Tenho acompanhado mais ou menos de perto a animação da meninada e da rapaziada (nem sei se ainda é possível usar essas expressões que foram tão comuns no meu tempo de menino), em razão da procura desenfreada para a formação de coleção especial de figurinhas integrada pelos astros das seleções de futebol dos vários países do mundo que vão disputar a próxima Copa FIFA de Futebol, dentre poucos dias.
Dessa vez não entrei, ainda, para valer, nessa disputa/compra/troca/permuta acirrada de adquirir figurinhas, como fiz em tempos outros, e, confesso, sem nunca ter conseguido completar qualquer dos álbuns. Diziam os amigos mais próximos: faltou sorte, e, ainda que eu acreditasse nessa hipótese, o que teria faltado mesmo, segundo meu sentimento, foi paciência.
Em se tratando de colecionismo, enquanto muitas pessoas do meu círculo de amizade gostavam de organizar os mais variados acervos (carrinhos, caricaturas, selos, moedas, cédulas, medalhas, carteiras de cigarro, rótulos de bebida, canetas, santinhos de procissão, pinchas, caroço de botão de tucumã, cartão postal, rolha de garrafas de vinho…), eu me satisfazia formando pequena biblioteca inicialmente com modestos livros adquiridos para uso no grupo escolar, no Instituto de Educação e depois em sebos e livrarias em liquidação.
Não resta dúvida, entretanto, que o colecionismo-seja ele qual for o de preferência do leitor-enriquece de prazer quem a ele se dedica, e, a cada nove item obtido tudo soa como um troféu, uma faixa de campeão, uma medalha disputada com muito suor e depois de longa fase de preparação. Tenho nítido na memória a beleza da coleção de gibis que meu amigo, compadre e jornalista Arlindo Augusto dos Santos Porto, andou reunindo por longos anos e me permitiu expor em salas do Centro Cultural Palácio Rio Negro, a qual obteve enorme sucesso de público. Do mesmo modo, lembro muito bem da qualificada composição de igrejas em miniatura que Aluízio Braga, amigo e professor universitário, fez organizar e manteve em sua casa de residência quase em segredo e, instigado pelo dinamismo que nossa equipe imprimia à Secretaria de Cultura, também nos permitiu expô-la pouco tempo depois de inaugurado o Centro Cultural na antiga sede do governo estadual. Outro grande amigo e colecionador por excelência foi Junot Carlos Frederico, membro e ex-presidente do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, que reuniu precioso acervo de moedas, cédulas, medalhas e condecorações, ao modo do que fizeram o professor Ernando Marques e o advogado Francisco Vasconcellos, todas elas valiosas.
Sei da existência de várias outras coleções especiais em mãos de herdeiros da família de Thales Loureiro, misto de professor e empresário, visto que quase todos os filhos se interessam pela história de nossa terra, naturalmente animados pela educação esmerada que receberam.
De maneira privilegiada fui presenteado, poucos anos passados e em tom de despedida, com coleção de moedas brasileiras das mãos de Gebes de Mello Medeiros, e, ainda mais recentemente, por Suzy Osaqui de selos estrangeiros exclusivamente de autores e obras literárias.
Diante da agitada alegria dos jovens em busca de trocar figurinhas de jogador de futebol, a que assisti empolgado em breve passeio pelo shopping dia desses, acho que vou me arriscar em fazer par com meu neto João Victor (já escritor mirim e medalhista do Kumon) para ver se completo o meu primeiro Álbum de Figurinhas da Copa do Mundo. Quem sabe dessa vez terei sorte e paciência?
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