
*Éder de Castro Gama
Continuação…
Romaria e Peregrinação frente às Aparições de Nossa Senhora
Tomemos como princípio desta discussão as aparições de Nossa Senhora enquanto fenômeno social. Em artigo publicado no site bigthink.com, com o título Um mapa do mundo das aparições da Virgem Maria37, os editores da revista National Geographic (2019) demostram, a partir de uma visão cartográfica, quais seriam os pontos no mundo que se tem registrado as visitas de Nossa Senhora ou da Virgem Maria. Parte-se da seguinte questão: o que seria uma aparição Mariana? Para os construtores deste Mapa, seriam aquelas manifestações associadas à devoção a Maria, mãe de Jesus, “apesar de ser mãe de Cristo, a Igreja não considera Maria ela mesma divina”, mas as aparições Marianas seriam “revelações privadas iluminando aspectos da fé, mas nunca revelando novos”. Comenta que algumas aparições podem ser tomadas como fraudulentas, “a maioria não obtém uma aprovação oficial da Igreja, nem do bispo local, nem do Vaticano. As aparições, portanto, não reconhecidas podem levar a cismas com a Igreja oficial”. E os seus “visionários e seguidores podem decidir fundar seu próprio movimento independente ou juntar-se a seitas existentes”.
Descreve com as seguintes legendas para explicar os pontos demarcados no Mapa: Cruzes mostram onde a Virgem Maria apareceu para um futuro santo; pontos amarelos denotam aparições relacionadas à tradição católica, mas não atestadas pelo Vaticano; pontos azuis denotam aparições mais recentes, mas ainda não confirmadas; pontos verdes denotam aparições aprovadas como “dignas de fé”, mas não sobrenaturais; pontos vermelhos denotam que um bispo local “aprovou” a aparição como genuína; pontos vermelhos maiores (para aparições famosas) marcam aquelas que também foram reconhecidas pelo Vaticano.
Não pretendo fazer aqui uma história social do conceito do que é peregrinação, mas jogar luz sobre o tema, no sentido de suscitar futuros estudos e reflexões.
Fonte: Imagem: National Geographic / Michael O’Neill (Miraclehunter.com) in:
https://bigthink.com/strange-maps/word-map-marian-apparitions
Fonte: Imagem: National Geographic / Michael O’Neill (Miraclehunter.com) in: https://bigthink.com/strange-maps/word-map-marian-apparitions
Como pode-se notar no Mapa sobre as Aparições da Virgem, no Brasil, as aparições de Nossa Senhora Rainha do Rosário e da Paz na cidade de Itapiranga, surge como sendo um dos pontos vermelhos, aqueles “aprovados” por um bispo local, mas não reconhecido pelo Vaticano. Em 2021, o site de notícias Metrópoles, traz a informação de que o Vaticano reconhece as aparições de Nossa Senhora na região de Cimbres, do município de Pesqueira, distante a 215 km do Recife, capital do Estado de Pernambuco, e que sua confidente, a Irmã Adélia, estaria entrando num processo de beatificação. Afirma que o Bispo da Cidade de Pesqueira recebeu uma carta do Vaticano dizendo que “há sinais de sobrenaturalidade” no lugar das Aparições de Nossa Senhora em Cimbres, por isso, “virou um lugar pastoral da Igreja”. A beatificação da Irmã Adélia deve cumprir três requisitos para homologação da candidatura, a fama de santidade, o exercício das virtudes cristãs e a ausência de obstáculos insuperáveis contra a canonização38.
Conforme os relatos, as primeiras Aparições à Irmã Adélia, que nesta época tinha o nome civil de Maria da Luz, com 13 anos de idade, ocorreu entre os anos de 1936 e 1937, quando, acompanhada de sua irmã maria da Conceição, de 16 anos, temerosas com ataques do cangaceiro Lampião39, perguntavam-se o que fariam se Lampião voltasse a atacar. Maria da Luz disse, “Nossa Senhora protegeria as duas, e pela primeira vez, no dia 06 de agosto de 1936, perto de uma pedra, uma figura luminosa apareceu, dizendo: “Eu sou a graça40”. E desde então, o título dado a Nossa Senhora por esta aparição foi de Nossa Senhora das Graças.
Continuando com a descrição do Mapa das Aparições da Virgem, nos mostra que o continente Europeu e da América do Norte é onde se tem mais registros das Aparições de Nossa Senhora. Na Europa, tem-se os países da Itália, França, sul da Alemanha (metade católica), Bélgica, com maior efervescência da fé, porém na Espanha e Polônia, considerados países de fé tradicional, as aparições são poucas. Tem-se registro no Oeste da Ucrânia, na Hungria, nos Balcãs (Medjugorje) e Irlanda. Demostra que em países que são considerados ateístas, como na Inglaterra e região da Escandinávia, como os países da Dinamarca, Suécia e Noruega, não há registros.
Os Estados Unidos da América lideram o mundo em número de aparições, embora a maioria não seja reconhecida pela Igreja Católica. O Continente Africano com duas e o México com uma, são oficialmente reconhecidas pelo Vaticano. Mas no Brasil, até o ano de 2019, não havia nenhum reconhecimento por parte da instituição religiosa maior.
Para quem a Virgem mais apareceu e o que desejava? Segundo esta matéria, elas ocorreram predominantemente em tempos de crise para crianças de ambientes socioeconômico humildes, “normalmente para pedir a construção de uma capela ou igreja, para implorar devoção ou fé aos seus seguidores e ou para alertar sobre o futuro”. Os Confidentes relatam detalhes como suas roupas e outros atributos.
O artigo sobre o Mapa das Aparições da Virgem, descreve a experiência na França, cujo o título é Nossa Senhora de Lourdes. Conta que em 11 de fevereiro de 1858 “uma pequena donzela” falou com Bernadette Soubirous, 14 anos de idade, na gruta de Massabielle, perto da cidade de Lourdes no sul da França. A apareceu mais de 17 vezes e revelou-se como a Senhora da Imaculada Conceição, pedindo a construção de uma capela. A Virgem teria revelado uma fonte e ordenou que os peregrinos bebessem e se lavassem, a fim de obter cura e graça. Destaca-se o fato que as aparições de Lourdes são reconhecidas tanto pela Igreja Católica como pela Igreja Anglicana.
Não pretendo rescrever aqui todas as Aparições de Nossa Senhora descritas no Mapa, pois sua consulta é pública e acessível na internet, mas tem o sentido de demostrar que é um tema atual e dinâmico em âmbito mundial.
Afinal, romaria e peregrinação são as mesmas coisas? Para responder esta questão, faz-se necessário ponderar as reflexões tecidas por Calvelle (2006) onde nos mostra que em estudo realizado sobre o Círio de Nazaré41 no livro intitulado “O Carnaval devoto”, ser romeiro ou peregrino depende do significado simbólico que o sujeito atribui a sua saída ou lugar de destino.
“O que está em foco no ritual é o da procissão da qual participa o santo homenageado. A Saída do romeiro do lugar onde mora para o lugar onde ocorre a procissão e a festa não possui o mesmo significado simbólico de uma peregrinação a um santuário, quando a viagem é o espaço ritual por excelência. No caso dos romeiros que se dirigem para a festa do Círio de Nazaré, a viagem até a cidade corresponde ao deslocamento que acontece no domínio do tempo e do espaço conectam os domínios do social e do sobrenatural (CALVELLE, 2006, p. 29)
No caso do grupo que acompanhei até a cidade de Itapiranga, em 2009, pode-se constatar que as pessoas atribuíram o sentido da viagem a conotação de Romaria, ou seja, consideram-se romeiros porque, reunidos em comunidade religiosa da paróquia de Santa Luzia, deslocaram-se até a cidade de Itapiranga em exercícios de fé e oração, como por exemplo, a reza do terço e reflexões religiosas sobre o sentido da viagem, inclusive acompanhados do sacerdote desta paróquia. E uma vez estando na cidade, iniciou-se a peregrinação cumprindo toda a programação estabelecida para a data comemorativa das Aparições de Nossa Senhora em Itapiranga, como ida ao Santuário e pontos considerados sagrados, participando das procissões e missas locais.
Observa-se o diferencial entre romaria e peregrinação para aqueles que vão e participam das atividades em Itapiranga, contrapondo o sentido descrito em um estudo feito sobre o fenômeno religioso no “Santuário Bom Jesus” por Carlos Steil em 1996, “não faz distinção entre romaria e peregrinação, assumem o mesmo sentido, mas utilizou a palavra peregrinação para designar o deslocamento dos romeiros” (CALVELL, 2006, p. 31).
Romaria e ou peregrinação são formas de se fazer turismo? Carneiro (2004), ao pensar sobre a afirmação de Steil (2003) que nem toda peregrinação é uma forma de turismo e vice-versa, acrescenta que ambos convergem em um mesmo evento, encontramos um objeto fecundo de oportunidades de compreensão do fenômeno religioso. Para a autora, peregrinação e turismo podem ser entendidos como distintas possibilidades de se vivenciar estas práticas, bem como suas possíveis transformações. (…) aqueles que se autodenominam de peregrinos resistem ao uso do termo turismo para designar experiências que definem como transformadora.
Para a autora, a diferença estabelecida entre turismo e peregrinação estariam dispostas da seguinte forma: o produto turístico pauta-se numa origem de criação, invenção e divulgação de um local como destino turístico, onde por meio de um processo cultural elegem-se as atrações naturais ou culturais existentes, “são transformadas em algo que as transcende e que também pode ser entendido por referência ao grupo social a qual se dirige”. A peregrinação, ou rotas de peregrinação, estariam dispostas como “uma mescla de imagens e ideias associadas, onde se conjugam os mitos, história, patrimônio artístico e cultural, fontes e recursos naturais, enfim, um somatório de elementos e de imagens manipuladas pelos ‘agentes produtores’ e pela linguagem midiática, particularmente os sites na Internet” (CARNEIRO, 2004, p. 74). No médio Amazonas, é comum o termo visitante ao invés de turista, para aquele que vai participar de um evento festivo ou a passeio para conhecer outra cidade. O termo turista estaria relacionado àquele que é estrangeiro ou de outro estado brasileiro. Esta distinção é visível em festas, como o Festival da Canção de Itacoatiara – FECANI, e o Festival de Parintins dos bois-bumbás.
Não quero adentrar sobre a discussão entre peregrinação e turismo, mas chamar atenção como estes temas são importantes, principalmente pelos turismólogos e pesquisadores da antropologia, que estudam o chamado turismo religioso. Meu interesse é tentar compreender os possíveis sentidos da peregrinação e seus espaços de contemplação.
A palavra ‘peregrinação’ deriva do latim peregrinatio, significa ato de peregrinar a viagem a lugares santos. Por outro lado, peregrino, do latim peregrinus, refere-se àquele que peregrina, mas também estranho ou estrangeiro. Etimologicamente, ‘peregrinação’ refere-se ao aparecimento do outro, do estrangeiro, significando a jornada de uma pessoa a um lugar, percorrendo caminhos por terras desconhecidas (CARNEIRO, 2004, p. 76). Mas é claro, existem outros sentidos da palavra ‘peregrinação’ e ‘peregrino’, mas fiquemos com estes da língua latina por ora.
Os estudiosos sobre o tema peregrinação, afirmam que o fenômeno peregrinação é retratada desde a pré-história e em todas religiões, como por exemplo, as religiões do Oriente, como o Islã, praticadas por mulçumanos. Segundo um dos pilares do Islamismo, todo o mulçumano adulto que dispõe de meios econômicos e saúde é obrigado a visitar (peregrinar) Meca (cidade da Arábia Saudita) para ir ao santuário de K’bah, que segundo a tradição desta religião, seria o único lugar da terra que as forças celestes teriam tocado.
Destaca-se também uma das maiores peregrinações do mundo praticada no Hinduísmo entre o povo indiano, é o Kumbh Mela42. Tratase um festival religioso celebrado quatro vezes ao longo de 12 anos, girando no entorno de quatro rios sagrados: Nas cidades de Haridwar, no rio Ganges, cidade de Ujjain, no rio Shipra, cidade de Nashik, no rio Gogavari, e na cidade de Prayag, que tem confluência com os rios Ganges, Jamuna e o “mítico Sarasvati”.
A celebração de cada local é baseada em um conjunto distinto de posições astrológicas do Sol, da lua e do planeta Júpiter. É considerado o tempo mais sagrado do festival, momento em que há o alinhamento total destes corpos celestes. O evento tem a duração de várias semanas e, em 2019, atraiu mais de 200 milhões de pessoas. Há registros de 50 milhões de pessoas no dia mais auspicioso. Existem outros festivais entre os hindus, como o Great Kumbh Mela, realizado a cada 144 anos em Prayag, o último foi em 2001. Em todas as grandes religiões existem fenômenos similares, incentivados pela simbologia dos caminhos e a atração exercida por lugares sacralizados ou por templos de particular importância (CARNEIRO, 2004, p. 77).
No mundo cristão, as peregrinações aparecem de duas formas distintas: uma, dada à veneração de lugares santos, ou seja, aqueles que o salvador santificou com sua presença, e a outra, o culto dos santos e suas relíquias. Na dos lugares santos, remete-se àquelas que eram muito famosas: a Terra Santa, Jerusalém, bem como lugares descritos no novo e velho testamento. O movimento dado na peregrinação estaria marcado pela experiência individual da pessoa frente aos fatos que sacralizam o lugar (milagre, aparição, revelação de relíquias) e o momento no qual a experiência se transforma em uma emoção coletiva. Porém, não há um único sentido e motivo de experiências particulares, mas inúmeras, que por vezes são imperceptíveis (CARNEIRO, 2004, p. 78).
Calvelle (2006), sobre os autores que pensam peregrinação, concorda que a peregrinação evocaria um modelo convival da comunidade emocional religiosa denominada por Victor Turner em sua definição sobre Communitas. Ainda para este autor, à forma tradicional, a peregrinação faz uma crítica à sociabilidade do cotidiano e à vida moderna, não através dos dogmas religiosos ou morais, mas como por uma performance de corpos, emoções e afetos presentes entre os peregrinos nos locais sagrados. Essa performance nos leva ao caráter festivo e lúdico das peregrinações (CALVELLE, 2006, p. 31).
Agostinho (1986), ao fazer uma resenha descritiva da obra Image and Pilgrimage in Christian Culture. Anthropological Perspectives43 (Imagem e Peregrinação na Cultura Cristã: um esboço introdutório), nos traz luz às ideias de Victor e Edith Turner sobre a peregrinação na cultura Cristã. Os autores destacam que a peregrinação estaria enquadrada naquilo que eles chamaram de fenômenos liminóide em oposição ao fenômeno liminar. O conceito de liminar é utilizado para considerar aqueles espaços “neutros” entre oposições de estrutura social descobertos por Van Gennep nos ritos de passagem. Desta forma, liminares passam a ser todos os espaços e momentos (com suas relativas atividades), que no processo sociocultural surgem como decisivo potencial de desenvolvimento, transição ou mudança.
Os fenômenos liminóide constituem-se como elementos de subcategorias, por se revestirem como não obrigatoriedade, por serem comportamentos neles identificados, dependentes da decisão e ação individual e frequentemente contratual. Desta forma, as categorias mais amplas de liminares recaem sobre as peregrinações cristãs, pois existe, nesta manifestação, um sair da estrutura quotidiana para a ela regressar (espiritualmente) transformado. Pois, peregrinar, não é obrigatório, mas sim voluntário. Exceto na Idade Média, quando se inseriu um sistema religioso secular de penitência/punição.
Deste modo, peregrinar seria dirigir-se a um lugar “fora de”, “longe de”, segregando espacialmente o agente em relação ao seu ambiente social e a seu lócus geográfico-quotidiano, aproximandose da segregação socioespacial dos ritos de passagem das sociedades pré e pós-industriais. Pautados na divisão do trabalho, tornaram-se especialistas na liminaridade, pois é acessível a poucos, enquanto o acesso à peregrinação liminóide está aberto à massa de fiéis, sem dele exigir um desligamento do mundo, pois do peregrinar há sempre um retorno (AGOSTINHO, 1986, p. 9-11).
Ainda para estes autores, os peregrinos, quando reunidos de forma associativa, num ponto como o Santuário, “é transformada eucaristicamente em comunitas, buscando assim o reencontro de ordem e significado de paradigmáticos. Ao mesmo tempo, no contato com o sacra e na expiação dos pecados, é procurado remédios para os males físicos ou não, interpretados como castigo por roturas com ordenamento significativo”.
Outro ponto destacado por estes autores, é que as peregrinações modernas manifestam um comentário “meta social e crítico” à secularização e às mudanças globais surgidas na sociedade e a aceitação do valor de comunitas fideli. Devotas, petistas, originamse em aparições de curas miraculosas, enfatizando um tradicionalismo romanizante (AGOSTINHO, 1986, p. 13).
Quanto ao papel das aparições Mariana, os referidos autores destacam que elas surgem para afirmar a autoridade romana (da Igreja Católica), no ciclo a seguir: evento original (carismático) → peregrinação espontânea, intermitente → rotinização, institucionalização → peregrinação burocratizada; grupos organizados de peregrinos; absorção pela estrutura oficial da Igreja. Porém, os autores nos chamam atenção para os aspectos antiestruturais, “pode entrar em crise, quanto pelo esquecimento e idolização do conjunto de símbolos ou perda de seu significado original, metafórico, surgem as condições propicias à reação iconoclática44. Esta deriva de que os símbolos não verbais (imagens, poços sagrados, etc.) deixam de ser metafóricos para tornarem literais e magicamente eficazes para fins práticos. Assim, tornam-se alvos daqueles que veem neles a degradação da pureza religiosa”.
Por outro lado, a peregrinação quando comunitas potencialmente subversiva, apresenta-se como perigosa ao poder eclesiástico ortodoxo, que busca pô-lo sob controle. Concluem que a burocracia da Igreja e os iconoclastas são como ameaças situadas nos dois extremos do ciclo evolutivo das peregrinações, que entre ambos tem de manter o equilíbrio se quiserem perdurar (AGOSTINHO, 1986, p. 14).
Desta forma, o desiquilíbrio entre a burocracia da Igreja e os iconoclastas, conforme a definição de Victor e Edith Turner (1986), seriam uma explicação teórica para possível desaprovação das peregrinações Mariana a cidade de Itapiranga? O que está por trás do imbróglio jurídico entre os Confidentes de Nossa Senhora e a Prelazia de Itacoatiara?
Segundo os documentos dispostos no site santuariodeitapiranga.com.br, na aba posição da igreja, discorre de todo o processo burocrático iniciado pela Prelazia de Itacoatiara para o reconhecimento das Aparições de Nossa Senhora e o lugar de peregrinação. No dia 31 de janeiro de 2010, é publicado um “decreto de culto”, documento este assinado por Dom Carillo Gritti, reconhecendo as aparições de Nossa Senhora e as peregrinações até a cidade de Itapiranga:
Depois de ter estudado com atenção os acontecimentos, autorizo estas peregrinações e o culto público, celebrado na capela ou no lugar do cruzeiro para invocar Nossa Senhora sob o título de Rainha do Rosário e da Paz. Toda manifestação de culto público, como a Santa Missa e confissões, será sob a minha responsabilidade pastoral do sacerdote para isso indicado45 (Disponível em: https:// www.santuariodeitapiranga.com.br/).
Observa-se aí a institucionalização das peregrinações pela Igreja Católica. Outro fato importante foi o “lançamento da pedra fundamental” para construção do Santuário na cidade de Itapiranga. Com a publicação do documento “Pedra Fundamental”, publicado em 02 de maio de 2010, pela Prelazia de Itacoatiara, o Bispo Dom Carillo Gritti escreveu “lancei a Pedra Fundamental deste novo Santuário em honra de Nossa Senhora do Rosário e da Paz, onde prestar-se-á culto aos Sagrados Corações de Jesus, Maria e José”. Há também um outro documento publicado em 31 de maio em 2009, com o título Nihil Obstat Quominus Imprimatur (nada me impede de ficar impressionado), quando o Bispo comenta que foi pedido com urgência que ele se pronunciasse quanto às aparições de Nossa Senhora entre os anos de 1994-1998, no momento que celebrava-se 15 anos das aparições. Diante de tudo que ele tinha observado e estudado sobre o evento, inclusive depois de ter submetido os Confidentes a consultas psicológicas e a questionamentos teológicos, chegou à conclusão que “tudo isto me leva à constatação que nas aparições de Itapiranga HÁ UMA ORIGEM SOBRENATURAL”.
E por fim, no dia 07 de setembro de 2011, houve o reconhecimento pelo Bispo Dom Carillo Gritti da Associação Rainha do Rosário e da Pax-Itapiranga (ARRPI) que dizia, “A todos os que de dever seja noto que à ARRPI (Associação Rainha do Rosário e da PaxItapiranga) cabe a condução administrativa da área denominada ‘Santuário’ em Itapiranga. Portanto: romarias, datas em geral e/ou aniversários, celebrações, toda e qualquer celebração litúrgica, assim como toda e qualquer contribuição, deverá ser devolvida à mesma Associação”.
Ocorre que a mudança de posicionamento da Igreja Católica quanto às Aparições de Nossa Senhora e os lugares de peregrinação, mudou após a morte de Dom Carillo Gritti, ocorrida no dia 09 de junho de 2016. Em comunicado publicado pela Prelazia de Itacoatiara, no dia 24 de março de 2017, o Padre Graciomar Gama Fernandes, retransmite a ordem dada pela Congregação para Doutrina da Fé, instituição da Igreja Católica responsável por atestar, por meio de estudo, a veracidade à luz da Santa Sé, sobre as Aparições e mensagens de Nossa Senhora ocorridas na cidade de Itapiranga. O documento comenta que após o envio de toda a documentação solicitada pela “Sagrada Congregação para Doutrina da Fé”, teve a seguinte orientação no dia 07 de fevereiro de 2017:
(…), obediente às orientações da Santa Igreja, faço saber que: com a carta datada de 07 de fevereiro de 2017, a congregação para as APARIÇÕES E, CONSEQUENTEMENTE, DAS MENSAGENS POR “ELA” PROFERIDAS. Ao mesmo tempo em que o supracitado dicastério DETERMINA:
- As alegadas mensagens não sejam mais difundidas no interior da Prelazia de Itacoatiara;
B) Não se faça nenhuma menção, no culto divino, celebrado no santuário dedicado à Nossa Senhora Rainha do Rosário e da Paz de Itapiranga ou em qualquer outro lugar da Prelazia, sobre as alegadas aparições e mensagens que o Sr. Edson Glauber estaria recebendo.
C) O Sr. Edson Glauber e a Associação da Rainha do Rosário e da Paz de Itapiranga (ARRPI), SE ABSTENHAM de uma maior DIVULGAÇÃO DESTAS MENSAGENS.
D) No que diz respeito à carta de apresentação que o Monsenhor Carillo Gritti deu ao Sr. Edson Glauber de Souza, sobre as alegadas aparições, o sucessor do Bispo Carillo, irá tomar todas as decisões adequadas.
Outrossim, informa que a Congregação para Doutrina da Fé, anunciou que irá enviar uma cópia da carta (de 07 de fevereiro de 2017), ao Presidente da Conferência Episcopal Eslovena e ao Bispo da diocese de Trieste (Itália), em cujos territórios o Sr. Edson Glauber de Souza, continua a difundir as mensagens sobrenaturais supostas (Disponível em: www.tjam.jus.br.protocolado em 13/12/2018, número. 06595956020188040001, fls. 33-34
O documento termina dizendo que o referido comunicado seria dado a todos os Padres da Prelazia e ao Arcebispo Metropolitano de Manaus, além das comunicações feitas aos bispos estrangeiros por onde Edson Glauber andou divulgando as mensagens das aparições. Como foi possível notar, o documento sobre a mudança do posicionamento da Igreja Católica quanto às Aparições de Nossa Senhora e as peregrinações, foi extraído do processo de nº 06595956020188040001 protocolado no Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM).
Verificando-se a petição inicial, trata-se de uma Ação de Danos Morais em face da Prelazia de Itacoatiara. Foi impetrada pelo senhor Protógenes Gabriel da Costa Coutinho e Maria do Carmo Carvalho de Souza Coutinho, representado por seu filho Edson Glauber de Souza Coutinho, brasileiro, radialista. A causa de pedir, se dá sobre os seguintes fatos:
Os requerentes são pessoas católicas e devotas de Nossa Senhora Rainha do Rosário e da Paz, onde a família recebeu em sua propriedade (terreno em questão) a aparição da referida Santa, o qual foi inicialmente reconhecido pela Prelazia de Itacoatiara.
O referido local, desde então, passou a receber várias visitas de fiéis, bem como se tornou local de peregrinação, conforme se prova como várias imagens apensas. Ocorre, que a Prelazia, por meio de seu representante da época, Bispo Dom Carillo Gritti, convenceu os Requerentes a efetuar doação em favor da Igreja par a construção de um santuário de adoração para referida Santa, conforme após o falecimento do Bispo a cima. A Prelazia deixou de cumprir com a clausula segunda, item 02, o qual obrigava os sucessores do Bispo a construção do santuário, bem como a devolução do imóvel aos doadores e seus sucessores em caso de descumprimento das condições impostas. Contudo, a Prelazia, após a morte do Bispo, vem agindo de má-fé contra a família Requerente, chamando-os de charlatões e os difamando junto à comunidade brasileira e internacional, conforme documentos apensos. As ações da Igreja são de cunho imensamente difamatório aos Requerentes, vez que enquanto seu imóvel servia a Prelazia eram considerados idôneos, e após apropriarem-se do bem, passaram a ser massacrados nas mídias internacionais e redes sociais, inclusive chamados de “O demônio e seus discípulos”. A documentação apensa, das cartas emitidas pela Igreja, não deixam dúvidas quanto ao prejuízo a imagem dos Requerentes, razão pelo qual buscam a via judicial para que sejam indenizados pela difamação mundial (Disponível em: www.tjam.jus.br.protocolado em 13/12/2018, número. 06595956020188040001, fls.3)
Como pode-se notar, após as proibições do culto e peregrinação de Nossa Senhora Rainha do Rosário e da Paz ser divulgada pela Prelazia de Itacoatiara, gerou inúmeras discussões nas redes sociais em vias de escarnio público, como por exemplo, o blogue http://www.amen-etm.org/FichadoEdsonGlauber-Itapiranga.htm, criado com fins de refutar e depreciar a imagem dos Confidentes de Itapiranga. De fato, nas folhas 39-41 do processo nº 06595956020188040001 do TJAM, estão dispostas as cláusulas do termo de doação do terreno de 12.130,00m2 (doze mil cento e trinta metros quadrados), inclusive na clausula terceira, está descrita que somente após a conclusão das obras da Igreja e um Santuário em homenagem a Nossa Senhora Rainha do Rosário e da Paz, é que se tornará efetiva a doação para todos os efeitos legais.
Em matéria publicada em 31/12/2021 o site aletia.org discorre sobre os passos considerados pelas autoridades eclesiásticas e atestadas por cientistas e analistas laicos sobre as Aparições de Nossa Senhora, e comenta sobre as orientações da Igreja Católica para o afastamento devocional dos fiéis das aparições em Itapiranga (AM), Brasil, Cleveland, Ohio, EUA e Dublin na Irlanda:
Quando a autoridade eclesiástica for informada de uma suposta aparição ou revelação, será sua responsabilidade: a) julgar o fato segundo critérios positivos e negativos; b) se o exame resultar em conclusão favorável, permitir manifestação pública de culto ou devoção supervisionando-o com grande prudência (pro nunc nihil obstare); c) enfim, à luz do tempo transcorrido e da experiência, com especial atenção à fecundidade dos frutos espirituais gerados a partir dessa nova devoção, expressar juízo quanto a autenticidade e caráter sobrenatural, se caso assim justificar (disponível em: https://pt.aleteia.org/2021/ 12/21/3).
Observa-se que as aparições de Nossa Senhora em Itapiranga já tinha passado por todos estes processos, porém, como somente a Santa Sé tem poder de anular a decisão de um Bispo local, foi então declarada inautênticas em 2017, após investigações mais profundas feitas pela Congregação para Doutrina da Fé.
Em 2019, o site de notícias amazonasatual.com.br, traz a seguinte notícia: TJAM erra em valor de indenização de R$ 100 milhões e corrige para R$ 1 milhão. Esta notícia mostra que o TJAM teria corrigido o valor estipulado de cem milhões de indenização para um milhão em prol a família de Edson Glauber. Comenta ainda que o posicionamento do atual Bispo de Itacoatiara Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira (nomeado em 2017) é que todos os católicos sigam as determinações da Congregação para Doutrina da Fé. Em suas palavras: “determino que nenhum católico ou católica, queira manter comunhão com a Igreja Católica Apostólica Romana, frequente este lugar”. E lamentou a atitude da família sobre o processo, “usa o nome de Nossa Senhora por dinheiro fácil”
Em entrevista realizada no dia 12/03/2022, o Bispo Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, reforça as orientações proferidas pela Congregação para Doutrina da Fé, da suspensão da devoção as Aparições de Nossa Senhora em Itapiranga, pois em suas palavras “é preciso muito estudo para o reconhecimento das Aparições em Itapiranga, e naquela época Dom Carillo, apenas tinha dado um documento autorizando o culto no local onde se dizia aparecer Nossa Senhora era uma celebração da fé, e não um decreto declarando que aquela aparição era verdadeira. E o Edson, que Deus o tenha porque já é falecido ele e sua mãe, naquele momento não atendeu as orientações da igreja e continuou com sua divulgação em Manaus e em outros países e foi justamente isso, que chamou atenção do Vaticano, porque os Bispos locais nos lugares onde ele comparecia divulgando estas Aparições, pediam informações ao Vaticano, e a Igreja não sabia e não podia informar nada, pois não tinha dada a aprovação da Aparição e foi por isso, que Igreja Católica tomou a decisão de publicar o documento de 2017. E depois da morte do Edson que ocorreu em maio de 2021, comuniquei ao Vaticano do seu falecimento lá pelo mês setembro e até hoje não obtive respostas”
Foi perguntado ao Bispo Dom José Ionilton sobre a ida de fiéis ao lugar das Aparições de Nossa Senhora na cidade de Itapiranga em peregrinação, mesmo após a proibição da Igreja católica, este estariam sujeitos a alguma penalidade canônica? “A Igreja Católica de Itacoatiara não gostaria de chegar a estas penalidades, apesar de saber que há notícias de fiéis que chegam em peregrinação na cidade de Itapiranga, porém, se existe católicos que fazem isso, e estão desobedecendo uma orientação do Vaticano que é o governo da Igreja, automaticamente já estão se excluindo da comunhão da Igreja, ou cometendo a excomunhão. É lamentável que há católicos que estão desobedecendo a Igreja”
Foi perguntado sobre os tramites processuais, do processo movido pela família do Confidente Edson em face da Prelazia de Itacoatiara, nas palavras do Bispo, “o processo ainda está rolando, foi feito toda uma defesa por um advogado voluntário que escolheu defender a Prelazia e até agora o processo está parado. E sobre o documento que foi utilizado como prova para mover o processo, pode ser considerado inválido, porque o Dom Carillo morreu e por isso, se desfez todo e qualquer acordo, e mesmo porque a Prelazia de Itacoatiara não tinha nenhum documento de transferência de propriedade e nada neste sentido, por isso, não cabe dano moral. Vamos aguardar os fatos”. Em suas considerações finais o Dom José Ionilton pediu aos fiéis que aguardem o posicionamento da Igreja Católica sobre os fatos ocorrido em Itapiranga.
Meu intuito não é adentrar afundo nas discussões jurídicas entorno da doação do terreno para a Igreja Católica. Porém, observa se a disputa judicial causada pelo descumprimento do Termo de Doação, lavrado no cartório de Itapiranga, colocando desta forma, a Prelazia de Itacoatiara no banco dos réus, por obediência à Santa Sé.
Diante do exposto, uma coisa é certa, é preciso aprofundar as reflexões sobre as Aparições de Nossa Senhora Rainha do Rosário e da Paz. A fim de compreender este fenômeno, sobretudo, do ponto de vista das Ciências Sociais, concordamos com Steil e Carneiro (2008) fiéis a perspectiva antropológica: entendemos que é preciso evitar definições rígidas e absolutas, pois a compreensão do que é pere grinação ou o turismo religioso não pode ser antecipada. Ela precisa ser etnográfica. Pois assim, talvez encontraremos respostas para possíveis questões: As peregrinações de Nossa Senhora Rainha do Rosário e da Paz a cidade de Itapiranga estaria fadada a um secto de fiéis orientados pela ARRPI (Associação Rainha do Rosário e da Pax Itapiranga)? A Igreja Católica iniciaria, de fato, processos disciplinares aos fiéis que descumprirem suas ordens, inclusive com a pena de excomunhão dos mesmos? É possível reversão na decisão prolatada pela Santa Sé? E como seria? A cidade de Itapiranga pode-se se valer dos pontos já segmentados da peregrinação para torná-las atrativos turísticos? E como seria? No desenrolar das Aparições de Nossa Senhora na cidade de Itapiranga, muitos fatos aconteceram, dentre estes, o aparecimento do fenômeno religioso no seio da Igreja Católica, o seu reconhecimento de adoração e culto episcopal e a sua desautorização pela Santa Sé. Os atores sociais envolvidos nesta trama social, como o Bispo Dom Carillo Gritti, morto em 2016, e os Confidentes Maria do Carmo e Edson Glauber de Souza Coutinho, 49 anos, falecido meses depois de sua mãe, foi vítima de um tumor cerebral em 25 de maio de 2021 na cidade de Manaus, deixaram um palco armado pronto para o desenrolar dos fatos.
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37 Consultado em: https://bigthink.com/strange-maps/word-map-marian-apparitions
38 Disponível em: https://www.metropoles.com/brasil/vaticano-reconhece-aparicao-de-nossa-senhora-e-irma-adeliapode-se-tornar-santa
39 Lampião foi o mais famoso chefe cangaceiro que existiu no país e teve atuação entre 1922 e 1938. Ele era de uma família de posição razoável, mas que se viu despossuída de tudo por uma disputa de terras. Lampião liderou um grupo de homens que aterrorizou o interior do Nordeste com seus saques. Foi morto em uma emboscada, em 1938. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/lampiao.htm
40 Disponível em: https://curiosidade.diariodepernambuco.com.br/project/80-anos-da-primeira-aparição-de-nosssenhora-em-cimbres-pesqueira/
41 O Círio de Nazaré na cidade de Belém no Estado do Pará é considerado a maior procissão católica do mundo, chegando a reunir mais de 2 milhões de pessoas por edição até antes da pandemia da Covid-19 iniciada em 2019 na China. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/cirio-de-nazare-conheca-historia-de-umadas-maiores-festas-religiosas-do-pais
42 Os participantes do Kumbh Mela tem a oportunidade de encontrar os diferentes praticantes da religião hindu, desde os sadhus (homens santos), que permanecem nus o ano todo ou praticam a mais severa disciplina física, os eremitas, que deixam seu isolamento apenas para essas peregrinações, e os gurus. As organizações religiosas representadas variam de sociedades de bem-estar social a lobistas políticos, outras palavras, baseado em sistemas de castas. Vastas multidões de discípulos, amigos e espectadores juntam-se aos ascetas e organizações individuais. O naga akhadas, cujos membros ganhavam a vida como soldados mercenários e comerciantes, muitas vezes reivindicam os lugares mais sagrados no momento mais propício de cada Kumbh Mela. Atualmente o governo indiano impõe um controle social severo, pois historicamente tem-se registro de disputas sangrentas entre grupos que disputavam os melhores lugares na hora de banhar-se no rio. Disponível em: https://www.britannica.com/topic/Kumbh-Mela
43 TURNER, Victor and Edith TURNER – Image and Pilgrimage em Christian Culture. Anthropological Perspectives. New York, Columbia Um. Press, 1978.
44 Iconoclasta é nome dado ao membro do movimento de contestação à veneração de ícones religiosos que surgiu no século VIII denominado Iconoclastia. O termo iconoclastia significa literalmente “quebrador de imagem” e tem origem no grego eikon (ícone ou imagem) e klastein (quebrar).
45 Sobre este fato, foi associada a mensagem proferida a Edson Glauber em 28/06/2008, quando no ato de Coroação da imagem da Virgem e a consagração da Prelazia de Itacoatiara a Nossa Senhora que dizia: Ele é o meu Bispo. O Bispo que há muito tempo tinha preparado. Ele é muito corajoso. O que ele fez hoje nenhum outro Bispo do Amazonas teve o mérito de fazê-lo, por isso o seu nome será lembrado para sempre pela eternidade. Agora eu posso usar do meu poder de Mãe e Rainha e agir fortemente como desejava para a salvação de todos os meus filhos. Esta Prelazia agora me pertence de uma forma especial, pois me foi entregue e aqui eu mostrarei ao Amazonas e ao mundo as maravilhas de Deus, esmagando a cabeça da serpente em Itapiranga, quando eu disse, no início das minhas aparições, que a tinha escolhido (Itapiranga) para os últimos tempos e que ela seria uma cidade santa. Ali, onde será construído o meu grande Santuário, o Senhor Deus destruirá toda a perfídia e soberba do dragão infernal e me fará triunfar como Rainha do Amazonas à toda Igreja. Disponível em: https:/ /www.santuariodeitapiranga.com.br
Continua na próxima edição…
*O autor é natural de Itacoatiara, vem trabalhando com a temática sobre patrimônio cultural a mais de duas décadas. É formado em Ciências Sociais (UFAM) e Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia (PGSCA/UFAM) especialista em Festas Populares e Religiosas da Amazônia. Formado em Direito (ULBRA/Manaus), MBA em Gestão, Licenciamento e Auditoria Ambiental (Anhanguera-Uniderp). É professor Universitário. Publicações em coautoria nos livros “Cultura popular, patrimônio imaterial e cidades” (2007) e “Culturas populares em meio urbano” (2012). Autor do livro “A Senhora, o Folclore e o Festival” (2022). É Assessor Jurídico e vem prestando assessoria ao patrimônio imaterial etnohistória da Amazônia para empresas de licenciamento ambiental e arqueológico.
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