Manaus, 18 de junho de 2025

Infraestrutura e inovação: preparando a Amazônia para a COP30 e além

Compartilhe nas redes:

“Portanto, a estratégia para a COP30 e além deve contemplar a construção de uma infraestrutura que permita à Amazônia prosperar economicamente de forma sustentável, garantindo sua preservação e contribuindo para o bem-estar de suas comunidades e do mundo.”

Ahora de abraçar a Amazônia é agora. O governo brasileiro, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está tomando medidas significativas para preparar a COP30, que ocorrerá em Belém, no Pará, em novembro de 2025. Uma dessas medidas é a criação de uma secretaria extraordinária, que vai coordenar a organização do evento, gerenciar contratos e convênios, e articular políticas públicas relacionadas. Esta secretaria, vinculada à Casa Civil, contará com pessoal do Ministério de Gestão Inovação e permanecerá ativa até junho de 2026.

Chegando perto

A escolha de Belém como sede reafirma a importância da Amazônia para o debate global sobre mudanças climáticas, proporcionando uma oportunidade única para destacar as iniciativas de preservação e os desafios enfrentados pelos estados da região, especialmente aqueles com altas taxas de desmatamento. O governo planeja superar as dificuldades de infraestrutura logística em Belém, aumentando a capacidade hoteleira e considerando opções como o retrofit de hotéis existentes e o uso de aluguéis de imóveis privados.

Floresta em pé 

Esta preparação para a COP não é apenas uma questão de logística, mas também uma oportunidade estratégica para o Brasil mostrar ao mundo seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e a preservação ambiental. Projetos e políticas que serão discutidos e apresentados na conferência podem catalisar o desenvolvimento socioeconômico da região amazônica de maneira sustentável, priorizando a manutenção da floresta em pé e buscando soluções permanentes para os desafios ambientais.

Gestão da Amazônia 

A proteção da floresta, uma tarefa urgente e necessária, passa por integrar a preservação ambiental com o desenvolvimento econômico. Isso significa reconhecer que a melhor maneira de proteger um bem natural é conferindo-lhe uma finalidade econômica sustentável. Para isso, é preciso uma infraestrutura adequada às peculiaridades geofísicas e geopolíticas da região, incluindo sistemas de transporte, comunicação e energia eficientes e ambientalmente responsáveis.

Competição desigual 

Essa abordagem não só garante a proteção efetiva da floresta amazônica mas também se antecipa a possíveis desafios. Deixar a floresta sem os necessários mecanismos de proteção pode, paradoxalmente, facilitar atividades criminosas como desmatamento, queimadas, e atos de organizações vinculadas ao narcotráfico. Essas atividades ilegais promovem uma economia sombria, que não gera empregos dignos nem contribui com impostos para que o setor público possa cuidar adequadamente da região.

Portanto, a estratégia para a COP30 e além deve contemplar a construção de uma infraestrutura que permita à região prosperar economicamente de forma sustentável, garantindo sua preservação e contribuindo para o bem-estar de suas comunidades e do mundo.

II

PPBio, premissas e compromissos da Bioeconomia na Amazônia

“O PPBio, fruto da colaboração entre Suframa e IDESAM, visa transformar a riqueza biológica da Amazônia em premissa, compromisso e fonte de inovação econômica, social e ambiental da Amazônia” […] “Este movimento não é apenas sobre desenvolvimento econômico; é sobre reimaginar o modelo de crescimento da região”

Com o apoio unânime do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, o IDESAM (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia) conquistou, junto ao CAPDA, órgão da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), a renovação de uma parceria decisiva com o prorrogação do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio) por mais cinco anos. Esta decisão reflete o compromisso com uma visão de um futuro onde a bioeconomia é a pedra angular do desenvolvimento amazônico.

O PPBio, fruto da colaboração entre Suframa e IDESAM, visa transformar a riqueza biológica da Amazônia em premissa, compromisso e fonte de inovação econômica, social e ambiental da Amazônia. Desde o financiamento inicial dos 22 laboratórios de biotecnologia do CBA pelo Polo Industrial de Manaus, atores púbicos e privados têm lutado pela diversificação e o fortalecimento do desenvolvimento regional. Pioneiros como Rebecca Garcia Denis Minev têm estado à frente deste esforço, como parceiros e atores do PPBio, marcando o início de uma era de transformação baseada na sustentabilidade e na ciência.

Este movimento não é apenas sobre desenvolvimento econômico; é sobre reimaginar o modelo de crescimento da região. Para as empresas de informática do Polo Industrial de Manaus, o PPBio oferece uma rota clara para que possam cumprir com suas obrigações fiscais, investindo em um futuro sustentável para a região sem riscos financeiros. Paralelamente, o programa aborda a agricultura e a pecuária, procurando maneiras de integrar práticas sustentáveis que respeitem a floresta e gerem novas oportunidades de negócios. Bagaços de laranja podem virar insumos preciosos para a produção de ração para a piscicultura para dar um exemplo.A colaboração é a chave para este novo capítulo. Instituições como a Embrapa e o INPA estão unindo forças com o PPBio para desenvolver soluções que alinham negócios com a conservação ambiental. Exemplos inovadores incluem a transformação de resíduos de açaí em peças para a indústria de bicicletas e o desenvolvimento de bioplásticos em parceria com empresas como a Tutiplast.

Porém, o desafio é ainda maior: é necessário expandir as parcerias institucionais para envolver governos estadual, federal e municipal, além do setor privado, numa colaboração que ecoa a sabedoria indígena do trabalho coletivo. A meta é criar um sistema integrado que possa sustentar não apenas a produção de insumos regionais para a indústria de Manaus, mas também fomentar micro e pequenas empresas capazes de inovar em áreas como a produção de látex, cosméticos, medicamentos e suplementos nutricionais.

Este é um chamado para que o poder público, a iniciativa privada e as instituições de pesquisa e desenvolvimento unam forças para transformar o PPBio em um verdadeiro vetor, diferencial e expansivo na direção ribeirinha, ou seja, da bioeconomia na Amazônia. Assim, poderemos antecipar a utopia de um desenvolvimento amazônico integral, inclusivo e integrado, seguindo os princípios da sustentabilidade, segundo os quais os empreendimentos devem ser politicamente corretos, economicamente viáveis, socialmente justos e ambientalmente sustentáveis, conforme recomendado por Samuel Benchimol.

A união de todos esses atores é essencial para que o desenvolvimento sustentável da Amazônia se torne uma realidade palpável e não apenas um ideal distante. O momento de agir é agora, para garantir um futuro onde a Amazônia possa florescer, respeitando sua biodiversidade e beneficiando todas as comunidades que dela dependem. Parabéns ao CAPDA, à Suframa e ao IDESAM.

*Escritor amazonense. Filósofo e professor. Diretor da FIEAM. Consultor do BID, Grupo Simões e CIEAM. Cofundador do Portal BrasilAmazonaAgora.

Views: 26

Compartilhe nas redes:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

COLUNISTAS

COLABORADORES

Abrahim Baze

Alírio Marques