Manaus, 18 de junho de 2025

Amazonas: História, Mistérios e Heroísmo

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Recortes Pessoais

Continuação…

Capítulo 13

Dias de luta ou a vitória na derrota

Ribeiro Júnior

Em textos anteriores desta série eu já tratei da resistência movida pelos manáos e demais nações indígenas, lideradas pelo cacique Ajuricaba, contra os colonizadores portugueses.

A marcha da história, para frente ou para trás, com muita raridade, porém, dá-se de forma pacífica; quase sempre é filha dos grandes ou dos pequenos conflitos. Oscar Arias, ex-presidente da Costa Rica e ganhador do Nobel da Paz de 1987 costumava dizer que “a história da humanidade é uma história de guerras, não de paz”. É por isso que resolvi, no artigo de hoje, revisitar, em benefício de nossos jovens, ainda que em apertada síntese, outros episódios do gênero, cujas tramas se desenrolaram em nossa região e ficaram marcados na memória coletiva como eventos deflagrados por causas justas.

Também já falei sobre a Revolta Autonomista de Lajes, aquela que em 1832 declarou a independência do Amazonas em relação ao Grão-Pará.

Entre os anos de 1835 a 1840 explodiu no Grão-Pará a Cabanagem, nome que deriva das habitações da maioria dos insurgentes, casas de barro, cabanas, cobertas de palha. Os cabanos (índios, pobres e escravos), queriam melhorias em suas condições de vida. O governo regencial, por sua vez, negligenciava os habitantes da região; e as elites locais queriam tomar as suas próprias decisões. A guerra foi terrível. Estima-se que deixou mais de 30 mil mortos. Encabeçaram a rebelião, chegando a governar Belém, Félix Clemente Malcher, os irmãos Francisco e Antonio Vinagre, Eduardo Angelim e Quintiliano Barbosa, de quem se dizia ser único dos cabeças oriundo verdadeiramente das camadas populares. O cérebro de tudo, todavia, foi o cônego Batista Campos, também advogado e jornalista paraense, o qual, com sua coragem e entusiasmo, inflamou mentes e corações. Sob o comando do brigadeiro Francisco José de Sousa Soares de Andréa as forças legalistas retomaram Belém em 1836. Em 1840 as resistências residuais são eliminadas. Ficou o legado, porém, de ser a primeira revolução genuína do povo, em nosso país, que efetivamente tomou o poder. Em Belém foi erguido o Memorial à Cabanagem.

Em Manaus esse raio de esperança e de luta contra o arbítrio também se fez presente com a revolta tenentista de 1924, liderada pelo capitão José Carlos Dubois e pelos tenentes Alfredo Augusto Ribeiro Júnior, Joaquim Magalhães Barata, além dos tenentes da Marinha José Lemos da Cunha e José Azamor, os quais se insurgiram contra os desmandos e a corrupção do governador César do Rego Monteiro.

Ribeiro Júnior, que assumiu o governo, criou o “Tributo da Redenção”, através do qual, pelo confisco e posterior venda de bens tomados ilegalmente pelo estado, pagou os salários em atraso dos servidores públicos. Ele também demitiu e prendeu os corruptos. Em agosto do mesmo ano as forças federais, comandadas pelo general Mena Barreto ameaçou bombardear Manaus, o que fez com que Ribeiro se rendesse. Ribeiro Júnior governou o Amazonas, por pouco mais de um mês, o que foi suficiente para garantir-lhe, no entanto, um lugar no panteão dos heróis de nossa terra.

Continua na próxima edição…

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