*Raimundo Silva
A ministra Marina, com o seu fundamentalismo ambiental xiita, contra a BR-319, diante da fragilidade de argumentos do senador Plínio Valério, em defesa da estrada, ela humilhou o senador, que perdeu a noção do enfrentamento e da argumentação corretos que justificam a revitalização da estrada. A aloprada ambientalista afirmou que, do ponto de vista social a estrada se justifica, mas não tem justificativa econômica, dizendo mais, que não devemos abrir 400 quilômetros na floresta, para as pessoas passearem na estrada.
Em princípio, a estrada já está aberta, e tem 50 anos de existência, e até hoje não existe nenhum desastre ambiental por conta da estrada. E não se estabelece empreendimento econômico em estrada intrafegável. O que espanta os analistas da questão, é que essa senhora Marina é do estado do Acre, e sabe das dificuldades da nossa região, sobretudo em períodos de vazantes, como este que estamos atravessando, com a pior seca dos últimos 50 anos.
Para nós do Amazonas e Roraima, a BR-319 seria a única ligação terrestre com o resto do Brasil a partir de Porto Velho, saindo para Cuiabá. O potencial econômico que derivaria da trafegabilidade da estrada, viabilizando o transporte de bens e produtos de natureza econômica e comercial, é indiscutível e contribuiria com mais um modal de transporte que teria reflexos positivos na zona franca de Manaus. Neste tempo de grande vazante dos rios, sabemos que navios de grande calado não chegam a Manaus, saindo de Belém, e os produtos transportados por via fluvial, são colocados em balsas que gastam muitos dias na viagem de Belém a Manaus.
Se a estrada fosse trafegável, o transporte de produtos de outros estados brasileiros seria feito por terra. O intolerável na resistência da ministra á pavimentação da estrada, é que temos estradas em muitos lugares do território nacional, que atravessaram florestas de todos os tipos, como a Santarém-Cuiabá, a Belém-Brasília, a transamazônica, a Via Dutra, a Rio-Santos, a BR-316, que atravessa o país de ponta a ponta, e outras rodovias federais e estaduais, e não se tem notícias de tragédias ambientais por conta dessas vias de acesso entre cidades do imenso território brasileiro. A ministra diz que passou 15 anos fora do governo e a recuperação da estrada não andou. Mas o fato de termos políticos, com exceções, que não cuidam de pautas do interesse público, porque perderiam tempo no cuidado dos seus interesses pessoais, não justifica a conduta da ministra, agora no ministério do meio ambiente, contrária à recuperação da rodovia de indiscutíveis benefícios para o povo do Amazonas, que vive isolado do resto do Brasil por transporte rodoviário.
O senador Plínio Valério foi muito fraco na reunião que presidiu no Senado, com a presença da ministra Marina. A reunião também tratou das ONGs, cuja atuação na Amazônia, está mais para prejuízos ambientais do que para benefícios de preservação. O meio ambiente precisa ser preservado, de forma saudável, com sustentabilidade, para garantir a saúde da fauna, da flora, com a floresta em pé, e sobretudo a saúde das pessoas, que são as destinatárias finais da existência do mundo físico e da humanidade. Mas a BR-319, não é o fim do mundo, pois será apenas mais uma estrada que vai retirar do isolamento terrestre, um povo e um estado que também são brasileiros e estão no mapa do Brasil. Senhora ministra, já está passando da hora de o governo colocar a estrada em plena utilização, gerando benefícios diversos para o estado do Amazonas. Já chega de sermos tratados como o fim do mundo, que somos pobres e moramos longe. Precisamos nos integrar ao país, e essa estrada será o grandioso equipamento de integração por terra.
Os nossos políticos nada fizeram nos últimos anos para fazerem a estrada voltar a servir ao povo, mas esta é a hora de reivindicarmos o nosso direito de termos a estrada trafegável, porque podemos contar com a boa vontade do presidente com o nosso Estado. Essa senhora Marina deve flexibilizar o seu fundamentalismo ambiental e olhar para frente, para ver que a estrada não é o caminho do demônio, por onde não devemos andar. Ela é o caminho de Deus e do bem, que, recuperada, tornará feliz o nosso sofrido povo do Amazonas.
*Juiz do trabalho aposentado. Professor da Faculdade de Direito da UFAM, aposentado. Mestre em direito pela UFPE, Advogado militante e Membro da Academia Itacoatiarense de Letras
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