Manaus, 12 de março de 2025

Amazônia, sustentabilidade e a Livraria Nacional

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Em 22 de março de 2025, a Livraria Nacional comemorará cinquenta anos, uma data histórica, considerando que a mesma se credencia como a livraria mais antiga em funcionamento ininterrupto, em Manaus. Uma luz que tem iluminado a vida de várias gerações de amazonenses, distribuindo cultura e esperanças por um futuro melhor. Nessa oportunidade, parabenizo o José Maria e seus familiares por esse longo ‘casamento’ de sua bonita e prestigiada Livraria com a população amazonense, e por esse evento que muito nos orgulha. Agradeço-lhe por sua generosidade em me convidar para lançar quatro livros autorais durante esse importante evento. Portanto, por meio desse importante Blog do Francisco, convido os amigos, os professores, os estudantes e a sociedade em geral para prestigiar esse lançamento que acontecerá dia 22 de março de 2025, das 10 às 13 horas, na Sobreloja dessa Livraria, Rua 24 de maio, 415, Centro. A Amazônia é o fio condutor dessas quatro obras que abordam, por meio de intervenções intersubjetivas, diversas temáticas que a imbrica nos processos mundiais.

“Sonhos de Miguel” é um ensaio ficcional, que traduz um diálogo com o pensamento universal, ou, em outras palavras, com o nosso processo civilizatório, por intermédio de Miguel e seu avô. Este livro origina-se de uma primeira obra autoral, chamada “Miguel e sustentabilidade”, publicada por uma editora portuguesa em 2016. Essa edição foi reestruturada e atualizada com a inclusão de diversas temáticas contemporâneas, de impacto global, tais como: desigualdade social, mudança climática, injustiça ambiental, Covid-19 e as duas guerras mais cruéis em curso, “Rússia–Ucrânia” e “Israel–Palestina”. Essa nova edição foi também enriquecida com a incorporação de diversas representações simbólicas de nossa região. O livro foi construído para o público infantil e juvenil, essa era a intenção inicial, mas, acredito que acabou se materializando como um diálogo dirigido à sociedade, em forma ampla, e aos processos mundiais centrados na sustentabilidade.

“Amazônia, nosso amor” e “Amazônia e as crianças da sustentabilidade” são duas obras no formato de poemas. Trata-se de uma tentativa de divulgar e difundir a importância da Amazônia para nós, para o Brasil e também para o mundo, numa linguagem mais intersubjetiva. Isso era muito comum no continente europeu, durante o final da Idade Média. Na verdade, há total ignorância por parte das crianças e da sociedade brasileira sobre a importância e o significado da Amazônia para as pessoas e também para o mundo. De certa forma, a Amazônia é mais valorizada pelos demais países do que pelo Brasil, o que pode parecer um contrassenso. Infelizmente, há uma crescente tendência de que ela seja destruída cultural e ecologicamente, com grande contribuição do próprio poder público. Logo, trata-se de modestas publicações dirigidas à educação científica e literária de nossas crianças, ainda submetidas a uma formação educacional de meio expediente, precária e de péssima qualidade. Uma tragédia em curso, na região do planeta que melhor representa a era da sustentabilidade, principal referência do Antropoceno. Infelizmente, nossas instituições de educação não estão se preparando para a educação da sustentabilidade espiritualizada e globalizada. A Amazônia deveria ser o centro irradiador dessa concepção de educação que vai vigorar durante todo o século 21. As universidades públicas e privadas, com poucas exceções, ainda não conseguiram apreender a dimensão civilizatória, que tem na Amazônia a sua principal referência epistêmica e metodológica para a construção de modelos de desenvolvimento sustentável. Nós estamos vivenciando um período de transição do mundo descartável ao universo sustentável, real e virtual. Portanto, esses livros apresentam elementos inovadores para a reestruturação dos fundamentos da educação dos cientistas, dos economistas, das tecnologias, da antropologia, da filosofia e de outras áreas de conhecimento organizado. Preocupam-se com a formação das crianças para o universo da sustentabilidade, pois, brevemente, elas serão responsáveis pela materialização e pela gestão desse tipo de desenvolvimento econômico, em âmbito local e global. Portanto, esses dois livros foram concebidos e elaborados com o propósito de construir elementos que possam suscitar debates sobre a seguinte questão: como formar os nossos futuros profissionais, a partir da Amazônia, para atuarem na era da sustentabilidade. Eles reafirmam que as crianças são o nosso principal tesouro, e que elas deveriam ser mais protegidas e preparadas para o aperfeiçoamento do futuro da Amazônia e do planeta.

Finalmente, o quarto livro, “Metamorfoses da sustentabilidade: visões fantásticas da Amazônia”, apresenta um contraponto radical contra a destruição cultural e ecológica dessa região fantástica, assediada e expropriada desde a chegada dos europeus na região. Uma agonia crescente em direção à sua morte anunciada, com alguns momentos dramáticos. Ilustro, por intermédio de dois cenários emblemáticos: durante a Covid-19, em Manaus, dezenas de pacientes contaminados por esse vírus morreram por falta de oxigênio, idêntico à morte de um peixe fora da água; e, posteriormente, o fogo persistente nas suas florestas, suas fumaças e o mercúrio na sua bacia hídrica, apodrecendo os ambientes e as nossas saúdes, tudo sendo transmitido em tempo real para o Brasil e o mundo. Há total falta de humanismo, e também de misericórdia de nossos governantes com a saúde e o futuro dos seus eleitores, das crianças e, mais grave, a ausência de uma política de desenvolvimento consistente e vocacionada.

Embora os fundamentos e as ações políticas e econômicas que aceleram a morte da Amazônia estejam descritos e analisados em vários livros disponibilizados no mercado editorial, “Metamorfoses da sustentabilidade” inverte a lógica desse tipo de narrativa. Apresenta a Amazônia como a própria narradora de sua história, por meio de uma abordagem prospectiva, ela apresenta o seu ponto de vista sobre as formas de ocupação e expropriação do capitalismo em seus domínios territoriais. Demonstra que os governantes não sabem como desenvolvê-la, em bases sustentáveis, drama que a persegue desde a chegada dos europeus na região.

Finalizo esses breves comentários, reafirmando o convite para vocês estarem presentes na comemoração dos cinquenta anos da Livraria Nacional, pioneira na construção da sustentabilidade amazônica. Parabéns, José Maria.

Manaus, 6 de março de 2025

Marcílio de Freitas

 

 

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