O mês de Abril ficará marcado pelas convulsões políticas de um Brasil que se reinventa e reúne as condições para emergir do caos mais fortalecido e determinado a seguir sua vocação de uma grande nação, próspera, transparente e justa. Mas também será marcado por um evento, aparentemente formal, e carregado de múltiplas significações e promessas: a celebração do DINTER UEA-USP, o doutoramento de 22 pesquisadores em administração, numa dobradinha acadêmica de altíssimo nível entre a melhor universidade da América do Sul, e a maior universidade multicampi do país. Estamos falando da Universidade de São Paulo, o estado mais próspero da federação e da Universidade do Estado do Amazonas, o mais agraciado do país em patrimônio natural. Na celebração do Cinquentenário da Zona Franca de Manaus, as empresas instaladas no Amazonas, que pagam integralmente a UEA, consideram este o maior legado da indústria da ZFM. A iniciativa tem como patrono informal o professor Samuel Benchimol, um empresário obstinado e um pesquisador devotado às questões amazônicas, cuja trajetória pioneira trouxe a USP ao Amazonas em 2012, no projeto Pioneiros e Empreendedores do Brasil, a Construção do Século XXI. Essa aproximação faz uma leitura inteligente, criativa e fecunda para os dois Estados que começam a substituir incompreensões e conflitos fiscais, de setores industriais e comerciais, por uma colaboração efetiva em favor do Brasil, ao descobrir múltiplas vantagens com o alinhamento de propósitos e reciprocidade de ajustes econômicos, científicos e de gestão ambiental. Este doutoramento acadêmico já tem previsto um Mestrado em Gestão da Amazônia – a partir do segundo ano de sua implantação, expandindo os saberes consolidados – atende a um dos maiores gargalos da Amazônia, esta porção descuidada do nação brasileira, 2/3 de seu território. A gestão competente da biodiversidade e geodiversidade amazônica vai, com certeza, oferecer novas saídas para recompor a economia, contornar a recessão e unir este país de tantos desafios e riquezas.
Cada professor da Universidade de São Paulo, que integra essa aproximação acadêmica, vale recordar, recebeu da família Benchimol um exemplar de Amazônia – Formação Social e Cultural. “Um estudo monumental da Amazônia, em que, ao saber, se junta aquela camoniana experiência, que dá ao conhecimento a dimensão magnífica da sabedoria”, nas palavras do cientista social e escritor Gilberto Freyre, ao descrever a obra de Samuel Benchimol. São 115 títulos de estudos sobre nossa terra – uma obra que o Brasil precisa conhecer – deste notável amazônida, símbolo da trajetória empreendedora desta família, que veio do Marrocos para a Amazônia no final do século XIX e nela enxergou uma nova Terra Prometida. Com eles, testemunhas e vítimas da falência do Ciclo da Borracha, aprendemos que somente aos fracos é dado o direito de jogar a toalha. No Brasil do século XXI, destroçado por uma debacle ética, precisamos nos unir àqueles que tem fé, fibra e foco na brasilidade, acreditando na força do conhecimento e na soma dos propósitos.
O DINTER UEA USP, com suas armas e munições de pesquisa e desenvolvimento, temos orgulho de dizer, teve o empenho particular das entidades do setor produtivo da ZFM, com a acolhida de Wilson Périco, Antônio Silva, Muni Lourenço e Roberto Tadros, desde suas origens, com o apoio à Mostra dos Pioneiros e Empreendedores do Brasil, sob a batuta companheira e benfazeja de Jaques Marcovitch, um dos melhores reitores que a USP já teve. Em Manaus, a USP encontrou a saga de outros heróis da resistência empreendedora como Moysés Israel, Mario Guerreiro, Isaac Sabbá, Petronio Augusto, Pinheiro, Antônio Simões, Phellippe Daou, entre tantos outros. Eles não jogaram a toalha e nos legaram a certeza de que este Brasil tem jeito. Num momento em que a ONU reconhece na biodiversidade um fator definitivo de economia e na sua governança, a base da quarta revolução industrial, a Amazônia oferece as saídas de que precisamos para consolidar uma nova civilização, próspera e sustentável, como sonharam aqueles que desenharam, há 50anos, os acertos, os paradoxos e os avanços da Zona Franca de Manaus.
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