Manaus, 30 de novembro de 2023

A lagoa do Jauary

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*Em memória do amigo João Bosco Evangelista

Poema recolhido da obra “Pedra Pintada (uma viagem à cidade da minha primeira infância)”, ainda inédita.

Nas cacimbas do Jauary as lavadeiras lavavam
as roupas ilustres da cidade no tempo da seca,
nas cheias a lagoa subia e afogava as cacimbas
e as lavadeiras se mudavam para a beira do rio.

Um aningal cobria grande parte da lagoa
onde não me permitiam nunca pular n’água,
diziam que ali os jacarés faziam as suas casas
e quando famintos gostavam de atacar.

O Jauary multiplicou-se em Jauarys,
novos bairros da cidade cresceram para lá,
os jacarés assustados fugiram dos seus feudos
e as águas apodreceram sem poder respirar.

Mas a lagoa não secou,
ainda há tempo do Jauary se salvar.

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