Há pessoas que são apaixonados por números. Para esses recomendo o livro O homem que calculava. De Malba Tahan. Eu até gosto dos números. Mas a minha paixão são mesmo as palavras. Gosto de analisá-las. Tanto na Etimologia como na Morfologia. E claro, palavras formam frases. Ou versos, que formam poemas. E por fim, os livros, uma das minhas grandes alegrias nessa vida.
As palavras pertencem a uma língua. Tenho o privilégio da falar e conhecer algumas além do Português. No Português elas são mais doces. Idioma materno em que ouvi as cantigas de ninar da boca de minha mãe, de minhas avós, tias e babás.
A Língua Italiana, que aprendi ainda adolescente, é muito sonora. O Francês também é um idioma lindo. As canções em Francês são especiais nas vozes de Aznavour e Edith Piaf.
A vida me fez estudar o Inglês com mais afinco. Eu gosto de me comunicar na Língua de Shakespeare, Poe e Walt Whitman. Depois do Português é a língua que mais conheço. E como é difícil ter proficiência e competência em qualquer idioma!
Observo as mudanças. As línguas mudam no tempo e no espaço. O Inglês falado em Ohio, nos Estados Unidos, nos anos setenta quando eu fiz intercâmbio é diferente do falado nos filmes e ‘lives” da internet de nossos dias.
E o nosso Português também sofre mudanças. Algumas questionáveis que não passam, no meu sentir, de modismos sem qualquer propósito. Como a tal linguagem neutra. Acredito que não vai “pegar”. Simplesmente porque não nasceu da boca do povão. É o que penso.
Outro dia, fui instado a falar sobre literatura para um simpático grupo de estudantes. Havia mais moças que rapazes. Comecei cumprimentando-os. Bom dia a todos!. Fiz uma pequena pausa. E ouvi, bem baixinho: todos e todas!
Era o que eu precisava para começar minha fala. Aprendi com dona Osmarina, minha professora de Português em Brasília, que todos nesse caso se referia a todos, independentemente de sexo ou orientação sexual. E que todos e todas seriam um pleonasmo. E essa coisa de linguagem neutra, como disse e repito, vai passar. No Português há palavras neutras como criança por exemplo. Ninguém diz o criança para meninos e a criança para meninas. Podemos citar muitos outros exemplos. Essa discussão é infinita e não cabe numa simples crônica. Reconheço, entretanto, que usar o Português corretamente é mais difícil para as mulheres. Agradecer, por exemplo. Homens devem dizer obrigado. Mulheres obrigada. Há mulheres que agradecem errado. Não foram alunas de dona Osmarina. Como disse Shakespeare em Hamlet: “words, words, words”. Palavras, palavras, palavras.
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