Manaus, 29 de novembro de 2023

Invocação

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Bruno de Menezes*Bruno de Menezes

 

Ressoa selvagem tambor de mina,

a roda se agita, os pés rodopiam;

domina o terreiro, transporta os sentidos,

o tom do atabaque na noite sem fim.

 

O “ponto” invocado se alteia, atuante,

em busca da “linha” do rei Orixá,

que faz a defesa do povo Nangô.

 

Percute o batuque dos pulsos possantes.

Afoga o silêncio, acorda a floresta,

convoca as sereias do fundo do Mar…

 

Quem tira esse “ponto” pro santo “baixar”?

 

É que Ele está longe, no Céu africano.

Voltou para a guerra disposto a lutar,

mas tem uma “filha” que O pode chamar,

no estado de graça, na dança tribal…

 

É toda só d’Ele! Que corpo, que canto!

Nos olhos de treva, na boca, no olhar!

– Por isso Ele “baixa” na voz de Cleomar!

 

*Poeta e folclorista. Genitor da religiosa e escritora Marília Menezes. Nasceu em Belém (21/03/1893) e faleceu em Manaus (02/07/1963). Ex-presidente da Academia Paraense de Letras. Pertenceu ainda ao Instituto Histórico e Geográfico do Pará. Poema retirado do livro de sua autoria “Batuque”, 8ª edição, Belém, 2015.

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