Manaus, 22 de novembro de 2024

Continente flutuante

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O ser humano ainda não se deu conta de que está desafiando a Natureza diariamente, visto que os projetos das instituições ainda não foram capazes de despertar uma consciência ambiental na sociedade que a levasse a desenvolver uma atitude cidadã diante da destruição  de nossa casa. É muito difícil mudar hábitos que já estão arraigados, especialmente, quando o exemplo vem dos políticos. No entanto é necessária vontade política para sensibilizar as crianças, começando pela escola.

As inversões climáticas são provas suficientes de que a ação do homem já degradou  parte  do ambiente – será que a outra metade está intacta? -, que estava em equilíbrio, em uma velocidade estonteante. E em uma cadeia natural, vamos perdendo tudo o que estava em pé, trazendo prejuízos a nós mesmos e a todo ser vivente que ainda se abriga em Gaia. A aldeia global foi concebida, segundo o teórico da comunicação Marshall McLuhan,  não somente com o intuito de encurtar as distâncias…

Mesmo com o aumento considerável de contingente do exército verde, ainda falta muito para sensibilizar governos e populações sobre a questão. O futurista Alvin Toffler ao abordar temas sobre as transformações tecnológicas  e das comunicações não previu que a revolução digital baixasse a pressão mundial sobre as florestas, por causa da celulose. Sem dúvidas, seu papel como formador de opinião foi fato importante na defesa da ecologia, mas ainda continuam derrubando as florestas.

Na sociedade capitalista  grande parte do que consumimos é descartável. Ainda não foi criada uma cultura do reaproveitamento de materiais. E o planeta começa a respirar com dificuldades comprometendo uma das funções vitais da anatomia planetária  que é o mar, considerado o pulmão do planeta azul. A Amazônia é o rim, onde são filtradas todas as impurezas do mundo…  Nosso rio deságua no mar e o  Igarapé de Manaus, contribui com a morte da vida, no canto plangente do poeta Alcides Werk:

                                     A água, que é mãe da vida
(antes pura, clara, doce),
passa aí prostituída,
triste, amarga, poluída,
como se mater não fosse.
 

É bom saber  sem ser ufanista que nossa capital foi considerada a Paris dos Trópicos por causa da moda arquitetônica chamada de belle époque, mas no período tínhamos os cursos d’água saneados, com balneabilidade e que serviam ao lazer da população. Atualmente são verdadeiros tietês caboclos transformados em esgotos e, alguns, até com evidências de materiais pesados em seus leitos, devido aos resíduos industriais jogados neles. Em Itacoatiara não existe nem aterro sanitário… Mas “cadê o dinheiro que tava aqui?”, indaga a população.

Esses bilhões de toneladas de lixo plástico que descartamos nos igarapés e rios, vão formar,  no Pacífico Norte, o 7º Continente que é flutuante e maior que a Índia. Nele, tais detritos que custam a diluir na escala de decomposição de materiais, ameaçam a vida marinha, como denuncia a balada do rocker Erasmo Carlos, em Panorama Ecológico: … Lá vem a temporada de peixes,,, trazendo Tainhas abrutalhadas / Baleias entupidas  / e Lagostas afogadas / Barracudas deprimentes / E homens inteligentes.

Na Pedagogia Holística tudo o que é local está interligado ao global.

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