Manaus, 9 de dezembro de 2023

Histórias esquecidas

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A indústria farmacêutica amazonense

No final do século XIX e início do século XX a indústria farmacêutica mundial baseava-se na produção de medicamentos de origem vegetal e apenas começava a introduzir uns poucos medicamentos alopáticos, baseados em sais minerais, que com o tempo controlaram o mercado. Na sua maior parte seriam medicamentos duvidosos, agindo mais pelo seu efeito placebo, pois não existiam as técnicas de produção adequadas, os controles de produção dos seus componentes, os testes de qualificação duplamente cegos, o desconhecimento da dimensão dos mercados, a falta de pesquisas, entre outras necessidades para o desenvolvimento de uma produção em escala, sendo ela, na sua maior parte local, vinculada às grandes farmácias.

A produção de medicamentos em larga escala talvez tenha começado com a produção de soros e vacinas, inicialmente a de linfa antivariólica, a do soro antitetânico, e outros, logo multiplicados da França, para todos os Institutos Vacínicos do Mundo. Depois a Alemanha revolucionou a medicina com os primeiros quimioterápicos e ali apareceram os grandes laboratórios farmacêuticos a partir da sua indústria química, e logo muitos se formaram na França, Suiça, Inglaterra e Estados Unidos.

Devido a isso algumas farmácias de Manaus desenvolveram, nessa época, uma indústria local de produtos oficinais e alguns de origem química, até que fossem superados pelas indústrias multinacionais e multiestaduais de medicamentos, embora alguns deles ainda existam até hoje, pela sua popularidade e efeitos.

Tinham em belas embalagens de papelão e vidros coloridos, sendo comercializados em Manaus e no interior, e distribuídos em todos os seringais, apesar de suas discutíveis ações e da concorrência das suas congêneres do Pará e algumas francesas. Até algumas farmácias do interior e do Acre também tinham produtos próprios.

Entre as farmácias produtoras de medicamentos de Manaus escolhemos como representativas dessa época a Farmácia Borba e a Drogaria Universal, cujos anúncios aparecem na Revista da Associação Comercial.

Ambas possuíam em suas dependências consultórios médicos, situação que só entrou em desuso, na década de 1970.

Em Manaus, iniciou-se a fabricação do Leite de Colônia, pela firma Studart & Cia, que, em 1926, exportou 1812 caixas, e, em 1928, 3.821 caixas do produto, para fora do Estado.

*Historiador. Membro das Academias Amazonense de Medicina e de Letras, e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas.

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