Ciência

Vultos da Medicina Amazonense

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*Aristóteles Comte de Alencar Filho

Os 100 primeiros médicos inscritos no Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas

Continuação …

Doutor Romualdo era médico cirurgião. Foi Presidente do Conselho Regional de Medicina do Amazonas.

Propaganda do Doutor Romualdo Seixas no Jornal do Commercio em 2 de abril de 1957. Anuncia duas especialidades: Cirurgia Geral e Urologia. Fonte: Biblioteca Nacional.

Após especializar-se em Cirurgia Geral no Serviço do Doutor Fernando Paulino e na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, Doutor Arlindo Frota retornou para Manaus em 1946. Foi diretor do Hospital Beatrice Berg, Fundou a Liga Amazonense Contra o Câncer em 1952, foi diretor do Serviço de Socorro de Urgência, situado na Avenida Joaquim Nabuco. Foi Diretor Clínico, durante 8 anos, da Beneficente Portuguesa do Amazonas. Em 1964, fundou o Pronto-Socorro São José, que centralizava a maioria dos casos de urgência e emergência da cidade. Em 1968, fundou o Hospital São José, atual Hospital da Unimed Manaus. Em 1976, fundou a Casa de Saúde Santa Úrsula.

Membro fundador da Academia Amazonense de Medicina.

Participou da fundação do Curso de Medicina da Universidade do Amazonas em 1966, onde lecionou Biofísica e posteriormente Clínica Cirúrgica. Lecionou no Instituto de Educação do Amazonas durante 9 anos.

Doutor Arlindo Frota foi Professor de Anatomia na Escola de Enfermagem de Manaus, Membro Fundador da Associação Médica do Amazonas e da Academia Amazonense de Medicina. Presidiu interinamente o Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas.

Doutor Arlindo Frota, em 18 de outubro de 2001, recebendo das mãos do Doutor Jesus Pinheiro, a homenagem referente ao Cinquentenário da Associação Médica do Amazonas (AMA), da qual foi sócio fundador. Ao fundo, doutor Carlos Alberto Urtiga, ex-Presidente da AMA. Acervo do autor.

Comendador José Cruz e o Doutor Arlindo Frota no centro cirúrgico da Beneficente Portuguesa em,1973. Fonte: Abrahim Baze [1]

Em entrevista, no ano de 1994, à jornalista Ana Célia Ossame, responsável pelo Jornal do CRM-AM, na gestão então Presidente, o cirurgião geral Doutor Jorge Alberto Mendonça, Doutor Arlindo Frota relatou particularidades de sua vida pessoal e profissional. Era do tempo em que o cirurgião era chamado de “Operador” e não contava com recursos tecnológicos modernos. Era apaixonado por Matemática, e foi estudar engenharia em São Paulo, em 1937, mas sua vocação para a medicina não o deixou ir muito longe. Natural do município de Benjamin Constant, foi um dos pioneiros na moderna medicina do Amazonas. Quando começou a trabalhar em Manaus, só havia dez médicos no Amazonas, dos quais dois em, apenas eram cirurgiões: Doutor João Veiga e Doutor Waldir Vieiralves. Só existiam dois hospitais, a Santa Casa de Misericórdia e a Beneficente Portuguesa, que possuíam laboratório e serviço de radiologia. Quando surgiam as complicações tinham que contar com a intuição profissional e a experiência, pois não havia equipamentos mais sofisticados. Doutor Arlindo falou sobre as diferenças na formação dos médicos antigos e dos mais modernos. Os antigos tinham uma formação mais completa e podiam atender a todas as enfermidades. A especialização limitou muito essa atuação do médico. Perguntado sobre o caso que mais o marcou, citou o caso de um garoto que foi esfaqueado em uma briga, próximo ao coração. “Chegou ao hospital mergulhado num mar de sangue. Abri o pericárdio e suturei o coração e pude assim, paralisar o sangramento. Foi uma cirurgia delicada, pois era um caso fatal”. Àquela altura da sua vida profissional e com 75 anos de idade, Doutor Arlindo já atendia gerações de clientes; avós, pais, filhos e netos. Não operava mais e fazia apenas atendimentos clínicos durante 6 horas por dia. Para manter sua vida saudável, não aparentado seus 75 anos de idade, Doutor Arlindo referiu que sempre acordou cedo, fazia exercícios físicos e dieta que evitasse o consumo de gorduras e sempre trabalhando. ^[9]

É Patrono da Cadeira n.^o 20 da Academia Amazonense de Medicina. Doutor Arlindo Frota faleceu em Manaus, em 5 de maio de 2005.

Doutor Clóvis Frota⁴ nasceu em 1932, e aos 13 anos de idade foi para o Rio de Janeiro para estudar no Colégio Bittencourt Silva. Ficou morando em Niterói, em uma casa de família que hospedava estudantes. Geralmente passava as suas férias escolares em Manaus e, posteriormente, voltava para o Rio de Janeiro. Só retornou em definitivo para Manaus depois de sua formatura em Medicina. Em uma das vezes que veio passar férias em Manaus, quebrou a perna direita, sofrendo uma fratura exposta, ao cair de um telhado enquanto soltava papagaio (pipa de papel). Devido a esse acidente doméstico, precisou ficar um ano em Manaus para sua completa recuperação.

Retornando ao Rio de Janeiro, no 5.^oano de medicina, trabalhou em um hospital particular no bairro de Botafogo, chamado Casa de Saúde São Miguel. Aos 25 anos, voltou definitivamente para Manaus, já formado pela Faculdade Fluminense de Medicina, com especialização em Ginecologia e Obstetrícia.

Quando chegou a Manaus, seu irmão mais velho e médico, Doutor Arlindo Frota, o levou para uma reunião com o Doutor Plínio Coelho que era o Governador do Estado. Na oportunidade, foi contratado para trabalhar no S.S.U (Serviço de Socorro de Urgência), que era o principal Pronto-Socorro da cidade, e ficava na Avenida Joaquim Nabuco.

Nessa ocasião, solicitou ao Governador que contratasse dois amigos médicos, que haviam estudado com ele no Rio de Janeiro: Doutores Jacob Cohen Assayag e José Pedro Seffair.

Em 1958, participou do grupo de médicos liderados pelo Doutor Oswaldo Gesta que se reunidos para criar o Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CREMAM). Ocupou o cargo de 1.° Secretário na gestão do Doutor Walter Góes, no período de 1/10/1966 a 3/10/1969. Doutor Clóvis também ocupou cargos na Diretoria da Associação Médica do Amazonas.

DOUTOR CLOVIS FROTA E SUA FAMÍLIA: Clóvis Júnior, Juliana Frota, Márcio Frota (filhos); sua esposa Sra. Milza Frota e na imagem ao lado, sua neta Isadora Frota Hage, médica. Acervo da família.

Nenhum dos três filhos do Doutor Clóvis optaram por seguir a reira do pai, no entanto, sua neta Isadora Frota Hage está concluindo curso de Medicina, que é motivo de orgulho do avô.

Doutor Clóvis Smith Frota, nos seus 91 anos de existência, esbanja saúde e possui uma memória prodigiosa. Na recente pandemia da Covid-19, todos seus familiares foram acometidos, e ele foi a única exceção. Homenagens a esse profissional competente que sempre tratou pacientes com educação e dignidade.

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4 Os dados biográficos, assim como as fotografias, foram cedidas por sua filha, a Arquiteta Juliana Frota, dessa forma o texto ficará o mais próximo possível do que foi fornecido.