As crateras dos meteoritos do Rio Curuçá (Am)
Na manhã de 13 de agosto de 1930, os céus do alto Javari e do seu afluente Curuçá avermelharam. Logo se seguiu uma chuva de poeira, um assobio e um estrondo semelhante a um gigantesco trovão ribombando como uma bomba gigantesca, ouvido desde Tabatinga, e minutos depois um tremor de terra, tudo produzido por um meteoro, que antes de atingir o solo dividiu-se em outros três, tendo o maior 50 metros de diâmetro.
O impacto, seguido da explosão, foi equivalente ao de uma bomba atômica de 6 a 7 megatons, produzindo uma cratera de um quilômetro de diâmetro, localizada na latitude de 5º S e na longitude de 71º 5” W, e correspondendo aos restos do cometa Swift-Turtle
É possível que a queda desse meteoro tenha concorrido para o deslizamento do barranco do rio Javari, levando junto com ele a cidade de Remate de Males, então com uns três mil habitantes, que depois se mudaram para Atalaia do Norte e Benjamim Constant.
Aqui foi o local onde minha avó Liberalina Accioly de Menezes, depois Loureiro, e a minha prima Liberalina Accioly de Menezes Veiga, depois Weil nasceram respectivamente, em 1888 e 1889.
O fato foi registrado pelo padre capuchinho Fedele D’Alviano e publicado no jornal Il Oservatore Romano, em 1931.
O astrônomo inglês Bailey, em 1995, reviu o caso. O observatório de São Calixto, em La Paz, registrou o evento na hora exata e como um tremor local de superfície.
As crateras formadas são elípticas, o que indica ter o bólido entrado na atmosfera no ângulo de 20º, pois só acima de 20º é que as crateras são circulares.
A expedição brasileira ao local foi organizada, em 1997, pela Rede Globo e Televisão ABC da Austrália, acompanhadas por membros da Fundação Nacional do Índio, pelo sertanista Sydney Possuelo, geólogos e Ramiro de La Reza, pesquisador do Observatório Nacional do Rio de Janeiro, constatando a existência das crateras e a possível queda de gelo sujo.
Foi o segundo maior evento do tipo, no século XX, superado apenas pelo fenômeno de Tunguska, na Rússia.
Remate de males, Javari, em 1904.
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