Todos os anos, nestes tempos de festejos natalinos, é costume o congraçamento entre as pessoas, troca de presentes, abraços, votos de alegrias, felicidade, paz e saúde. Nos dias que antecedem a magna data e na noite estelar do nascimento do Menino Jesus a sensibilidade aflora em todos os homens crentes no amor de Deus.
Para este Natal – recortado de saudade dos que não consigo abraçar na convivência física, mas acalentado pela certeza de que são estrelas no firmamento e espíritos em aprendizado permanente e sentindo que permanecem presentes em meu interior como essência do ser -, recordei com carinho do jogo de varetas, da bicicleta vermelha, do quebra-cabeça e da bola de futebol dentre os presentes que Papai Noel me concedeu, mas voltei o coração para as muitas crianças apartadas dos pais em razão das guerras mundo afora. E foi em Oséas Martins que encontrei preciosa mensagem que diz da angústia que esses pequeninos devem estar vivendo. Afinal, os poetas, que parecem seres especiais afugentando as dores e as lágrimas, costumam nos presentear com épicos versos que permanecem no tempo. Emocionado, reli “Papai Noel, um menino e a guerra” inserido na obra “Retalhos da minha vida e da de outros também”.
Despertei a alma para ver os pequenos que andam por quase todas as esquinas rogando o pão de cada dia, e, não raro, ali permanecem sem conseguir qualquer agrado nem gesto de atenção. Nos bairros mais distantes há centenas e centenas deles e de famílias clamando por alimento, esperando um teto ou procurando pelo menos uma demonstração de respeito. Se não encontram o pão, como podem sonhar com Natal e Papai Noel?
Ampliei o horizonte dos meus pensamentos para alcançar os hospitais e as casas ditas de repouso nas quais idosos são alojados depois de muitas lutas e invernadas e procurei desvendar os mistérios de suas tristezas e dores da alma. Conclui que não há como desvendá-los. O que pareço saber, passadas tantas luas como diriam nossos ancestrais, é que eles não vivem mais – infelizmente – o desejo de esperar o presente do Noel, mas isso lhes protege da frustação do chinelo vazio ao lado da rede na manhã do Natal, mas não impede a dor da solidão.
Revi as minhas saudades e dei o quanto fui e sou feliz e realizado, afinal, carrego as alegrias de uma infância abençoada, cercada de carinho, alegrias e paz, aurindo conhecimentos e aprendendo com bons exemplos dos pais que se desdobravam para que na humildade de nossa casa nada nos faltasse em tempo algum. De tudo tivemos do que se podia ter, mas o que mais tivemos foi Amor.
Depois de balbuciar a prece bendita que o Pai nos ensinou despertei para o valor essencial da Estrela do Natal que vai chegar com sua luz refulgente a espargir caridade, humildade e fé no simbolismo de anunciar o nascimento de Jesus e encaminhar os reis Magos ao seu encontro na estrebaria de Belém.
Quanta luz há de ter havido na escuridão das terras distantes e desconhecidas pelas quais eles andaram em busca do Salvador!. Desvendar os caminhos para o almejado encontro exigia acompanhar a Estrela e nela confiar como as crianças do nosso tempo creem no Papai Noel e os homens de antanho acreditavam nos profetas, piamente, e tão piamente. No encontro dos reis Magos com Jesus está a demonstração de que a esperança é maior que a descrença e o sofrimento.
Eis então o que foi renovado no mais profundo do meu ser e clamo que permitam que se passe com todos nessa hora sublime: a esperança que vence a descrença e o sofrimento; a fé, que reacende a vida; a caridade, que resplandece a luz; e o sonho de seguir a Estrela do Natal e encontrar Jesus no coração de todos os homens.
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