Manaus, 22 de novembro de 2024

Respeitando as Tradições

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Numa época em que há uma preocupação, às vezes exagerada, em ser politicamente correto, tenho observado as letras de cantigas para criancinhas. Algumas, de fato, são  dramáticas. Outras chegam a ser um tanto quanto catastróficas. Muitas metem medo. Todos nós, contudo, sobrevivemos a tudo isso sem maiores traumas.

Vejamos algumas delas. Numa famosa cantiga o cravo briga com a rosa, debaixo de uma sacada. Sai ferido e a rosa despedaçada. Depois ficou doente e teve um desmaio. A rosa pôs-se a chorar. Que drama!

Há uma outra em que Samba Lelê fica doente, com a cabeça quebrada e ainda leva umas boas palmadas. Chega-se a ficar  com pena da pobre  Samba Lelê.

Nesse interim,  um soldado com cabeça de papel marchava enquanto o quartel pegava fogo. Alguém ia ao Tororó beber água e não achava. Nessa confusão toda a canoa virou. Por causa da Maria que não soube remar. E sempre tem boi na linha ou nas músicas.
Os bois quando não tem cara preta para assustar a meninada, resolvem morrer. O boi morreu e mandaram buscar outro no Piauí!

Será que o Piauí também é a  terra do Tutu Marambá? Ser perigosíssimo a ponto de fazer qualquer pai um homicida. Que ele  não venha mais cá, senão o pai do menino manda mata-lo. E por falar em seres que metem medo, não há ninguém mais famoso que uma tal de Cuca.  Durma neném, senão a Cuca logo vem. E o Bicho papão? Esse aí então! Fica em cima do telhado. E não deixa menino dormir sossegado. Com certeza!

Quem acha que a “música sertaneja de sofrência” é coisa da atualidade está muito engando. Vejam só a letra da famosa  Ciranda Cirandinha: Ciranda, cirandinha vamos todos cirandar! /Vamos dar a meia volta / Volta e meia vamos dar. / O anel que tu me deste./Era vidro e se quebrou /O amor que tu me tinhas /
Era pouco e se acabou.

Talvez a mais dramática e insensível dessas músicas seja o “Pau no gato”. Pode o berro do gato taxar essas canções de politicamente incorretas? O termo é usado para evitar uso de expressões consideradas excludentes, preconceituosas ou ofensivas a grupos considerados desfavorecidos. Não é o caso dessas cantigas populares. Há quem advogue mudar a letra de algumas dessas músicas. Não concordo.  Outros acham que se pode usar rock, pagode ou sertanejo em festa junina. Bobagem. Vamos respeitar as tradições.

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