A floresta amazônica encerra uma riqueza da ordem de US$ 2,0 quatrilhões apenas levando em conta o valor estimado de suas reservas de água subterrânea em 1.344.201,7 quilômetros quadrados de aquíferos porosos (dado de junho de 2011) existentes. Trata-se de um potencial econômico ainda não precisamente mensurado em sua totalidade. A estimativa, porém, leva em conta estudos empreendidos pela coordenadoria de sustentabilidade ambiental do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A água, como se tem plena consciência, é o recurso mais importante para a sobrevivência humana. No entanto, dada sua escassez na maioria dos continentes, seus estoques mundiais encontram-se em situação crítica.
Além da água, a Amazônia tem reservas de petróleo, gás, ferro, alumínio, manganês, silvinita e outros minerais que, juntas, podem chegar ou até ultrapassar a casa dos US$ 20 trilhões. Adicionalmente, diversos estudos estimam uma capacidade de sequestrar carbono da ordem de US$ 379 bilhões. Isso tudo, claro, se a floresta permanecer de pé, segundo o estudo “Serviços Ambientais como Estratégia para o Desenvolvimento Sustentável na Amazônia Rural”, do pesquisador Philip Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Serviços Ambientais da Amazônia (INCT-Servamb). Por outro lado, só a cobrança por serviços ambientais prestados pelos 219 milhões de hectares de floresta pode atingir US$ 50 bilhões por ano, de acordo com relatório da Universidade de Utrecht, da Holanda.
A Organização das Nações Unidas (ONU) vem estimulando insistentemente o cálculo do valor dos serviços ecossistêmicos. A instituição mantém, desde 2010, o projeto “Economia dos Ecossistemas e Biodiversidade (TEEB, na sigla em inglês)”, reunindo iniciativas voltadas à “Economia Verde”, do Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA). Philip Fearnside defende a tese de que o valor da mata em pé tem o potencial de formar uma base econômica para sustentar a população no interior da região muito melhor do que a economia atual. Ele se baseia nos serviços ambientais que a floresta amazônica fornece aos seres humanos, ou seja, “os benefícios que a sociedade recebe dela a partir das suas funções ecológicas, tais como a manutenção da biodiversidade, o ciclo hidrológico e o armazenamento de carbono, que evita o aquecimento global. O problema é que ninguém paga por estes serviços hoje, mas isto pode mudar”.
Para usá-los como estratégia para o desenvolvimento sustentável na Amazônia, no entanto, seria necessário, segundo o pesquisador, primeiro quantificá-los melhor. Outra área essencial é a negociação de mecanismos institucionais para recompensar os serviços ambientais, inclusive em nível internacional. Ou seja, é preciso criar formas de transformar o valor da floresta em pé no alicerce de uma economia baseada em manter ao invés de destruir este ecossistema. Fearnside avalia que o serviço ambiental mais próximo de poder ser transformado em ganhos econômicos diz respeito à capacidade da floresta de estocar carbono, para evitar o efeito estufa. Os serviços ligados à água e à biodiversidade, igualmente importantes, estão, todavia, menos próximos de gerar fluxos monetários substanciais. A pesquisa, sem muita dificuldade pode, no devido tempo, remover esse ligeiro desnivelamento.
A sociedade local ainda não tem a exata noção dessa valorização econômica da região. Como também, de modo geral, a universidade, os centros de pesquisa e o próprio governo. Impõe-se, com efeito, maior comprometimento, seriedade, competência técnica, organização institucional e, sobretudo, decisão política capaz de promover a governança dos diversos agentes que interagem sobre a complexidade da biodiversidade regional, removendo os descabidos óbices oriundos de questiúnculas políticas paroquiais, anacrônicas e improdutivas.
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2 respostas
Você venderia a Amazônia por 100 mil quatrilhões de dólares? A serem pagos ao longo de vários anos.