Manaus, 26 de outubro de 2025

O IGHA, guardião da memória

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Há poucos dias participei do ciclo de palestras “O apagamento da memória”, promovido pelo Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), por iniciativa oportuna e feliz de seu notável presidente, o amigo e confrade José Braga.

 

Digo oportuna e feliz porque, não fora mesmo o fenômeno do esquecimento, sobretudo pelas massas populares, de episódios e de personagens fundamentais para a construção de nossa identidade histórica, nos momentos que antecederam o encontro, três fatos adjacentes a ele, que exigem esse olhar crítico, estavam em pleno desenvolvimento aqui em nossa cidade.

 

Eu os relaciono, em parágrafo próprio, apenas para efeitos didáticos: a) a questão da Santa Casa de Misericórdia, que depois da vários anos de abandono e de depredação, fou enfim adquirida pelo grupo Fametro, para se tornar, novamente, um hospital, agora também com foco no ensino; b) a destruição da Arte Sacra da Capela do Sameiro, um trabalho maravilhoso produzido pelo artista plástico Nelson Falcão, que foi coberto por tinta branca, uma estupidez,  objeto de nota de repúdio da Academia de Letras, Ciências e Artes  do Amazonas (ALCEAR), a qual presido, bem como de leitura, durante o ciclo de palestras, pelo conferencista Paulo Feitoza; c) e, mais de perto a mim, uma discussão acadêmica saudável que tivemos a respeito de meu patrono no IGHA, frei José dos Santos Inocentes, que foi detratado pelo aventureiro inglês Alfred Russel Wallace, o qual lhe traçou um perfil menor e, com isso, quase conseguiu empanar-lhe os méritos de defensor do Amazonas e do Brasil.

 

Um povo sem memória, como dizia a professora EmiliaViotti da Costa, é um povo sem história, que está fadado a cometer os mesmos erros do passado. Daí a importância da programação levada a cabo pelo IGHA, entidade cultural mais antiga do estado, fundado em 25 de março de 1917, como uma resposta ao tormentosos tempos que vivíamos, de caos econômico, em razão do fim do primeiro ciclo da borracha, alimentado, ainda, pelos reflexos deletérios da Primeira Guerra Mundial.

 

Homens iluminados, livres, patriotas e de bons costumes, quase todos membros da Maçonaria, reagiram e, sob a inspiração de Vivaldo Palma Lima, Bernardo Ramos (primeiro presidente) e Agnello Bittencourt (secretário e, depois, presidente perpétuo), criaram uma casa viva, destinada a promover a guarda da nossa memória e, também, um centro de estudos de nossos problemas, indicando soluções para a construção de um futuro melhor, livre dos  tropeços e dos pesadelos do passado. É isto, no fundo e no fim, que a administração de José Braga resgata. Foram palestrantes Robério Braga, presidente da Academia Amazonense de Letras (AAL), que abriu o evento com magnífica conferência, inclusive resgatando aspectos esquecidos da trajetória do grande Eduardo Ribeiro; Antonia Terezinha dos Santos Amorim, presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP); Sílvio Tavares de Amorim, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Pernambuco (IHGP); Robson Wander Costa Lopes, representante do Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP); Júlio Santos da Silva, membro do IGHA; José Geraldo Xavier dos Anjos, ex-presidente do IGHA; Maza Said Lopes, assessora do Arquivo Público do Estado do Amazonas; Aguinaldo Nascimento Figueiredo, diretor do IGHA; Paulo Fernando de Britto Feitoza, membro do IGHA; Clara Gama Bentes, gerente do Departamento Técnico da Secretaria do Estado de Cultura (SEC); Antonio José Souto Loureiro, ex-presidente do IGHA; Raimundo Pereira Pontes Filho, professor da Ufam; Dysson Teles Alves, diretor geral do Museu Amazônico (Ufam); Marilene Corrêa da Silva Freitas, ex-presidente do IGHA; e Euler Ribeiro, membro do IGHA e reitor da Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade (FUNATI), que fez uma primorosa palestra de encerramento, sob o título “Envelhecimento saudável e preservação da memória: o que aprender com o homem da floresta”. Funcionaram, ainda, na coordenação das mesas, eu próprio, Marcílio Freitas, Pedro Lucas Lindoso, Elson Farias, Hailton Igreja, Rosa Brito e Francisco Gomes, todos membros do IGHA e, este último, seu vice-presidente. 

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