Eleições vieram e se foram,e mais uma vez a Amazônia ficou de fora dos debates. Independentemente da linha partidária do candidato, nenhuma proposta concreta sobre plano de desenvolvimento da Amazônia. O fato inelutável consiste em que a região continua ignorada pelo governo e a classe política. Não se observa, como nos anos 1960 e 1970, manifestações explícitas a respeito de como explorar os recursos de sua biodiversidade, enquanto persistem os desmatamentos terra arrasada. São historicamente insuficientes os investimentos programados para PD&I, o fortalecimento do sistema de ensino, da universidade e dos centros de pesquisa, únicas vias de promover a exploração racional com sustentabilidade da região.
A comunidade local aparenta ignorar, ou finge ignorar, essa indiferença do governo Federal que se reflete de forma mais eloquente quando se constata a carência de planos para o saneamento, a saúde, a segurança, a educação ajustada às assimetrias geopolíticas da região; a cerca do sistema rodoviário e do aproveitamento das abundantes reservas hídricas. Nenhum gesto sobre o transporte aquaviário e o aproveitamento racional dos meios naturais de navegação, integração e complementação das economias da Amazônia sul-americana – a Panamazônia, ou no que se refere a programas para a geração de emprego e renda no interior por meio da produção agropecuária e do turismo ecológico. Nesse meio tempo, a Amazônia mantém-se misteriosa, exótica, eterna aposta do Brasil para o futuro. Quando, ao contrário, a região Norte, a Amazônia brasileira, integrada à Panamazônia têm soluções concretas para o hoje e o futuro a partir das riquezas (inexploradas) de sua biodiversidade.
Provavelmente, a grande maioria tomou conhecimento dos resultados do IDEB 2013 – índice que mede a qualidade do ensino nos ciclos fundamental (1º a 9º ano) e médio de escolas públicas e privadas de todo o Brasil. Média nacional: 3,6 (muito distante das nédias dos países Brics). Apenas quatro estados atingiram as metas individuais de qualidade do ensino médio, estipuladas para 2013, de acordo com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) divulgado, enquanto 16 estados tiveram queda de desempenho em relação à pesquisa de 2011 e os demais melhoraram, mão não o suficiente para alcançar as metas individuais.
O Amazonas tinha a projeção de desempenho mais baixa, de apenas 3 pontos, e alcançou 3,2; Pernambuco ficou com 3,8 e superou a meta de 3,6; Rio de Janeiro e Goiás ficaram com nota 4, enquanto suas metas eram 3,8. No Pará o nível de Educação conseguiu superar o que já era ruim: foi o pior desempenho do Ideb 2013 entre os 27 estados brasileiros mais o Distrito Federal.
O Ideb é medido a cada dois anos, seus resultados medidos numa escala que vai de zero a dez . A meta é alcançar o índice 6, o mesmo resultado obtido pelos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), quando se aplica a metodologia do Ideb em seus resultados educacionais – 6,0 foi a nota obtida pelos países que ficaram entre os 20 mais bem colocados do mundo.
Efetivamente, o Brasil está muito longe de proporcionar aos jovens uma educação de qualidade. E o governo brasileiro ainda tem a ousadia de se vangloriar de haver promovido uma revolução no setor. Representações parlamentares fugindo do exame da conjuntura social e econômica de nossa região até pode ser normal, pois raros são os que se preocupam de verdade com as diversidades geopolíticas do País. Entretanto, eleitores de modo geral, algumas categorias de professores, pesquisadores, educadores e profissionais liberais de diversas categorias, além de estudantes e classe trabalhadora ignorarem ou fingirem não atentar a tal omissão já é um descalabro. Aceitarem tais anomalias pacificamente, a elas não se insurgirem, trata-se inquestionavelmente de um absurdo inaceitável e deplorável. No mínimo denota extremo alheamento e desprezo para com o futuro da região e do País.