Manaus, 1 de julho de 2025

Reforma política bonitinha mas ordinária

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Esta reforma política que está em andamento na Câmara dos deputados nos evoca a lembrança do inimitável teatrólogo Nelson Rodrigues, quando escreveu a peça teatral chamada “bonitinha mas ordinária” em 1962. O grande autor teatral incorporava na sua criatividade intelectual o pensamento de que a vida é trágica e em  quase os seus trabalhos estava presente o sentimento de tragédia. Na peça “bonitinha mas ordinária”, o autor conta a história na qual o personagem Edgar recebe a proposta do dono da empresa onde trabalha para casar com a filha do dono, que foi estuprada por cinco negros. No fim, descobriu-se que a jovem queria ser estuprada, ou seja, um enredo de tragédia familiar, para confirmar a linha do conteúdo da criatividade teatral de Nelson Rodrigues no sentido de que a vida é trágica. A reforma política que a Câmara Federal está apreciando, e que deverá ser aprovada no plenário, também é uma tragédia para o país e o povo,  da forma que  os “representantes do povo” estão encaminhando para aprovação,  ou seja, é uma reforma bonitinha mas ordinária.

Começa pelo tal distritão, que elimina a possibilidade de renovação da representação do povo no parlamento. Na prática, se forem aprovadas as novas regras eleitorais, os partidos vão trabalhar em benefício dos seus dirigentes e caciques de ficha suja para se reelegerem, e aí teremos o retorno de todos os corruptos pela sua reeleição. Elegerem-se os mais votados fora do esquema da legenda, negativa é reprovável em todos os aspectos, mas vai ganhar a eleição os que têm mais dinheiro para gastar, e já têm nome conhecido bom ou mal, em detrimento de candidatos de ficha limpa, na sua totalidade.  Uma reforma política digna deste nome e não ser “bonitinha mas ordinária”, deveria começar pela redução de 30%  do número de senadores e deputados, redução dos benefícios financeiros da remuneração dos parlamentares, que coloca o Brasil em 2º lugar como o país que tem os políticos mais caros do mundo, só perdendo para os Estados Unidos, que é a maior potência econômica do planeta.

Deixaria a remuneração dos deputados e senadores apenas no valor básico de 33 mil reais, eliminando tudo que representa acréscimo injusto, que eleva os ganhos de um parlamentar a quase 200 mil por mês. A reforma deveria reduzir o número extravagante de partidos políticos, que existem  mais para participar do balcão de negócios da política do que para defender os seus eleitores ou o interesse público. Na cultura política do Brasil,verificamos que não votamos no partido e sim no candidato.

Só quem segue o partido são os eleitores do pt, que votam até nos candidatos de ficha suja. Mas o que é mais trágico da reforma é a verba que estão querendo tirar do bolso do povo e dos impostos que pagamos,  para financiar a campanha dos “bonitinhos mas ordinários” , suas excelências os senhores deputados e senadores, no valor de 3 bilhões e 600 milhões de reais, destinados aos partidos. Já temos o tal fundo partidário no  valor de 819 milhões de reais, neste ano, e no próximo ano a verba a ser usada pelos políticos para estragarem a vida do povo alcança a cifra de bilhões. Este fato nos levará a uma realidade perversa da vida nacional, que é a de que o nosso país está ruim com a qualidade da representação política que temos, mas pode ficar pior também por conta dessa gente de índole patrimonialista. Mas não fica só nisso a tal reforma política, também está em estudo a contribuição às campanhas  políticas, por doadores privados, de forma obscura e sem transparência, ou seja, num esquema de caixa preta, já que o “caixa dois” é ilegal.

Para todas essas tragédias que os políticos tramam contra o povo, é preciso que fiquemos atentos, porque esses  políticos, com exceções, que estão  em Brasília, parece que pensam que  não estão no Brasil, com o desemprego monstruoso de 14 milhões de brasileiros, uma economia destruída com o rombo das contas públicas, pela irresponsabilidade fiscal do governo, imitando na conduta irresponsável o governo anterior,  um presidente de conduta cínica que reúne em altas horas nos porões do palácio onde mora,  para tratar de corrupção com empresário corruptor, enfim uma tragédia nacional que lembra o enredo da peça bonitinha mas ordinária do saudoso Nelson Rodrigues.

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