Manaus, 21 de novembro de 2024

Cancioneiro da Lili

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Continuação…

O AMANHECER NO MAR DE FORTALEZA

I
Já vai longe a vela da jangada que se eleva na
—————————–{ claridade das ondas
afaga os olhos da manhã de asas abertas nas
—————————–{ lâminas do mar.

Nas águas verdes bóia a alegria da cidade
—————————–{ amanhecida
com a aragem lançada ao rosto agora deitada
—————————–{ sobre o mar.

Minha bela esposa vê acontecerem as cores da
—————————–{ beleza
nas ondas longas e amplas do mar de Fortaleza.

II
Águas de algodão
aladas velas de azul e salmão.

Negros escombros
navios escuros
rubros assombros.

As velas se perdem
e os jangadeiros desaparecem.

O corpo todo
acorda ao sol
no ardor do fogo.

III
Linha do horizonte
acordam as nuvens
fumos de bronze.

O mar escreve
nas raias longas
a imagem breve.

Âncoras negras
os transatlânticos
sem navegar

sentem-se presas
de um novo dia
de um novo mar.

IV
Os jangadeiros com as velas de triângulos de
——————————————–{ pano
navegam entre mar e nuvens,
vão buscar o pão de cada dia para os filhos,
na graça de navegar no caminho das espumas da
—————————————-{ chuva de caju.

Os ventos de setembro agitam as ondas
puxam os nossos pés para dentro do mar
e sugam os corpos tostados de sol e sal.

Tudo parado no horizonte,
os barcos ancorados no Porto de Mucuripe,
as pedras mostradas nos seus dorsos ásperos
saradas de limo no ar.

Amanhece no mar.

Fortaleza, Praia de Mucuripe,
18 de setembro de 2015.

FIGOS VERDES

Ao sol vejo os figos
nos galhos verdinhos,
voam sobre a figueira
os passarinhos.

Vou à figueira verde
ver os seus frutos,
eles se mostram lindos
mas não maduros.

Ao meu querido amor
amadurecem
os figos na figueira
quando aparecem.

Roxos nos galhos verdes
que aí precisam
dos cuidados das aves
que os apreciam.

Sinto-me um ser agreste
de gestos graves,
penso esconder os figos
das pobres aves.

Manaus, sítio do Geraldo, 1º./11/2015.

PEQUENO ROMANCE DO SÍTIO

Cheiro de folha molhada
chuva de fim de verão,
a Amazônia traz no verde
a sua única estação.

Cofia o sanhaço as penas,
outro sanhaço chegou,
enxugam da chuva as asas,
a tempestade passou.

Japiins perto dos ninhos
alertas ficam de espia,
sacos tecidos de talas
nos galhos da copaíba.

Recolhem-se os passarinhos
e só o som do aconchego
a gente escuta nos pios
entre as folhas do abieiro.

Chega à mesa o bom almoço
o sol forte retornou
vibra no ar um alvoroço
do bom tempo que chegou.

Manaus, sítio do Geraldo, 2/11/2015.

MÃOS DO NATAL

Desenhaste e teceste as imagens afetuosas
dos objetos da ceia de Natal deste ano,
os suportes de mesa, os portas-guardanapo
e os protetores de talheres com os símbolos da
———————————————{ festa.

Viajaste a muitos lugares só pensando no mimo
com que agraciarias os amigos na festa do
———————————————-{ Natal,
passaste dias e noites e invadiste as
—————————————-{madrugadas
no acabamento desses simples objetos de amor.

Valeu a pena dialogar com a diligente
———————————{vendedora
da loja de tecidos e com o carpinteiro atento
aos teus desenhos nas lâminas de madeira
para os portas-prato com os motivos do Natal.

A ceia deste ano multiplicou-se com o produto
das tuas mãos, e nas mesas dos amigos lá
—————————————–{estavam,
como o símbolo da partilha desejada pelos filhos
d o Senhor.

Natal de 2015.

A IMAGEM DE DEUS

A paisagem de ontem restaura-se mais bela,
as ingazeiras cobriam as lâminas do rio,
passam cardumes de peixes nas águas
————————{ encrespadas,
a imagem de Deus renasce das flores.

A imagem de Deus restaura-se mais viva
que a sombra das ingazeiras no espelho das
—————————————–{ águas,
prende-se ao coração nos milagres de sempre,
onde sempre sua casa se enfeita de jardins.

Às vezes a paisagem é prosaica e desgalhada,
a imagem de Deus se fixa onde estamos,
como um pássaro arisco apressado no seu vôo
e através das janelas nos olha e vai-se embora.

A imagem de Deus floresce no caminho
e fica mais visível em nossas alegrias,
disponível às preces na limpidez das águas
mais enraizada em nosso coração.

Páscoa de 2016.

Continua na próxima edição…

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