Manaus, 18 de junho de 2025

Amazonas: História, Mistérios e Heroísmo

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Recortes Pessoais

Capítulo 6

Eduardo Ribeiro o tempo não apaga

Foto em preto e branco de pessoa posando para foto

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Eduardo Ribeiro

Eduardo Gonçalves Ribeiro – a história e a memória de vária gerações testificam e propagam isso – foi o maior governador do Amazonas em todos os tempos. Foi o principal responsável pelo plano de embelezamento de Manaus, que acabou por conferir-lhe título de “Paris dos Trópicos”. Ele governou em dois períodos, não muito extensos, mas extremamente produtivos, entre 1890/1891, em substituição ao primeiro governador republicano, Augusto Ximeno de Villeroy; e entre 1892/1896, eleito pela Assembleia Legislativa.

Nessa apertada síntese o que se pretende, evidentemente, é alcançar o público leigo e mais jovem, com o objetivo de neles despertar o interesse pelas coisas, pelos fatos e pelas personagens que ajudaram a forjar e a amalgamar a nossa história. Daí porque ouso dizer que, guardadas as devidas proporções de tempo, de espaço e de circunstâncias, Eduardo Ribeiro revelou-se, no seu trabalho, como uma espécie de Juscelino Kubitschek, o criador de Brasília, com duas extraordinárias diferenças em seu favor: sua obra foi erguida no meio da selva e, substancialmente, com nossos próprios recursos…

Listo, de tal sorte e de maneira alígera, as suas principais realizações: outorgou a primeira Constituição republicana do Estado do Amazonas; estabeleceu o primeiro Código de Organização Judiciária, dando origem ao Tribunal de Justiça; criou a Imprensa Oficial; implantou o sistema de geração e distribuição de energia; implementou o sistema de bondes elétricos; concluiu as obras do Teatro Amazonas; construiu o Palácio da Justiça; o reservatório de água do Mocó; construiu a ponte Benjamin Constant; a ponte dos Bilhares; o Instituto Benjamin Constant; iniciou a sede do governo, que virou o Instituto de Educação (IEA) etc. Foi beneficiado, lembre-se, pelo boom da borracha, embora muito dinheiro disponível, às vezes, não costuma ser bem empregado.

É de se lembrar, porque fundamental para que se dimensione a capacidade não apenas política, mas também de empreendedor de Eduardo Ribeiro, o fato de que ele governou num momento muito delicado, o da transição entre o Império e a República, tendo sido alvo de calúnias, de perseguições, de preconceito de cor e de origem, por parte dos oligarcas locais. A pressão foi tanta que ao fim do segundo mandato ele adoeceu. Diziam tratar-se de doença nervosa, mental. Muito provavelmente, por viver sozinho, sem esposa e com poucos amigos, foi perdendo as forças para uma poderosa depressão, coisa que não se diagnosticava naquela época. Quaisquer transtornos psíquicos, até os mais brandos, eram rotulados como “loucura”. Depois de idas e vindas, inclusive ao exterior, para tratamento, voltou a Manaus e foi encontrado morto em sua chácara, aos 38 anos de idade, no dia 14/10/1900. Causa mortis oficial: suicídio. Há versões de que, em verdade, ele teria sido envenenado. Permanece o mistério.

O professor Robério Braga escreveu, aliás, um livro belíssimo e referencial sobre Eduardo Ribeiro. Ele conta, numa de suas fantásticas palestras, que a oposição ao “Pensador” foi tão terrível que encobriram o seu nome, gravado em pedra e ouro da lateral superior do Teatro Amazonas, o que somente veio à tona por conta de obras de manutenção que ali se fizeram em 2012. Pode-se conhecer vários aspectos da trajetória de Eduardo Ribeiro com Agnello Bittencourt, Mário Ypiranga Monteiro, Antonio Loureiro e Francisco Gomes da Silva, dentre outros grandes historiadores.

Maranhense de São Luís, menino pobre, negro, filho de mãe solteira, um homem que lutou muito para subir na vida, que se tornou engenheiro militar, professor, editor de jornal e arriscou alguma poesia, Eduardo Ribeiro foi o político e o administrador brilhante que o Amazonas e, particularmente Manaus, tiveram o privilégio de contar numa das fases mais necessárias de sua história. Ninguém o superou. Ele aproveitou aquele momento especial pelo qual passávamos para deixar um grande e imperecível legado, que nem o tempo, nem a distância, nem a inveja e a mediocridade conseguiram apagar.

Nos dias de hoje, dias duros de homens moralmente flácidos, precisamos muito revisitar o passado e reverenciar, continuamente, personalidades como Eduardo Ribeiro, clarão benfazejo sobre a selva amazônica.

Continua na próxima edição…

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