Manaus, 3 de julho de 2025

O País dos homicídios

Compartilhe nas redes:

Desencantou-me a informação de que somos o vencedor na estatística de homicídios. Quando se fala em Brasil campeão, logo se imagina seja no futebol, volibol ou corrupção. Com a seleção do Dunga não existe tal possibilidade, com o vôlei dá pra sonhar, e a corrupção sistêmica preocupa o futuro do país.

O Atlas da Violência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), lançado no mês de março passado, exibiu que o Brasil bateu o recorde do número de homicídios no ano de 2014, com 59.627 óbitos violentos e voluntários, correspondentes a 13% dos assassinatos de todo o mundo. Não estamos em guerra, mas 53% das vítimas são jovens entre 15 e 29 anos de idade.

O mais grave é que o elevado índice de mortalidade da juventude prejudica o desenvolvimento econômico e social, na medida em que se desperdiçam pessoas que poderiam estar incluídas na área produtiva.

Somos o país com o maior número absoluto de mortes violentas, e as causadas por armas de fogo estão em primeiro lugar. Para nossa tristeza, estamos no topo do ranking mundial nesse tipo de crime, e uma das razões é o aumento do comércio de drogas ilícitas e do crime organizado.

A pesquisa foi feita em parceria entre o IPEA e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), com base no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Tal levantamento sugere como necessária uma urgente correção nas políticas de confronto com a bandidagem.

A análise avaliou homicídios por armas de fogo nos Estados, a violência policial e as mortes contra negros, mulheres e jovens. Importante dizer que 76% do total de assassinatos em 2014 foram por armas de fogo.

Há causas notórias que pioram o problema, como a não efetiva aplicação do Estatuto do Desarmamento, e é de lamentar-se o atual esforço parlamentar para suavizá-lo, ao invés de buscar um maior rigorismo no controle das armas letais.

Comprovou-se que o índice de homicídios tem diminuído nas grandes cidades e se agravado no interior, outrora regiões pacificadas, mas hoje desprovidas do suporte de segurança, sobretudo nos Estados do Nordeste. Tal migração para cidades menores demonstra que a boa prática policial sufoca a criminalidade, que busca então locais em que o crime será facilitado pela inexistência de órgãos repressores.

Apesar das dificuldades, verificam-se experiências vitoriosas que decresceu o nível de criminalidade, como Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Rondônia, Mato Grosso do Sul e Paraná.

Houve elevação no número de mortes contra afrodescendentes (18%), aliás, os jovens negros e de baixa escolaridade são as principais vítimas. Contra as mulheres houve acréscimo de mortalidade na ordem de 11% e os Estados do Nordeste mais violentos estão na seguinte ordem: Rio Grande do Norte, Maranhão, Ceará, Bahia, Paraíba e Sergipe.

Cumpre assinalar que o número de mortes poderia ser maior, se não fossem as normas proibitivas do comércio e porte de armas do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/13).

O assunto é grave e precisa ser priorizado para evitar a matança de nossa juventude, antes que a exacerbação da criminalidade se torne indomável. É importante privilegiar com maior investimento a área social e a da segurança pública, com um efetivo trabalho de integração entre as polícias e que se dê a devida primazia aos Serviços de Inteligência.

Views: 18

Compartilhe nas redes:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

COLUNISTAS

COLABORADORES

Abrahim Baze

Alírio Marques