Manaus, 16 de abril de 2025

Presentes de aniversário

Compartilhe nas redes:

Andei catando informações esparsas em jornais editados e que circulavam em Manaus em pleno período da “belle époque” (1880-1913), a respeito dos presentes que, costumeiramente, eram oferecidos em datas de aniversário ou festejos especiais de casamento, estes que se realizavam no civil e no religioso, de forma separada, sendo que pela manhã o consórcio se dava em uma das salas do térreo do prédio do Tribunal de Justiça, na Avenida de Eduardo Ribeiro e, pela tarde, na igreja de Nossa Senhora da Conceição, sempre com todas as pompas.

Outros eram levados a efeito nas casas de residência dos pais da noiva, dependendo do grupo seleto que iria ser reunido para as comemorações e, neste caso, apenas o casamento civil, na presença do juiz encarregado do feito.

Dentre as muitas referências que anotei, escolhi, desta feita, a indicação daquelas “pequenas lembranças” que foram oferecidas ao Capitão Ernesto Carlos Cézar, homem elegante e de influência social, quando de seu natalício, as quais servem para dar uma ideia ao nosso leitor de como era requintada a parte mais abastada da sociedade da época, como esbanjava o dinheiro oriundo da exportação da borracha e qual era a maneira como viviam os mais ricos e quais os gostos mais sofisticados.

Ernesto era militar do Exército Brasileiro, que chegou ao posto de tenente em 1898, serviu em Manaus, foi vice-presidente da Liga da Defesa Nacional, em Fortaleza (1922), como coronel comandou a 8ª. Brigada de Infantaria Motorizada e, anos mais tarde, se notabilizou na Campanha do Brasil na Itália, em plena Segunda Grande Guerra Mundial.

As notícias de jornal costumavam ser detalhadas a respeito desses assuntos natalícios, seja por ostentação dos que presenteavam ou por requinte dos presenteados, seja por falta de matéria mais interessante, não sendo possível saber ao certo por qual razão gostavam de descrever as festas, os presentes e os banquetes que ocupavam o cotidiano da sociedade da época em que capitão Ernesto serviu em Manaus, mas quase sempre omitiam o nome das mulheres presentes, preferindo referir “senhora (do) fulano de tal” .

E foi em uma destas festas natalícias que Ernesto recebeu, dentre outras, as seguintes lembranças dignas de nota: um cartão de prata, com monograma e inscrições em ouro, colocado em estojo de seda; uma pulseira em ouro, com esmeraldas e brilhantes; um anel com safira e brilhantes; uma carteira de bolso com incrustações em ouro; uma caneta de ouro, disposta em estojo de pelúcia; um centro de mesa de cristal preto.

Isto, para um jovem oficial em início de carreira no Exército, imagine o leitor como deveriam proceder quando o aniversariante fosse um deputado, senador, governador, um chefe de partido político os quais eram e sempre são rodeados de “mimos” os mais caros, como ainda deve acontecer, pena que a imprensa não mais se interesse por esses “primorosos” detalhes, talvez porque tenha saído de moda anunciar coisas dessa natureza.

Nos últimos tempos e só por interesse menor da politicalha, o que se viu foram notícias a respeito de tucumã e dominó sendo levados para a agradar ao cacique.

Views: 2

Compartilhe nas redes:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

COLUNISTAS

COLABORADORES

Abrahim Baze

Alírio Marques