Poema recolhido da obra “Pedra Pintada (uma viagem à cidade da minha primeira infância)”, ainda inédita.
Missa era só de manhã,
comungar só em jejum,
de noite eram só novenas,
assíduas rezas do terço,
o padre velho no altar
a bom enganar o sono
preso às contas do rosário.
Nas festas da Santa a igreja
ficava toda enfeitada,
na praça em frente o arraial
ia pela madrugada,
leiloavam-se leitões,
frangos assados de forno,
bolos de boa qualidade.
Apreciando os leilões
tive um sonho de consumo,
era um dia ter dinheiro
para arrematar um bolo
e comê-lo só, todinho,
mal sabendo que o sentido
era um sonho de menino.
Na igreja a Nossa Senhora
do Rosário deu-me um tino!
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