Nesse dia singular de agosto, em alto verão amazônico, em que todos nós, os cidadãos amazonenses, independente de raça, credo, opção sexual e formação acadêmica ou profissional vamos às urnas
para escolher o novo governador do Estado …
…. diante de um quadro político-partidário raro, parece bem oportuno recolher dos fatos mais antigos algumas lições capazes de retemperar o espirito democrático e republicano em todos os que se acham desanimados e falam aos quatro cantos em anular o voto, votar em branco ou se ausentar do processo.
A democracia exige perseverança para seu aperfeiçoamento. Por pior que seja o cenário econômico e social que enfrentamos – e ele é muito grave – estejamos certos de que somente pela escolha livre e democrática e do voto secreto é que poderemos fortalecer as instituições da República e, por meio delas, por caminhos de paz e trabalho, vencer as agruras do subdesenvolvimento e da descrença que abate há muitos.
Em 1892 deu-se um fato que deve servir de exemplo para o valor que devemos dar à democracia, porque naquele ano, tendo sido eleito conforme as regras constitucionais de então, por via indireta pelos membros da Assembleia, Thaumaturgo de Azevedo, engenheiro e militar foi sacado do Palácio por ordens do vice-presidente da República, Floriano Peixoto, com grande mobilização de forças federais para ceder lugar a Eduardo Ribeiro, nomeado por decreto presidencial para o cargo. Ou seja, tirar o eleito para colocar um nomeado, mesmo que, a bem da verdade, Ribeiro tenha sido um grande governador.
Foi em razão de tal “revolução” levada a efeito no dia 14 de janeiro que decorreu o nome do importante bairro da capital, referência na arte popular e na religiosidade da nossa gente. E não foi enganado que Floriano mandou tirar Thaumaturgo. É que este, eleito, ficou a favor de Deodoro quando o marechal fechou o Congresso Nacional, e a conversa de que o povo o havia deposto em movimento popular, pode ter sido só a cortina de fumaça para justificar a vindita política.
Diante dos fatos, um grupo de líderes políticos, militares, jornalistas, empregados públicos e comerciantes, clamou em boletim publicado e distribuído pelas ruas para que os comandantes, oficiais e praças das forças federais sediadas em Manaus não dessem cumprimento à ordem presidencial de deposição do governador, alegando que isso seria “subjugar à vontade de um governo odioso”, devendo dizer que nosso povo “é livre, e como livre prefere morrer a curvar-se ao domínio de estranhos”.
De nada adiantou a conclamação daqueles cidadãos. Outros muitos clamavam ao reverso, exigindo a deposição de Thaumaturgo e posse de Eduardo Ribeiro que voltaria ao poder para realizar uma verdadeira revolução urbana e construtiva que o inscreveria para sempre na nossa história.
O que tínhamos era uma democracia iniciante, incipiente e frágil, um governo federal intervencionista, um povo rebelado com as agruras daquele tempo, e, por isso, a solução para troca de governante foi militar.
Agora, nos dias que correm, está nas mãos de cada eleitor, livremente, decidir nossos destinos.
Votar, hoje, se reveste de’ direito e dever em plena democracia, sem amarras e receios, e certeza de que a vontade da maioria será respeitada. Essa é a regra, o resto é exceção.
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