Recortes Pessoais
Continuação…
Capítulo 20
BR-319
BR-319- A Crítica
Ali por volta de 1978 ou 1979, não lembro exatamente o ano, eu garoto, acompanhado de meu pai Julian fizemos, de ônibus, o trajeto entre Manaus (AM) e Porto Velho (RO) pela BR-319. Papai queria visitar a pequena cidade onde nasceu, Jaci Paraná, no então Território Federal do Guaporé. E assim o fizemos.
Lembro, como se fosse hoje, da alegria de papai e de meu deslumbramento em poder cruzar, por 885 km, a exuberante floresta amazônica. Era a viagem mais longa que eu já fizera. O clima era de entusiasmo, não apenas nosso, mas também de todos os que, à época, viviam no Amazonas. A estrada, cuja construção iniciara em 1972 e fora inaugurada em 1976, sob o governo militar, tinha o objetivo nobre e visionário de nos integrar, de modo efetivo e expedito, ao restante do país, haja vista que, daqui, somente se saía de avião ou de barco, com os respectivos inconvenientes de preço e de tempo.
Infelizmente, em 1988, em pleno “regime democrático”, ou seja, exatamente há 35 anos, a via foi abandonada… E tornou-se, com o correr dos anos, intrafegável, naquele que se constitui, certamente, como um dos maiores erros históricos da política no Brasil. Sem uma estrada, o Amazonas ficou novamente ilhado e, portanto, apartado, do restante do país.
Daí por diante, houve idas e vindas, discussões e mais discussões, as quais, todavia, não conseguiram destravar os óbices que, volta e meia, foram colocados, por diversos agentes, para impedir a recuperação da BR-319. De um lado existem aqueles que a consideram – e eu acho isso, no mínimo, uma ingenuidade romântica e no máximo uma conspiração antipatriótica – que a via restaurada trará prejuízos à fauna, à flora e aos povos originários; e de outro lado, os ganhos econômicos, logísticos, sociais e fundiários que serão resultado de sua restauração. Nós já sabemos, de cor e salteado que, na atual circunstâncias por que passa o planeta, tudo deve ser feito com base na teoria do desenvolvimento sustentável.
Chegamos, porém, ao limite: o Amazonas precisa da BR-319! E neste sentido é de justiça reconhecer a iniciativa do senador Omar Aziz, da base de apoio ao atual governo, de cobrar, de forma veemente, que os trabalhos relativos à rodovia, sejam priorizados. Ele disse isso, inclusive, na presença da ministra Marina Silva, aquela que tem sido um dos principais obstáculos à BR-319, embora ela tenha respondido, com a singeleza, mas, sobretudo, com e a esperteza do político escolado, que “se a solução fosse fácil já teria sido tomada”, porquanto há muitos anos deixou de ser ministra do Meio Ambiente e, nesse tempo, nada ou pouco se fez…
Os interesses internacionais, infelizmente, têm prevalecido quando o assunto é a nossa região. A eles,
que depredaram todos os seus bens naturais, importa que a Amazonia seja intocada, como uma espécie “de reserva” para as suas eventuais necessidades. Nós, porém, que vivemos aqui, não podemos aceitar mais desculpas ou procrastinações. Urge que a BR-319 volte a ser trafegável. É possível fazer isso e, ao mesmo tempo, desenvolver a região com sustentabilidade. Consciência e condições tecnológicas para isso existem.
Continua na próxima edição…
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