desta região em nome do desenvolvimento capitalista predatório. A ‘inveja’ de amplos segmentos produtivos do mundo pela não apropriação e compartilhamento da natureza e das culturas desta complexa região. Complementam este portfólio de pecados, a injustiça ambiental, a alienação e o racismo.

A ‘injustiça ambiental’ elimina a diversidade e a natureza provocando as mudanças climáticas e os sofrimentos desnecessários. Sem natureza não há vida e tão pouco as transcendências. A ‘alienação política’ impede um sentimento de acolhimento e compartilhamento pleno colaborando para a construção e o culto da tirania e do fascismo. A alienação potencializa a intolerância, a opressão e a perseguição às pessoas. Finalmente, identifica-se o ‘racismo’ como o décimo pecado capital. A negação do ‘outro’, o mais abominável pecado da humanidade. A segregação física e espiritual de segmentos da humanidade, um sentimento vil e preconceituoso.

Homem de terno e gravata com a mão no rosto

Descrição gerada automaticamente

Portanto, estes dez pecados capitais – avareza, gula, ira, inveja, luxúria, preguiça, soberba, injustiça ambiental, alienação e racismo – e as suas novas versões, têm estado muito presentes na contínua e crescente prática de ilícitos e destruição cultural e ecológica da Amazônia.

Os discursos e propostas para defesa da Amazônia devem se guiar pelos verbos-ação incluir, empreender e preservar que constituem a sua base política associada à sua sustentabilidade centrada nos verbos crer, socializar, compartilhar e transcender que formam a sua base simbólica, e guiada pelos verbos educar, inovar e desenvolver que constituem a sua base material.

Em forma semelhante aos pecados capitais do cristianismo, os ‘pecados’ contra a Amazônia se renovam gerando novas ações e intervenções políticas e científicas que têm intensificado as desigualdades socioeconômicas na região. A ‘purificação’ política dos governantes e dos agentes políticos e econômicos em prol da Amazônia é premente.

Quem salvará a Amazônia? Sua transformação em patrimônio da humanidade é uma forma de protegê-la de sua anunciada destruição e promover o seu desenvolvimento sustentável pleno. As conexões entre ciência, religião, Amazônia e sustentabilidade são dimensões humanas importantes à promoção da vida e da natureza. Papa Francisco reafirma este quadro de referência global por meio da ecologia integral, que reverbera na Amazônia. Esta questão será apresentada na próxima seção que analisará as relações entre a Amazônia, sustentabilidade e as novas utopias do século 21.

Referências: https://www.amazon.com.br/kindle-dbs/entity/author?asin=B0BB3D1DBX

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