Os pinheiros desgalhados
com as agulhas dos ramos misturadas ao pó
erguem os braços ao céu,
implorando piedade.
As pinhas dos enfeites de Natal
perderam a côr e o viço
e jazem pelo chão.
É a chuva ácida, vinda das terríveis chaminés,
derrubando os pinheiros altaneiros.
E o fogo do país industrial,
é a cinza dos produtos,
é a fumaça das multinacionais.
Tudo se transformou em gotas de veneno
transformando a floresta em cemitérios.
E eu que nascei na terra de uma chuva boa,
que fecunda, que alegra, que refresca,
tenho pena dos Alpes magníficos,
das florestas alpinas
tão castigadas pela chuva ácida da maldade dos homens.
Mas vejo que na Amazônia
nós não estamos longe do f1agelo.
Convivemos com ele.
O nosso ácido vem pela mão dos homens
manejando as selvagens moto-serras,
golpeando com os machados as árvores robustas.
O nosso ácido vem, mas por meio do fogo
vem das nuvens escuras das queimadas.
E preciso criar uma nova consciência de amor à Criação.
É preciso descobrir no Norte e no Sul do mundo,
na Amazônia e nos Alpes,
um Deus que aí habita,
e respeitá-LO e amá-LO.
Suíça, 1986
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