Manaus, 19 de setembro de 2024

Quase seco, o lago do Canaçary, poupa os navegantes, de grandes ondas formadas por tempestades

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*Raimundo Silva

Quando o lago do Canaçary tinha água abundante e volumosa, com amigos, fizemos uma viagem navegando nas águas do grande lago amazônico na direção da praia de Silves. Ocorre que a atual quantidade de água no lago do Canaçary, está muito abaixo do nível de profundidade normal. Esse lago é um dos maiores da bacia amazônica. Silves é uma cidade-ilha, vizinha de Itacoatiara. É um dos pontos de destino turístico mais paradisíacos da Amazônia brasileira. Silves tem 360 anos de idade, sendo uma das cidades mais antigas do Brasil. Não pode crescer territorialmente porque os seus limites se situam no tamanho da ilha. Silves tem o nome originário de Portugal, que tem uma cidade com esse nome no distrito de Faro, na região de Algarve, assim como aconteceu com os nomes dados a outras cidades brasileiras.

Quando falo em Silves, lembro-me do grande filho da terra, o saudoso juiz e professor Waldir Garcia, de tradicional família silvense, que foi meu professor na Escola Técnica de Manaus, no curso profissionalizante de aprendizes artífices, no nível ginasial, conforme a denominação antiga, da organização pedagógica do ensino público. Nunca esqueci, de que fui eleito por unanimidade, pelos colegas da minha turma de concludentes do curso, para ser o orador na solenidade de formatura, mas a minha mãe não tinha condições financeiras para comprar o termo e sapato que eu usaria na solenidade.

Os colegas foram ao professor Waldir Garcia, que era o diretor da escola no momento, e ele comprou o traje de passeio completo, com verba do orçamento da escola, e eu fui à formatura todo bonito, com o terno dado pela escola. Foi a primeira vez que usei um paletó e gravata, com 17 anos de idade. Portanto, toda vez que vou à bela cidade de Silves, lembro do meu querido e saudoso professor, que depois virou meu amigo, o valoroso e grande ser humano, filho de Silves, Waldyr Garcia. Ele tinha um amor imensurável pela sua cidade onde nasceu. Amor pela sua cidade, igual à infinitude do amor que o saudoso e querido professor tinha por Silves, em tamanho, só conheço o que o grande historiador Francisco Gomes tem pela nossa cidade de Itacoatiara. Apesar de amar muito o lugar onde nasci, não consigo chegar ao volume de amor que o nosso historiador tem pela nossa terra. Mas volto à vazante dos rios e lagos, para nós, viventes da região, assustadora, porque não tínhamos visto antes algo parecido.

A natureza parece não perdoar os que a maltratam, e lhe causam danos ambientais, mas outros que cuidam dela, com proteção e amor ao meio ambiente, não merecem os danos que lhes inflige a natureza enraivecida. Os dias atuais são tenebrosos nessa travessia das desastrosas condições climáticas, como se o mundo estivesse perto do fim, e a natureza nos estivesse e concedendo antecipações da finitude.

*Juiz do trabalho aposentado. Professor da Faculdade de Direito da UFAM, aposentado. Mestre em direito pela UFPE, Advogado militante e Membro da Academia Itacoatiarense de Letras

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Uma resposta

  1. Maravilha, meu querido conterrâneo e amigo.
    Vc fecha o “ano velho” de 2023 com esse maravilhoso texto sobre o Lago do Canaçary, um dos símbolos da grandeza ‘ecofluvial’ da Amazônia. Nossos leitores e leitoras o saúdam, manifestando a alegria de tê-lo como “um dos nossos” – vc que é um homem preparado, cortês e altamente comunicativo. De minha parte, honrado e feliz, comemoro o seu retorno a este “recanto cultural e informativo”, o Blog do seu contemporâneo e admirador. Espero que não nos deixe mais, não seja movido pela” tentação” de perder o nosso aconchego (Rsss). Bem vindo, meu irmão!

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