A síndrome do ninho vazio (SNV) se caracteriza pelo sentimento de luto que os pais geralmente a mãe sentem quando seus filhos saem de casa para ganhar o mundo. Não é uma doença, mas uma condição que, se não enfrentada, pode levar à depressão. A doença, na verdade, é a ausência de vida. Muitas mães se doam a tal ponto, em um apego tão exagerado, que elas não sabem quem elas são mais. Com a saída do filho de casa, isso fica mais claro. Este fato pode gerar muita tristeza, uma sensação de carência extrema, de vazio absoluto, de perda de si mesmo.
É uma síndrome que se manifesta pela presença de sentimentos de melancolia, tristeza e solidão, os quais atingem os adultos quando os filhos abandonam o núcleo familiar para seguirem os próprios projetos de vida.
É mais comum entre mulheres, embora hoje em dia, com alguns pais exercendo também tarefas domésticas, eles podem ser afetados pela síndrome. É mais comum ocorrer com as mães, pois ainda são as principais cuidadoras diretas dos filhos, ou seja, passam mais tempo com eles e exercem mais funções cotidianas na vida dos filhos, embora esse cenário venha se modificando com a forte entrada da mulher no mercado de trabalho.
Contudo, muitas vezes algumas mães preferem deixar sua própria vida em prol da vida dos seus filhos, deixam de se cuidarem, deixam suas vidas sociais e profissionais, deixam até mesmo de serem a esposa dedicada, tudo em detrimento de cuidarem e protegerem suas crias.
E como diferenciar a síndrome de uma depressão? Na verdade, os sintomas são bem parecidos, por isso a dificuldade de um diagnóstico preciso. Mas o que irá auxiliar a diferenciação será o contexto desses sentimentos e o tempo de recuperação, que é semelhante a qualquer tipo de luto, ou seja, de seis meses a um ano. Por isso, cabe aqui dizer que a síndrome do ninho vazio pode se tornar uma depressão de fato, caso esses sentimentos se estendam por mais de um ano e o indivíduo não consiga retomar sua rotina. Mas é difícil estabelecer as relações entre depressão e SNV, pois elas se confundem, principalmente porque, normalmente, ocorrem num período delicado do ciclo vital, com inerentes dificuldades de adaptação: a menopausa e o início da velhice.
A síndrome do ninho vazio é marcada por uma profunda tristeza, sentimento de vazio e até mesmo de inutilidade. E a síndrome, pelo estresse que causa, pode desencadear também alguns sintomas somáticos como alergia, dermatite, distúrbio intestinal, dificuldade respiratória ou febre sem motivo aparente, como também depressão.
O diagnóstico é feito por um psicoterapeuta ou um psiquiatra pela presença e quantidade dos sintomas já citados e tempo ou duração que o paciente os sente. O tratamento se dá pela psicoterapia e, se necessário (se os sintomas estiverem atrapalhando muito a rotina do paciente), medicação associada à terapia (antidepressivos e/ou ansiolíticos).
É possível se recuperar totalmente com esse tratamento, mas para isso o paciente deve buscar ajuda especializada para reestruturar e ressignificar algumas crenças de sua vida e, principalmente, fazer rearranjos de papéis na vida. Algumas dicas são buscar realização pessoal no trabalho, na sociedade e na vida familiar; criar uma estrutura familiar na qual o filho, por mais que saia de casa, se sinta acolhido e encontre espaço sempre que quiser ou precisar voltar; e aproveitar a fase e idade atual e não ficar apenas pensando no que não tem mais (no caso, os filhos).