Manaus, 18 de agosto de 2025

Amazonas: História, Mistérios e Heroísmo

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Recortes Pessoais

Continuação…

Capítulo 12

ZFM:

Pereira da Silva e Artur Amorim

Não há dúvidas de que o modelo Zona Franca de Manaus (ZFM), que completou recentemente 57 anos, cumpriu, se não totalmente, mas ao menos em grande parte, o papel para o qual foi concebido e implementado na década de 60 do século passado pelos governos militares, qual seja, o de promover o desenvolvimento da região, o de cobrir o vazio demográfico que havia, o de garantir a segurança de nossas fronteiras e, via de consequência, o de barrar a cobiça internacional de que a Amazônia sempre foi alvo.

Ele significou, na época, a nossa redenção, depois da fase de penúria que passamos com o fim dos ciclos da borracha. Há quem lhe atribua, nos dias de hoje, a responsabilidade pela manutenção da “floresta em pé”. A propósito, o Amazonas é o estado brasileiro que possui a maior cobertura natural do país, com índices de preservação acima de 90%.

Quero, porém, tratar de duas personagens que foram fundamentais para a criação e para o início das atividades da ZFM, as quais, com o passar do tempo, não são mais lembradas, seja pelas antigas ou pelas novas gerações. Uma delas, inclusive foi quase que totalmente esquecida. Falo das figuras saudosas do deputado federal Francisco Pereira da Silva e do engenheiro Artur Soares Amorim.

Francisco Pereira da Silva foi jornalista, tipógrafo, servidor público e advogado, graduado na Faculdade de Direito do Amazonas, a nossa querida Velha Jaqueira. Foi também, deputado federal pelo PSD/AM de 1946 (constituinte) a 1963. Consta que se teria inspirado na ideia professada pelo escritor e político alagoano Tavares Bastos, que em 1865, em visita ao Amazonas, falou pela primeira vez na possiblidade de Manaus ser uma área de livre comércio. Em pesquisa junto ao site da Câmara dos Deputados, pode-se ver que Pereira da Silva desenvolveu intensa atividade, com outras proposições importantes que se tornaram lei, como a que criou a Comissão Executiva do Plano de Valorização Econômica da Amazônia; a que criou a Escola Técnica de Agronomia de Manaus e a que deu ao Salão Nobre da Casa Legislativa que integrava o nome de “Nereu Ramos”. Seu legado mais importante, contudo, é Projeto de Lei n. 1.310, que se transformou na Lei n. 3173/1957, sancionada pelo presidente Juscelino Kubitschek, a qual criou o então chamado Porto Franco na capital do Amazonas. Em 1972, na porta de entrada do nascente Distrito Industrial da ZFM começou a ser erguida a Praça Francisco Pereira da Silva, popularmente conhecida como “Bola da Suframa”, inaugurada em 1976, sem a sua presença, posto que falecera em 11 de setembro de 1973. A esposa o representou na solenidade.

Artur Soares Amorim, por sua vez, foi um gigante, uma mente privilegiada, que conciliava a notável a capacidade intelectual com a habilidade política. Era engenheiro, formado no Massachussets Institute of Technology (MIT) e, ao lado do Marechal do Ar Casimiro Montenegro, figurou com um dos idealizadores do Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA), localizado em São José dos Campos, São Paulo. Era de uma família de comerciantes tradicionais do Amazonas, a JS Amorim, que atuou em conjunto com a Companhia de Petróleo da Amazônia, de Isaac Sabbá. Destinado às grandes causas, Amorim foi convidado em 1964 para chefiar o gabinete do ministro do Planejamento Roberto Campos. A partir de 1957 recebeu deste a incumbência de presidir o grupo de trabalho da Operação Amazônia, que passou a pensar e a executar políticas públicas para a região, como a substituição da SPVEA pela SUDAM e pela transformação do Banco de Crédito da Borracha em Banco da Amazônia S.A (BASA). Nesta dupla condição, ainda, foi o principal articulador para a reestruturação e a efetivação da ZFM, enfim consolidada pelo Decreto 288, publicado no Diário Oficial da União de 28/02/1967, assinado pelo presidente Humberto de Alencar Castelo Branco. Amorim faleceu em 22 de novembro de 1983. Em 1987 o governo do Amazonas, em sua honra, inaugurou a Escola Estadual Engenheiro Artur Soares Amorim, que fica na zona norte de nossa cidade.

A ambos, os nossos agradecimentos. Foram duas fortes colunas de nossa história. Uma pena que as merecidas homenagens só tenham vindo depois de suas mortes, essa estranha mania de não darmos a quem merece as flores em vida.

Continua na próxima edição…

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