Manaus, 19 de agosto de 2025

Folguedos de São João

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“Em meio às fogueiras que estão queimando reputações políticas e empresariais, espalhando brasa a mais não puder, escandalizando a Nação em tempos difíceis para a democracia, mas que podem servir ara fortalecer as nossas instituições, como num passe de mágica por entre essa turbulência nacional a cantoria vai ter de mudar. E que começam as festas de São João, por todo o País. 

Vem de longe a dedicação do povo aos festejos folclóricos dessa época dedicados a São João, São Pedro e São Marçal, cada qual com seu dia, orações, cartas promesseiras e forma especial de ser louvado em prosa, verso, fogueira e bastante animação. Com o passar dos anos, entretanto, esses eventos foram mudando de formato e de lugar, mas continuam a representar a nossa melhor tradição popular desde os cordões e as brincadeiras inocentes dos marinheiros com seus brigues, fardas e espadachins com destaque para a “Nau Cata ri neta” e os brigues “Independência” e “Amazonas,” que fizeram sucesso nas ruas e arraiais da velha Manaus.

Não dá para deixar de lembrar das fogueiras na frente das casas, da passagem do boi bumbá Corre-Campo, Mina de Ouro, Tira-Prosa -, entregando a língua do boi para fazer uma farra com a alegria dos brincantes e do público que se aproximava para ver de perto o auto da consagração em cada apresentação. Os comes e bebes não faltavam com aluá, bolo de macaxeira, bolo podre e de milho, pamonha e muito mais, tudo para entreter quem se aproximasse e saudar os santos de estimação.

Tudo mudou. Mas a alegria do povo é a mesma para todos os cantos da cidade, com grupos folclóricos os mais variados que vão do cangaço à dança regional, dos xotes do interior às belas cirandas, das quadrilhas e suas variações mais modernas ao novo boi-bumbá de Manaus que traz para a capital o modelo que os artistas parintinenses posaram para o mundo ver, com muita qualidade e competência artística.

O que mais impressiona, é verdade, é ver a quantidade de jovens envolvidos nessas brincadeiras, fazendo par com a alegria, saudando todos os santos e cantando as modinhas mais antigas e as mais modernas que novos compositores cuidam de oferecer para registro de nosso tempo. E isso se dá em quase todos os municípios pelo Amazonas afora, cada qual com seu tipo especial de folguedo. Na capital já faz mais de 60 anos que os brincantes se reúnem para viver essa emoção, sempre com muita beleza, graça e harmonia em forma de Festival.

A que mais sobressai, pelo estilo e forma que alcançou, é a festa de Parintins com o duelo entre dos bois que não cansam de inovar, colocando ã prova, a cada ano, a genialidade de seus artistas e comissões de arte para fazer em três dias o que todos gostamos de aplaudir, seja azul, seja vermelho, porque o que mais ressalta é a beleza da festa e a grandiloquência do conjunto de bailado, música, som e harmonia, em cenários que se postam como se fosse ópera a céu aberto no meio da selva.

Nada, mas nada mesmo, por mais grandioso que seja, tira o brilho das pequenas brincadeiras dessa época, do menino pequeno que dança quadrilha na escola e da menina que se enfeita com laços de fita, nem das promessas que devemos fazer} seja prá Santo Antônio – quem precisar -, seja para São Marçal, para que a fogueira desses festejos leve para bem longe todo o mal que de nós se aproximar.

Acredite quem quiser, eu faço as minhas promessas.

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