As fadas da Aguieira
As Beiras Alta, Baixa e Litoral, em Portugal, talvez sejam os últimos locais da Península Ibérica, onde ficou registrado o nome dos seus mais antigos habitantes: os iberos, que na realidade correspondem ao nome Ibéria, que por uma transposição de letras transformou-se em Beira. Nelas viveram, sucessivamente além desses antigos iberos, os celtas, os romanos, os germanos de diversas tribos, os árabes, os mouros e os judeus, dos quais todos os beirões possuem percentuais genéticos variáveis.
Por três vezes já lá estive em busca dos 25% da minha ancestralidade visitando Viseu, Silgueiros, Póvoa Dão, Pardieiros, Aguieira, Canas de Senhorim, Carvalhal Redondo e outras pequenas povoações próximas umas das outras, com a serra da Estrela a leste, as quais todas juntas devem atingir uns 40.000 habitantes.
Antes dos romanos, ali foi domínio dos lusitanos de origem celta, que viviam dos dois lados da fronteira hispano-portuguesa, na transumância anual de seus rebanhos de bodes, cabras e ovelhas, entre a Estrela, no verão, povoada de alcateias, e a região até o rio Dão (Davon), no inverno, em Portugal, ou pela meseta de Salamanca, em Leão.
Aqui viveu o caudilho lusitano Viriato, em Cabanas de Viriato, resistindo até ser derrotado pelas Legiões do Império Romano, estacionadas na Estrela, no acampamento da chamada Cava de Viriato, em Viseu, ou na Aguieira, onde teriam sido fincadas algumas águias romanas. Legiões em que se incluíam judeus que haviam combatido a favor e contra o Império, nas Guerras Judaicas.
Na região, além dos restos arqueológicos, ficaram outros rastros da passagem desses celtas lusitanos, que talvez sejam a origem dos atuais irlandeses e escoceses, na sua imigração, para a Grã-Bretanha. Entre eles, nessas nossas andanças identificamos o grande carvalhal da Cava de Viriato e a localidade de Carvalhal Redondo, o resquício de um bosque druídico. Mas tudo isto para contar uma fantástica história.
Visitando o querido parente Antonio que moram na Aguieira, em uma das minhas incursões maçônicas a Portugal, em uma noite fria de novembro, ficamos até mais tarde à beira da lareira de sua magnífica residência saboreando castanhas assadas e degustando uma boa jurupiga, por ele produzida em sua quinta, uma bebida em que o processo de fermentação é interrompido com a adição de álcool.
Cai em sono profundo, mas por volta da meia noite acordei-me e senti que sobre mim volteavam como pirilampos fosforescentes, pequenas fadas, umas quatro, que alegremente se identificaram como almas ancestrais, que vinham me fazer uma visita.
No dia seguinte: 1º de novembro, comemora-se o Dia de Finados, em Portugal, o dia do Terremoto de Lisboa, em que dezenas de milhares de pessoas faleceram em Portugal e no Marrocos, por este acidente natural destruidor, seguido de um maremoto.
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