Desde os tempos mais remotos que o homem tem a compulsão para deixar gravados os registros de seus sentimentos, de suas ideias, de suas aventuras e de suas criações. Primeiro foi na pedra, no interior das cavernas; depois nas mais diversas plataformas: argila, papiro, metal, papel e, hoje, nas redes cibernéticas…
A palavra, traduzida em símbolos e conduzindo pensamentos, foi capaz das maiores proezas e, também, não se negue, quando “mal ditas”, das maiores tragédias. Há poder nas palavras, como já disse o pregador americano Don Gosset. Tanto, ensinava ele, que a energia espiritual da palavra seria capaz de trazer para a vida do indivíduo aquilo que fosse verbalizado. Por isso, devemos ter cuidado não apenas com o que pensamos, mas também com o que falamos ou escrevemos.
Não foi por outro motivo que, ao longo da história, o ofício de escrever e a capacidade de ler, com entendimento, esteve reservada a uma classe especial, os escribas, os sacerdotes, os príncipes… Esteve no centro de projetos de dominação política e religiosa. Os romanos queimaram a Biblioteca de Alexandria. Na Idade Média, livros só nos mosteiros. Os tiranos, em todas as épocas, implantaram a censura e quiseram manter o povo na ignorância. Tempos em que a palavra esteve perdida… Hoje, mesmo, e não precisamos ir tão longe, a sanha inquisitorial e ditatorial de alguns ministros do STF, por exemplo, impede a livre expressão do pensamento daqueles que não comungam de suas visões de mundo.
Sempre houve, todavia, os heróis da resistência. Os escritores e os poetas que mesmo sob o látego da perseguição, do exílio, da tortura e até da morte, insistiram em deixar para seus contemporâneos e para os pósteros a versão não oficial dos fatos e, por isto mesmo, a mais verdadeiras, o que permitiu que a sociedade se instruísse, se inspirasse e alcançasse o discernimento necessário para evoluir do estado de barbárie ao estado de conquista de direitos.
Esses heróis traduziram a Bíblia, quando era proibido traduzir. Eles divulgaram manifestos, que resultaram em revoluções. Eles ajudaram a escrever as constituições, como limites ao absolutismo. Eles cantaram amores e aqueceram corações, quando o ódio vicejava. Eles denunciaram, em prosa e verso, a ocorrência de abusos e mantiveram acesa a chama, em todos os corações, de que dias melhores estavam por vir. Eles, os escritores, os cronistas, os poetas!
Agora, na segunda-feira, dia 25/07, comemora-se o Dia do Escritor. Em Manaus, dentre as muitas festividades promovidas pelas agremiações e movimentos culturais, uma tocou fundo – e não poderia ser diferente – o meu coração: a homenagem que a CASA DO ESCRITOR, projeto lindo, idealizado e erguido pelas mãos operosas, pelo espírito de luz e pela generosidade abrangente do jornalista Rômulo Sena, que a todos quer ver brilhar, prestará aos escritores do Amazonas, entregando aos convidados uma medalha que leva o meu humilde nome…
O que eu poderia dizer? Sou grato. Grato a Deus, revelado pelo Senhor Jesus, que me tem guiado desde a minha mais tenra infância. Ele me deu mais do que eu pedi ou mereci. A Ele toda honra e toda glória. Sou grato aos meus familiares e amigos, especialmente mamãe e papai, pelo esforço que fizeram para me educar, bem como aos meus irmãos. Grato também a esposa e filhos. Sou grato ao Rômulo e aos escritores, que me honram com a adesão ao projeto. E aqui eu lhes faço uma confissão: o que me deixa mais feliz não é lançar um livro novo, de minha autoria, mas ajudar novos escritores a concretizar os seus sonhos. Já fui editor, organizador e prefaciador de centenas de obras, como também ajudei a fundar academias e associações culturais, o que me faz genuinamente feliz. Sempre estive e estou disponível para ver a luz do outro resplandecer, pois acredito, como diz antigo ditado, que quando você acende uma vela, o primeiro a ser iluminado é você. E tudo o que é bom, o que é útil, o que é belo, o que é gostoso, enfim, sempre é feito juntos, em boa companhia. Agradeço a todos pelas flores em vida.
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