Manaus, 21 de novembro de 2024

Amazônia, hora de pensar o futuro

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Durante minha palestra sobre socioeconomia da Amazônia apresentada no último dia 8 perante o Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos – GEEA, do INPA, enfatizei que a exploração sustentável da biodiversidade e do ecoturismo configura o novo desenho que norteará o processo de desenvolvimento da Amazônia no futuro próximo.  Fórum de discussão multidisciplinar, o GEEA tem se constituído em fórum especial de análises e debates de temas relevantes sobre a economia regional.

Efetivamente, o setor industrial, tal qual estruturado no Polo Industrial de Manaus (PIM), com o passar do tempo,  em que simultaneamente se submeteu a certa acomodação quanto ao processo de crescimento tecnológico mundial,  tornou-se, em termos  relativos, o setor tradicional da economia da Zona Franca de Manaus (ZFM). Não tem mais como se expandir em função da inelasticidade da demanda do mercado consumidor brasileiro ao qual sua produção basicamente se destina. O PIM, além de atender apenas ao mercado interno, é de baixo valor agregado. Não apresenta padrão tecnológico capaz de  enfrentar os competidores internacionais, notadamente japoneses, coreanos do sul e chineses,  sem mencionar os oriundos da Europa Ocidental e dos Estados Unidos.

Evidentemente, o Polo Industrial de Manaus, mesmo a despeito do formato de baixo conteúdo tecnológico (de processo e produto) não irá certamente desaparecer diante do padrão de alta competitividade internacional alcançado pelos produtores asiáticos. Permanecerá, contudo,  restrito ao mercado doméstico, mesmo assim sujeito a concorrência estrangeira cada vez mais acirrada. Tudo indica que terá cada vez menos peso relativo no contexto da economia amazonense e da região.

Diante desse cenário, o setor moderno, o futuro da Amazônia, está indissoluvelmente ligado à exploração dos produtos da biodiversidade (fármacos, cosméticos, biotecnológicos, bioengenharia, bioenergia, nanotecnologia, além de serviços ambientais e ecoturismo). Seu aproveitamento econômico demanda, entretanto, altos investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Para tanto a região precisa tornar-se, de um lado,  prioridade nacional, e de outro, que o governo estadual acredite firmemente nessa perspectiva, dedicando-lhe a indispensável e definitiva atenção via políticas econômicas compatíveis.

Nesse sentido todas as forças de ensino e pesquisa precisam congregar-se e ser empregadas nessa direção. INPA, EMBRAPA, a Universidade e o CBA deverão trabalhar absolutamente sincronizados a esse novo parâmetro industrial. Isto é, pesquisar e desenvolver produtos para o setor produtivo explorar de acordo com o potencial sócio ambiental da região. Fundamental conseguir emprestar uniformidade produtiva às  prioridades e, com efeito, definir os campos a serem explorados. Essencialmente, os objetivos e metas prioritários devem resultar das  vocações de cada mesorregião, dos vales e calhas da bacia.

Eleitas as prioridades (piscicultura, mineração, produção de alimentos, biofármacos, biotecnológicos, e assim por diante) tem-se configurado os passos a serem percorridos ao longo do tempo. Quanto mais precisamente estruturados maiores serão as possibilidades de bons resultados com garantia de benefícios sociais e econômicos. Além do mais, estaremos retornando ao modelo econômico do passado em que o interior sustentava as cidades, ao contrário de hoje. A exploração da biodiversidade ocorrerá a partir de atividades cujas matérias-primas são extraídas da fauna e flora com uso intensivo da mão de obra local. Emprego e renda, portanto, garantidos a esses estratos sociais.  Fundamental o monitoramento, controle, avaliação e permanente medição dos retornos alcançados em cada etapa do projeto de transmudação, de conversão do atual modelo ao futuro paradigma social, econômico e ambiental expresso no novo desenho da economia local. Vencer gigantesco desafio só com muita competência e determinação.

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