Manaus, 26 de julho de 2024

Honras e glórias

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Foram múltiplas, justas e merecidas as homenagens prestadas por entes públicos, agentes políticos, família, amigos, intelectuais, entidades culturais e empresariais e a sociedade amazonense à memória do professor e escritor Samuel Isaac Benchimol, por ocasião da passagem do centenário de seu nascimento, recentemente transcorrido.

Homem de muitos saberes e talentos, dotado de particular compreensão do mundo e de formação moral ilibada, Benchimol angariou ao longo da sua passagem terrena a admiração e o respeito de quantos puderam conhecê-lo, seja no exercício da cátedra de Economia Política da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Amazonas, na inovação do curso de Introdução aos Estudos da Amazônia, nas inúmeras palestras e conferências que proferiu em várias instituições nacionais e internacionais de renome, pela publicação de centena de obras de alto valor científico, seja na vida cotidiana na cidade de Manaus onde nasceu e a qual dedicou o melhor e os mais proveitosos de seus esforços acadêmicos e empresariais.

Dias depois dos eventos festivos de honras e glórias que reuniram uma gama seleta de personalidades preocupadas com o desenvolvimento e a proteção eco-econômico-social da Região Amazônica, conversando com o ilustrado Acadêmico Sergio Cardoso – a quem respeito e admiro pelo talento e empenho em favor das manifestações da arte -, fui lembrado de mais uma significativa contribuição de Benchimol a Manaus, às letras e às artes e que não teria sido referenciada aquando dos festejos centenários: o salvamento de importante imóvel da Rua da Instalação, que fora empório comercial e sede do Banco do Estado de Roraima e sobre o qual se comenta haver outros valores simbólicos.

Tem razão o artista e dramaturgo. Samuel promoveu o salvamento do imóvel quando este foi colocado em leilão e, de comum acordo com o então governador Amazonino Mendes, nele pretendia ver instalada uma expressiva biblioteca amazoniana em par com a sede do Instituto Superior de Estudos da Amazônia – ISEA, que funcionava em frente ao dito casarão.

Sem ver prosperar a ideia e acanhando-se o ISEA na engrenagem da burocracia estatal na qual o Instituto acabou por ser esvaziado e extinto, Samuel autorizou o uso do prédio para funcionamento da Casa da Cultura, sede da Superintendência de Cultura do Estado e do Conselho Estadual de Cultura, o que foi efetivado por ação hercúlea de Sergio Cardoso. Tempos depois, quando secretário de Estado de Cultura, dei ao imóvel nova função: Biblioteca Padre “Agostinho Martin” no térreo, Galeria de Arte “Álvaro Páscoa” no mezanino e salas e salão de estudos e ensaios do Coral do Amazonas no piso superior.

Os eventos socioculturais e da representação política e empresarial juntamente com a 19ª. Edição dos Prêmios “Samuel Benchimol” marcaram a data de forma singular, a instalação do Memorial próprio do ilustre amazonense no Centro Cultural Povos da Amazônia vai contribuir para perenizar a sua obra intelectual, certamente por atrair pesquisadores e estudiosos e estimular os mais jovens a melhor entenderem o seu pensamento e suas reflexões em defesa da terra que lhe serviu de berço e de acolhimento final da matéria. De outro lado, essa iniciativa da família retomou a linha inicial do Centro de Documentação “Samuel Benchimol” criado ao tempo da instalação do Centro Cultural quando, também, instalamos a Biblioteca “Arthur Reis” e a Biblioteca “Mário Ypiranga”, constituindo núcleo de elevados estudos amazônicos e reunindo fontes de pesquisa valiosas.

A missão da atual e das novas gerações deve ser não só a de conhecer e difundir o pensamento de Samuel, mas a de pugnar pela defesa da Amazônia em sua memória.

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