“Orador bem formado, foi guindado a essa condição no Instituto Histórico atuando com eficiência e reconhecidos méritos.
Em que pese Vivaldo Lima tenha tido vida de múltipla contribuição às letras, às ciências ao magistério e à política no Amazonas, facetas que carecem de estudo mais àprofundado a demonstrar o papel por ele exercido em meio a grupo seleto de personalidades bem formadas, foi como idealizador do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas que escolhi tratá-lo na pequena memória para os oitenta anos do Silogeu.
Baiano de Salvador, portanto, soteropolitano, de 10 de abril de 1877, Vivaldo formou-se primeiro em medicina na tradicional Escola da Bahia em 1899, na qual também concluiu a graduação em cirurgião-dentista e depois em farmacêutico, alcançando, portanto, a tríade da área da saúde. Essa formação, por certo, permitiu o magistério em Física, Química e Eletricidade, mas o seu valor pessoal o fez exceder em cátedras de História, Geográfica, Francês, Árabe e Japonês, seja na terra de seu nascimento como no Amazonas, no qual chegou em 1902.
Dos oito filhos, todos ganharam posição política, profissional e social de destaque na medicina, na advocacia, no magistério, na política e na engenharia. Sua formação jurídica foi em Manaus na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais da Universidade Livre de Manáos, e seu papel na imprensa de combate político também se efetivou na capital amazonense, seja no jornal Tribuna Popular, órgão do Partido Trabalhista Amazonense e ao lado de Lourenço da Silva Braga, Antônio Vasconcellos e Luiz Tirelly, ou nos periódicos Commercio do Amazonas, Jornal do Commercio, A Imprensa, Estado do Amazonas e O Dia, embora se registre que também atuou em jornais de circulação na Bahia. Outras facetas de sua vida profícua poderiam ser traçadas, inclusive a desportista, mas estaria bem cabida em prolongado estudo que deverá ser apresentado por pesquisador apurado.
Na Academia de Letras ingressou somente em 1938, quando poderia ter estado no grupo de fundação, em 1918. Enveredando pela política foi prefeito de Manaus, nomeado em 1923, deputado estadual constituinte em 1934, deputado federal em 1947, falecendo no exercício do mandato, em 23 de novembro de 1949. Na agonia da queda da borracha que se arrastava pelo menos desde 1911, ficando ainda mais aguda a partir de 1914 com a Guerra Mundial, e a cidade de Manaus sendo esvaziada de figuras de proa de sua economia, política, medicina e magistério, aproveitando as relações pessoais com o também baiano Pedro Bacelar que chegara ao governo do Estado, Viva Ido Lima, nos primeiros dias de 1917, cogitou da criação do Instituto Histórico reunindo em derredor do ideal grande grupo de maçons eméritos, dentre os quais o ex-governador
Antônio Bittencourt, o cientista Bernardo Ramos, o professor e geógrafo Agnello Bittencourt, o jornalista Miranda Simões. Agnello propôs o nome a privilegiar a Geografia antes que a História, por isso o nome se fixou como Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, diverso do que sucede na esmagadora maioria das instituições congêneres.
Vivaldo tomou todas as iniciativas para este fim. Animou um grupo de intelectuais em derredor da ideia e conseguiu fazê-la prosperar, porque pouco depois Adriano Jorge proporia a lei de utilidade pública, o governador Bacellar daria sede própria para entidade, Bernardo Ramos conquistaria acervos relevantes, e assim seguiria superando dificuldades e impondo-se na sociedade.
Vivaldo Lima exprimia-se com eloquência própria daqueles anos. Orador bem formado, de origem mesmo da Bahia, foi guindado a essa condição no Instituto Histórico atuando com eficiência e reconhecidos méritos por vários anos com o título de Orador Perpétuo, anos depois sucedido por Rodolpho Valle, Newton Sabbá Guimarães, Robério Braga, Max Carpenthier, José Barros de Carvalho, dentre outros.
‘Memória Histórica depositada pelo autor no Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas por ocasião dos festejos dos seus 80 anos de fundação, em 25 de março de 1997.
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