Quando menino tive medo do Curupira. Hoje ele um herói para mim. Esse simpático e controvertido ser mitológico, habitante da floresta amazônica, protege as plantas e os animais dos caçadores. Para evitar caça ou derrubada de árvores de forma predatória, o Curupira faz as pessoas se perderem na mata.
Ele tem os pés invertidos. Sempre confundiu os caçadores e predadores. Hoje é o terror de pessoas que usam motosserras para desmatamentos ilegais.
Quando soubemos que o Curupira foi escolhido como mascote da COP30, com seus cabelos de fogo e os pés voltados para trás, tive a certeza de que vai representar mais do que uma figura lendária: ele é símbolo da proteção, da resistência e do respeito à natureza.
Na nossa cultura, o Curupira é aquele que defende as árvores, os animais e os rios. Ele não fala, mas seu silêncio é um grito de alerta.
O Curupira representa um chamado à consciência de todos os povos, de que a floresta, nossa fonte de vida, precisa de vigilância e amor. Afinal, qual melhor símbolo para uma conferência que visa salvar o clima do que um protetor que vive na essência da Amazônia.
Ao escolher o Curupira, a organização do evento mostra que quer um resgate da nossa identidade e uma homenagem aos nossos heróis invisíveis. É uma esperança de que a luta não seja apenas de cientistas e políticos, mas de todos nós, que carregamos a floresta em nossas raízes.
Se o Curupira pudesse falar, talvez dissesse: “Não deixe que minha casa se perca. Proteja o verde, preserve a vida.” E, neste momento, ele não é mais apenas uma lenda, mas um símbolo vivo de resistência e esperança. Que sua figura inspire ações concretas, que a sua coragem nos lembre que, juntos, podemos virar o jogo e garantir um futuro mais justo e sustentável para as próximas gerações.
Porque, no fundo, o que o Curupira nos ensina é que proteger a natureza é proteger a nós mesmos. É manter viva a esperança de um planeta equilibrado, de florestas preservadas e de vidas respeitadas. E, na COP30, essa mensagem ecoa forte e clara, como os passos voltados para trás do guardião, que nos chama à atenção para aquilo que realmente importa: nossa casa comum, a Terra.
Que o Curupira, símbolo da resistência e da esperança, nos inspire preservar o que há de mais precioso: a vida em toda sua diversidade e beleza. A ideia de escolher o curupira como mascote é genial. Como genial ð o próprio curupira.
*Bacharel em Direito. Membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas e da Academia de Ciências e Letras Jurídicas do Amazonas.
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