Manaus, 27 de julho de 2024

Fundação de Itacoatiara

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Recebi a noticia do lançamento desse livro há pouco mais de uma semana e embora goste de vir a esta cidade. Onde já estive por dezenas de vezes, não me sentia psicologicamente preparado para enfrentar, na direção de um carro, os duzentos e tantos quilômetros de distância, que nos separam, e melhor talvez fosse assim, pois agora aproximam a Velha Serpa desse buraco negro, sorvedouro de seus filhos e de seu progresso, a cidade de Manaus. Na verdade são duas estrelas gêmeas da vasta constelação urbana da nossa terra amazonenses, em que uma sorve, pela proximidade toda a energia da sua companheira e irmã. Apesar desses problemas elas sempre estarão ligadas por laços históricos e culturais indissolúveis, até se tornarem um aglomerado gigante. Na verdade os meus 73 anos já me impedem de realizar sozinho essa  aventura, tantas vezes antes efetuada, no tempo do barro liso, das balsas, da mata virgem, das lanchas e de teco-teco. Sem esquecer que meu irmão de sangue João Augusto Loureiro, foi que abriu essa estrada  de Itacoatiara no igarapé do Tucunaré, com seu acampamento às margens do Urubu, embora muitos desejem apossar-se dessa glória.

Já havia decidido em não vir e tinha até pedido ao irmão Dib Barbosa, que me representasse nessa grandiosa festa, apresentando os meus cumprimentos ao autor, amigo e membro destacado da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas,  as mais antigas instituições culturais do nosso Estado, perto de complementarem o centenário, as quais também tenho a honra de pertencer.

Mas eis que vem o apelo do amigo sincero, daquele que fez o discurso da minha recepção na Academia, daquele que não cultua a antropofagia cultural, politica e econômica da nossa terra, a da tradição indígena de aliar-se ao recém-chegado , para devorar ou destruir os seus conterrâneos, que lhe façam ou possam lhe fazer sombra.

E o apelo sincero dizia: “Os alunos da Universidade querem conhecê-lo e eu faço questão da sua presença”, por isso não resisti e aqui estou presente, atendendo chamado do Francisco.

Francisco Gomes da Silva nasceu nessa cidade, em 1945, e ela deve orgulhar-se de ter um filho da sua qualidade, pois ele estudou e se projetou no cenário amazonense, chegando ao topo, por esforço próprio e perseverança nata. Formou-se advogado, em 1972, na nossa querida Faculdade de Direito do Amazonas e em decorrência foi Promotor Público Estadual em diversos municípios. Na politica destacou-se como vereador em sua terra natal e suplente de deputado estadual. Exerceu diversos outros cargos em nosso estado, inclusive o de Diretor Fundiário do INCRA. Mas a sua vida se completou com o seu interesse desmedido e meritório pela Historia, e em particular pela Historia do seu estado e, principalmente da sua cidade – Itacoatiara.

E aí está a sua produção literária que lhe deu a glória de participar das duas quase centenárias e mais importantes instituições culturais livres do Amazonas: o Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas e a Academia Amazonense de Letras, livres por que fora dos controles estatais, religiosos, ideológicos e partidários, que afligem as demais, pois as Ciências,, Artes e Letras só podem florescer e prosperar onde existam Amor e Liberdade.

Assim, Itacoatiara deve-lhe uma homenagem em vida, pelos seus treze trabalhos dedicados a recompor o passado e o presente da sua terra. E Francisco não se cansa, já estão sendo preparados outros quatro volumes:

Personalidades e Coisas de Itacoatiara;

As Pedras do Rosário;

Volumes 02 e 03 da trilogia “Itacoatiara 330 anos”, da qual FUNDAÇÃO  DE ITACOATIARA, ora lançado, é o primeiro.

É neste volume que vamos conhecer os primórdios dessa querida cidade, fundada no Médio Madeira, com o nome de Mataurá; depois transferida para o emaranhado de paranás do Baixo Madeira, onde recebeu o nome de Abacaxis, para, finalmente, estabilizar-se no lugar atual, sob a denominação portuguesa de Serpa, no momento em que o Estado Português resolveu ocupar as missões religiosas, a quem tinha encomendado índios e doado terras, no século XVII, pelo temor de ver a Amazônia transformada em uma gigantesca república indígena de cunho religioso, como idealizara o padre Antonio Vieira, idêntica a que se instalou no Paraguai – o 5º Império Universal.

FRANCISCO GOMES DA SILVA não é um nome da ser esquecido pelo povo de Itacoatiara, assim eu espero, ele deve ser encarado como aquele que deu uma base histórica verdadeira, para a sua gente, que a localizou na linha reta e interminável do tempo.

Parabéns, Francisco, e obrigado por este teu novo livro.

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