Manaus, 16 de setembro de 2024

Amazonas, o que podemos fazer por você hoje?

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Doutor em Engenharia dos Transportes e professor Associado da Universidade Federal do Amazonas, Augusto Cesar Barreto Rocha é diretor-adjunto da Federação das Indústrias do estado do Amazonas, e responsável pelas principais iniciativas que reúnem economia e academia na busca de equacionar os gargalos de transportes na precária logística da competitividade para as empresas do Polo Industrial de Manaus.

Nesta terça-feira, 21 de março de 2023, a cabotagem, o modal de transporte mais coerente com a estrutura fluvial da Amazônia, será objeto de debates em busca de soluções. Exaustos por esperar soluções do poder público, chegou a hora de responder: o que podemos fazer pela navegação de cabotagem no Amazonas aqui e agora? Confira.

Entrevista com Augusto Rocha, professor da UFAM, sobre cabotagem no Amazonas

BrasilAmazoniaAgora – Navegação de cabotagem, dependendo do tipo de mercadoria, é com folga o modal mais adequado para a Amazônia entre as demais alternativas de transporte. Que  fatores de negociação com o setor público poderiam favorecer mais ainda este modal no desafio do desenvolvimento regional?

Augusto Cesar Barreto Rocha: – De fato, o que determina o melhor modal é o produto e a necessidade do consumidor. Podemos ter brócolis viajando de avião ou celulares por caminhões. Tudo depende muito de uma situação particular e interações sistêmicas. Tipicamente a cabotagem (e navegação de interior) será uma grande oportunidade para a Amazônia e deveria ser o modal mais natural, mas estamos muito distantes desta condição, pois não temos os portos e retroportos necessários para isso, nem temos a navegabilidade desejável nos rios.

O setor público poderia garantir um calado maior nas hidrovias, assegurando cerca de 14m em toda a hidrovia do Amazonas até Manaus – isso seria transformador se fosse possível ao longo de todo o ano. Também seria importante uma conexão efetiva e competitiva com todo o interior do Amazonas – o que chamamos de “Porto da Manaus Moderna” – entre aspas porque não é porto nem é moderno – deveria ser um terminal exemplar.

BAA – No caso do Amazonas, onde as taxas portuárias costumam figurar entre as mais caras do país, quais os itens na planilha de custos poderiam assegurar maior competitividade ao Polo Industrial de Manaus?

ACBR – A presença das rodovias, por incrível que pareça, poderia criar a competitividade necessária. É importante que existam alternativas e o Brasil é um país rodoviário – cerca de 67% das mercadorias trafegam por rodovias.

BAA – Custos, sustentabilidade, segurança e larga otimização dos processos logísticos são alguns dos benefícios da navegação de cabotagem. O maior de todos, porém, será aquele que encurtar as distâncias entre Manaus e os demais portos do país. Quais os mecanismos necessários à viabilização desse desafio?

 ACBR – Transformação dos rios em hidrovias e ampla acessibilidade para Manaus por todos os modais. A presença de portos e retroportos para todos os tipos de cargas – em especial no interior do Estado também seria outra oportunidade grande.

BAA – Há quase duas décadas, os empresários do Polo Industrial de Manaus descreveram a infraestrutura logística de transportes como o nosso maior gargalo competitivo. O que mudou de lá pra cá?

 ACBR – Nada. Temos de fato uma piora sistemática, pela ausência de verbas de custeio e de investimentos públicos. Se não fossem audaciosos empresários de transporte, Manaus estaria na condição que estava um século atrás.

BAA – Considerando que os ingleses resolveram o problema com investimentos da logística dos transportes do ciclo da borracha, por que este entrave permanece e,  ao que parece, se agrava na Amazônia?

ACBR – Permanece na minha opinião porque o governo federal e o legislativo nacional não dão importância para o potencial econômico da região Amazônica – o papel institucional é do governo federal e ele não faz seu papel de maneira integral. Este evento é mais uma tentativa de resgate deste papel, deliberando sobre o que precisa ser feito no setor – para cargas e passageiros. São incontáveis oportunidades que seguem sendo desperdiçadas e negligenciadas.

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