Manaus, 21 de novembro de 2024

A evolução da vida e das espécies pela puridade ou pela mestiçagem

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Após o Big Bang com a formação do Universo, das constelações e dos sistemas planetários, após o plasma transformar-se em incontáveis átomos do hidrogênio, estes se unindo em sucessivos acasalamentos foram se transformando em novos minerais, no caldo estelar primordial, conforme as condições de temperatura e pressão do planeta, até que, por volta de 3.000.000.000 de anos antes dos tempos atuais, surgiram as condições ideais para a formação dos primeiros compostos orgânicos, dando origem à vida carbônica, a partir de cadeias do tipo proteico, contendo carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, enxofre, fósforo, potássio e outros minerais, que subitamente começaram a duplicar-se, em um planeta ainda fumegante e cheio de irradiações.

Neste ambiente apareceram talvez as primeiras bactérias e os vírus, que, ao se tornarem cada vez mais complexos, evoluíram no sentido do autotrofismo, os vegetais, sintetizando os seus alimentos a partir do meio externo, ou do heterotrofismo, e os animais, necessitando da própria vida vegetal e animal, para subsistirem. E assim, durante bilhões de anos, a vida diversificou-se e se tornou mais complexa sobre a superfície da terra, evoluindo sem cessar:

3 bilhões de anos – primeiros seres (cadeias protéicas vivas, bactérias, vírus).

2 a 1 bilhões – algas azuis

1 bi a 600 milhões – algas e esponjas.

600 a 500 milhões de anos – invertebrados.

500 a 440 milhões – corais e moluscos.

440 a 400 milhões – peixes agnatas e plantas terrestres.

400 a 350 milhões – peixes ósseos, plantas com sementes, anfíbios e insetos.

350 a 270 milhões – gimnospermas, répteis, coníferas.

270 a 135 milhões – dinossauros e mamíferos.

135 a 40 milhões – plantas com flores, aves, mamíferos modernos e primatas.

40 a 20 milhões – mamíferos de pastagens e antropóides.

20 a 2 milhões – hominídeos.

Os antropóides e os hominídeos teriam vindo de um tronco comum, que se dividiu há mais ou menos 20 milhões de anos. Os chimpanzés têm um DNA 99% semelhante ao dos humanos, sendo os animais mais próximos de nós.

Há bem pouco tempo, a idade presumível da espécie humana alcançava valores muito baixos. Hoje já atinge mais de 3 milhões de anos, e  novas descobertas continuam a ser feitas retroagindo este tempo. Os Australopithecus africanus e boisei e o Homo habilis – 3 milhões de anos; o Homo erectus – 1 milhão de anos; o Homo sapiens e o Homo sapiens neandertalensis – 100 mil anos.

Contudo não foi fácil para a Ciência libertar-se das antigas concepções religiosas, que até hoje persistem, mais pela tradição e pela sua força poética, do que pelo seu conteúdo de veracidade.

As idéias da criação do homem e do Mundo estão nas cosmogonias de todos os povos e foram codificadas como dogmas religiosos. No Mundo Ocidental, com a predominância do Cristianismo, uma evolução do Judaísmo, adotou-se o dogma do casal primordial, origem de toda humanidade, o registrado na Bíblia.

No século XVI, o que se sabia da Antigüidade chegara através dos autores clássicos gregos, romanos e medievais, sendo inexistentes a arqueologia e outras ciências afins, que comprovassem a idade, os costumes, a escrita e os conhecimentos das primeiras civilizações.

James Ussher (1581/1656), arcebispo de Armagh, nas Ilhas Britânicas, baseando-se em falsos cálculos numerológicos sôbre o Antigo Testamento, em 1650, estabeleceu que o Mundo fôra criado no ano 4004 AC, denominado de Ano da Verdadeira Luz, no que foi complementado por John Light, mestre do Colégio de Santa Catarina, em Cambridge, este estabelecendo a data de 23 de outubro, às 9 horas da manhã, para o acontecimento.

Os 5654 anos desde a Criação, foram aceitos sem restrições, no seu tempo, até às primeiras descobertas geológicas mostrando a inexatidão desses dados, e quando os fósseis começaram a aparecer, desestabilizando a chamada Teoria Criacionista, essa data foi obrigada a ajustar-se aos novos conhecimentos.

Apareceu então a Teoria Diluviana, também de fundo criacionista, para retardar um pouco essa mudança, em que os fósseis seriam os restos do Dilúvio, os chamados animais antediluvianos.

James Hutton (1726/1797) demonstrou que a vida seguia uma linha de continuidade, na Terra, sendo ele o pai do uniformitarismo, sem o qual não teria aparecido a Teoria Evolucionista, idéia que também se deve a Carolus Linnaeus (1707/1778), o primeiro a classificar animais e plantas, em grupos semelhantes, embora o português Garcia da Horta já o tivesse feito, com relação às plantas do Oriente.

O barão George Cuvier (1769/1832) fundiu as idéias criacionistas com as uniformitaristas, criando a Teoria das Catástrofes, em que, após cada uma delas, desapareceriam e apareceriam espécies, na Terra, de novo dando força à Teoria Antediluviana.

Erasmus Darwin (1731/1802), avô de Charles Darwin, estabeleceu que as espécies sempre possuiriam um ancestral comum e poderiam alterar-se. Jean Baptiste Lamarck (1744/1829) idealizou uma herança genética adquirida.

Charles Darwin estava em viagem, no navio Beagle, pelos extremos meridionais da Terra, quando verificou que a seleção artificial, que já se fazia entre animais e plantas domésticas, poderia ocorrer, na Natureza, no caso, no arquipélago de Galápagos, tendo observado isto entre tentilhões e iguanas.

Ao ler Malthus, em 1838, concordou que uma população continuaria a crescer geométrica e indefinidamente até ser limitada pelo ambiente. Daí para frente um animal para reproduzir-se deveria ter habilidades especiais, que lhe garantissem essa situação, e nisto estaria o começo da seleção natural. Um resumo desta teoria foi escrito, em trinta e cinco páginas, em 1842.

Em 1858, Charles resolveu publicar a Evolução das Espécies, mas recebeu um trabalho de Alfred Russel Wallace, com proposições idênticas, após suas observações na Amazonia, Indonésia e outras regiões. Foi por isso que acabou apresentando conjuntamente com Wallace o livro “Sobre a Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural”, de 502 páginas, a 24 de novembro de 1859.

A repercussão foi notável, com os diversos segmentos da sociedade manifestando-se a favor e contra as idéias apresentadas.

Os debates sucederam-se até que ocorresse o da Sociedade Britânica para o Progresso da Ciência, quando Thomas Huxley derrotou o bispo Samuel Wilberforce. Este em um momento infeliz perguntou-lhe se o seu parentesco com o macaco era pelo lado do avô ou da avó? E aquele lhe respondeu que, se fosse para escolher entre Wilberforce e o macaco, preferiria o animal.

Em 1871, foi que Darwin resolveu escrever sôbre as origens do animal homem, no livro A Descendência do Homem e a Seleção em Relação ao Sexo, quando o classificou como um antropóide.

Desde esta época, restos de hominídeos cada vez mais antigos, foram sendo encontrados:

1856 – o homem de Neandertal, no vale do Neander, perto de Dusseldorf.

1868 – o homem de Cro-Magnon, no vale Vezère, sudoeste da França.

1891/98 – o homem de Java

Também foram achados o homem de Pequim, na China e o homem de Piltdown, na Inglaterra, este último uma farsa para desmoralizar as pesquisas.

Em 1925, Raimond Dart descobriu os primeiros hominídeos da África do Sul, em Taung.  Entre 1959 e 1964, na garganta de Olduvai, foram feitas novas descobertas de autralopitecos, por Louis e Mary Leakey. Em 1972, em Turkana, Richard Leakey encontrou os mais antigos.

A evolução, porém não se daria somente pela seleção natural, no ser humano, a miscigenação é a outra maneira pela qual ela se realiza, com a criação de novos indivíduos, totalmente diferentes dos que lhe deram origem e com um banco genético muito mais variado e renovado, e além de outros mecanismos ainda não conhecidos.

As novas espécies também podem surgir por alterações genéticas produzidas por vírus, por ação química ou pelas radiações, produzindo as mutações. Atualmente com o maior conhecimento da genética e do DNA o homem está tentando interferir nas programações naturais, através da clonagem, das tentativas de tratamento de doenças hereditárias e da formação de novos seres.

 

CONCLUSÕES

A teoria de Darwin, não esquecendo o coautor Wallace, serviu de partida para compreendermos uma parte da evolução das espécies, aquela referente à adaptação ao meio ambiente.

Essas idéias também criaram um subproduto, o darwinismo socio-econômico, que teve grande aceitação, na Inglaterra, com Spencer, ao incorpora-las ao estudo da sociedade e sua estratificação, no momento em que ela se tornara um Império Mundial, necessitando de uma base ideológica, para justificar suas ações ambivalentes, idéias que ainda continuam tendo os seus defensores anacrônicos e que constituíram o chamadofardo do homem branco. Por ela os povos economicamente mais fracos estariam fadados à derrota.  Se de um lado o Império Britânico defendia a livre concorrência, não hesitava, pelo outro, em impedir a modernização da indústria de tecidos da Índia, em proveito das fábricas de Leeds, Manchester, Belfast e outras cidades inglesas, e a expansão comercial da Alemanha.

Até a Sociedade Teosófica de Madame Blavatsky criou um darwinismo espiritual, onde as reencarnações seriam sempre no sentido da melhoria comportamental, influenciando o pensamento esotérico atual.

Acredito que a evolução é feita com lentidão, e até haveria um laboratório virtual, no Universo, onde a Natureza faz as suas experimentações de mistura de genes, algumas dando certo, outras falhando, mas caminhando sempre pela resultante, a mestiçagem, e não pelos extremos da puridade, que nada cria de novo. Nessas tentativas, nem grupos raciais, nem o social, ou o econômico deixam marcas, pois duram muito pouco tempo, neste experimentar de bilhões de anos.

Nós jamais teremos um controle sôbre a evolução, que é determinada, pela mistura dos gens dos nossos ancestrais, no momento da fecundação, no instante em que fomos escolhidos para manter viva a espécie, enquanto ainda éramos duplos: óvulo e espermatozoide, portando as vantagens e as mazelas de bilhões de anos de experimentações, tornando-nos exemplares únicos.

Todo o restante foi criado pela inteligência, pela memória acumulada, agregada de geração para geração, aquilo que chamamos de civilização, que evita voltarmos a ser animais, repetirmos todo o processo, encontrando tudo pronto, a partir do que foi obtido, nas gerações anteriores.

A evolução sob o ponto de vista das civilizações é a descoberta de novas coisas, tanto materiais, como espirituais, que produzam mudanças em seu proveito, àquilo que chamamos de progresso. Um exemplo disto estaria no ciclo das estações do ano, em que a perspectiva de um inverno de escassez anual gerou as ânsias da acumulação, do capitalismo, tendo em vista a sobrevivência, nas altas latitudes, enquanto nas regiões tropicais, a inexistência dessa perspectiva, ou a descoberta de plantas de alta produtividade, determinaram uma maior tranquilidade econômica, sem pensamento futuro.

A evolução genética é experimento da natureza e independe da nossa vontade, esse impulso rompe as barreiras da civilização, da cultura e outras, quando necessário, criando novos seres, com novas destinações, sem qualquer interesse em programas evolucionários ou de apartheid, pois a mistura de gens é aleatória, caótica, não padronizada.

O caldeamento de pessoas aparentadas, em uma estrutura social, cultural e econômica fechada, em nada resultará. A evolução só se dá em todos os sentidos, quando as barreiras são rompidas e o caos genético é instalado, dando novas alternativas de experimentação à Natureza. Esses exemplos estão na História.

A Puridade acaba padronizando e cristalizando os seres. A Mestiçagem cria novos seres.

Em 1500, um brasileiro tinha 2 elevado a 20 ancestrais, o resultado de combinações de 2 a 2, por 20 gerações de 25 anos. Ou seja, 1.048.576 ancestrais entre negros, brancos e índios, dai a nossa diversidade genética.

Eu tenho três bilhões de anos de vida contínua.

O fardo do homem branco tem sido pesado demais para o Mundo.

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Uma resposta

  1. Considerando os períodos compreendidos entre os australopithécos e os  Homo sapiens neandertalensis, em qual deles se poderia categorizar um ser humano com consciência de si mesmo?

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