Manaus, 19 de agosto de 2025

Inovação e sustentabilidade: o novo paradigma de gestão da Amazônia

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*Nelson Azevedo

“A adoção de práticas sustentáveis e inovadoras é o caminho a seguir, garantindo que a Amazônia continue a ser um tesouro nacional e global, tanto pela sua riqueza natural quanto pela sua contribuição econômica.” 

No coração da Amazônia, uma revolução econômica sustentável está a caminho, desafiando as práticas tradicionais ou inadequadas à manutenção da floresta em pé, a única garantia de geração de recursos hídricos para fortalecer o agronegócio do Centro Oeste. É preciso estabelecer critérios de sustentabilidade para a formatação de um novo paradigma de desenvolvimento. A bioeconomia surge como um farol de inovação, prometendo não apenas preservar a biodiversidade única da região, mas também gerar riqueza de maneira equilibrada e sustentável. Vamos argumentar aqui como a sustentabilidade pode ser o critério definidor para a gestão futura da Amazônia, equilibrando as necessidades socioeconômicas com a preservação ambiental.

Desafios atuais e a necessidade de inovação

O agronegócio tem sido uma força motriz na economia brasileira, mas a sua expansão na Amazônia muitas vezes vem com o alto preço da destruição ambiental. A fronteira agrícola avança, desmatando vastas áreas para a pecuária e a monocultura, comprometendo a biodiversidade e exacerbando as mudanças climáticas. Contudo, o modelo atual mostra sinais de esgotamento, principalmente em função da crise climática onde a redução dos recursos hídricos remete à necessidade de reinvenção, um fato cada dia mais evidente.

A proposta da Bioeconomia

bioeconomia oferece um caminho promissor, fundamentado no aproveitamento sustentável dos recursos naturais da Amazônia. Imagine um cenário onde produtos como costelas de tambaqui, polpas de açaí, cogumelos amazônicos e cosméticos anti-rugas, para dar alguns exemplos, produzidos através do manejo nanobiotecnológico, não apenas têm valor comercial elevado mas também incentivam a conservação da floresta. Esses produtos, derivados de uma economia que respeita os ciclos naturais, podem oferecer renda substancial para as comunidades locais, reduzindo a pressão sobre a terra e promovendo a biodiversidade.

Superando divisões pelo bem comum

Frequentemente, o debate entre os defensores do agronegócio e seus críticos se perde em detalhes, ignorando o vasto terreno comum que compartilham. A necessidade de sustentabilidade e inovação une todas as partes, e reconhecê-la como um objetivo comum pode abrir caminhos para soluções criativas que beneficiem tanto a economia quanto o meio ambiente. De um lado, as empresas que são acusadas de desmatamento perdem mercado e credibilidade. De outro, os avanços tecnológicos do Centro-Oeste mostram que não precisa desmatar para incrementar a produtividade.

Tecnologia e inovação como chave para a sustentabilidade

tecnologia desempenha um papel crucial na transição para uma bioeconomia na Amazônia. A aquicultura, por exemplo, demonstra como a inovação pode aumentar drasticamente a produção de proteína de forma sustentável, sem necessidade de desmatamento ou degradação ambiental. Da mesma forma, a integração de lavoura, pecuária e floresta, um modelo desenvolvido pela Embrapa, mostra que é possível harmonizar produção agrícola, pecuária e conservação florestal. Os resultados não param de se apresentar em múltiplas formatações. A Embrapa, orgulho da pesquisa e desenvolvimento do país não cessa de consignar saídas.

Rumo a uma nova ordem econômica

O desafio é imenso, mas a oportunidade é ainda maior. A criação de uma nova ordem econômica na Amazônia, baseada em conhecimento, inovação e sustentabilidade, pode definir um novo caminho para o desenvolvimento. Esse modelo não só garantiria a conservação da floresta e de sua biodiversidade única, mas também promoveria a prosperidade e a sustentabilidade socioambiental para as gerações futuras. No fim das contas, ganha a floresta, ganha as populações ribeirinhas e as etnias tradicionais e o Brasil tem chance de afirmar sua liderança mundial em sustentabilidade.

Diversificação do Polo Industrial de Manaus 

bioeconomia na Amazônia representa mais do que uma alternativa econômica; é uma visão para o futuro, onde a economia e o meio ambiente não apenas coexistem, mas se reforçam mutuamente. A adoção de práticas sustentáveis e inovadoras é o caminho a seguir, garantindo que a Amazônia continue a ser um tesouro nacional e global, tanto pela sua riqueza natural quanto pela sua contribuição econômica.

De quebra, é importante destacar que a inserção da Zona Franca de Manaus na Reforma Tributária resultou no compromisso federal de investir na interiorização e regionalização do desenvolvimento através do Fundo de Sustentabilidade que permitirá, exatamente, a consagração da Bioeconomia como fator de diversificação, adensamento e expansão do polo industrial de Manaus na direção inteligente do aproveitamento sustentável de nosso banco genético.

*Economista, empresário e presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, Conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM.

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