Manaus, 30 de junho de 2025

Amazônia e as premissas socioeconômicas e ambientais do desenvolvimento regional

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*Nelson Azevedo

“E não se tratam apenas das vocações específicas de cada município ribeirinho, precisamos criar respostas para as demandas de infraestrutura, revisão de tarifas de transporte, comunicação e energia. Só assim fechamos o círculo da qualificação e garantimos os empregos e oportunidades de gestão inteligente de nosso bioma, de nossa gente e de nossa integração e inserção na dinâmica maior do desenvolvimento regional/nacional.”

Quais são os grandes desafios de gestão da Amazônia no contexto de médio curto e médio

prazo de do desenvolvimento regional? Em Dia de celebração do Meio Ambiente, como enfrentar o problema proposto pela Agenda do Desenvolvimento Sustentável da ONU, Organização das Nações Unidas, que nos pede atendimento às demandas sociais e reposição dos estoques naturais? Eis duas das questões mais cruciais para quem vive e atua na Amazônia com a responsabilidade de gerar riqueza e assegurar que ela alcance seus objetivos sociais no modo sustentabilidade.

Arriscaria dizer que a grande resposta para essas questões vitais pode ser resumida num grande programa de qualificação dos nossos recursos humanos. Qualificação em perfil científico, tecnológico e de inovação e, principalmente, em Educação, com maiúscula, no nível ético, ambiental e social.

O nível dos valores humanos, no trato do fator ambiental florestal amazônico e na maior distribuição da riqueza entre todos que aqui vivem e participam deste imenso movimento de transformação inteligente de nossas potencialidades em oportunidades efetiva de instalação da prosperidade geral.

Prioridade educacional

A economia de acertos e avanços nesta direção está assentada na Indústria da Zona Franca de Manaus, um amontoado de acertos que começa a ser reconhecido e será mantido conforme seus ditames constitucionais de promoção social atrelada à proteção florestal. E como a atividade de transformação socioeconômica e ambiental, a indústria sustentável da ZFM, podemos assegurar que existe uma grande defasagem na qualificação avançada de nossos recursos humanos.

Uma imagem contendo esporte, natação, esporte aquático, homem

Descrição gerada automaticamente

Indústria 4.0

Nossos colaboradores diretos, em torno de 110 mil, precisam, urgentemente, e prioritariamente da atenção d poder público e da gestão dos recursos materiais e ativos financeiros gerados pela indústria. Como falar de quarta. revolução industrial, ou seja, da Indústria 4.0 se a educação em todos os níveis não for prioridade absoluta? A revolução começa por aí.

Desafio de todos

Nossos professores precisam ser tratados como, por exemplo, a cultura japonesa o faz. Afinal, é a eles que entregamos nossos filhos e os filhos deles, para aprender, desde o ensino fundamental, a tratar bem com educação, respeito e reciprocidade de propósitos colaborativos e construtivos.

Isso implica numa mudança estrutural, que inclui iniciativas robustas das condições de ensino, salariais, na gestão do interesse público. Cidadãos e cidadãs bem formadas e comprometidas com o tecido social e o interesse público vão gerenciar o futuro como um desafio de todos e para benefício de todos. Não apenas dos amigos e dos interesses deles. Riqueza é gerada em escala robusta pelo polo industrial de Manaus e a lei é muito clara na sua aplicação e distribuição.

Deploráveis IDHs

E essa mudança, quando se trata de Amazônia, seu desenvolvimento e proteção, precisa ser operada em toda a região e espalhar na direção de país e de quem estiver disposto a atentar para essas premissas. É inaceitável analisar o volume desses recursos à luz dos perfis socioeconômicos de nossa população.

Desenvolvimento regional

Imagem: Beto Macário/UOL

Uma maioria com inaceitáveis e deploráveis indicadores de desenvolvimento humano. É muito importante anotar que essa cobrança com frequência é direcionada ao setor produtivo, como o grande beneficiário e privilegiado da contrapartida fiscal. E isso é absolutamente improcedente. Basta analisar os portais da Receita Pública e balizar o volume dos recursos que são repassados pelas empresas.

Indústria e Educação

Minha vida profissional começou na gestão da UTAM, Instituto de Tecnologia da Amazônia, da qual saiu a UEA, Universidade do Estado do Amazonas e sua diversificação acadêmica. Há quatro décadas, já estava atuando nas empresas do Distrito Industrial, quando iniciamos o Curso de Nível Técnico em Informática na UTAM, já atentos às demandas da revolução tecnológica em curso.

Nossa obrigação era nacionalizar a tecnologia, que chamávamos de know-how. Além do ensino médio, e simultaneamente à graduação, formatamos o curso de Tecnólogos, em diversas áreas, como se faz nos países industrializados. Havia, pois, muito mais aproximação entre Indústria e educação tecnológica. Por que não retomar em larga escala essa cultura da qualificação?

Ajustes na grade curricular

Ademais, temos unidades da UEA e muitas da própria UFAM nos municípios do interior. Por que não ajustarmos a grade curricular em sintonia com as vocações econômicas de cada região, calha de rio, numa visão multidisciplinar e ajustada às necessidades de cada comunidade?

E não se tratam apenas das vocações específicas de cada município ribeirinho, precisamos criar respostas para as demandas de infraestrutura, revisão de tarifas de transporte, comunicação e energia. Só assim fechamos o círculo da qualificação e garantimos os empregos e oportunidades de gestão inteligente de nosso bioma, de nossa gente e de nossa integração e inserção na dinâmica maior do desenvolvimento regional/nacional.

*Economista, empresário e presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, Conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM.

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