*Bruno de Menezes
Ressoa selvagem tambor de mina,
a roda se agita, os pés rodopiam;
domina o terreiro, transporta os sentidos,
o tom do atabaque na noite sem fim.
O “ponto” invocado se alteia, atuante,
em busca da “linha” do rei Orixá,
que faz a defesa do povo Nangô.
Percute o batuque dos pulsos possantes.
Afoga o silêncio, acorda a floresta,
convoca as sereias do fundo do Mar…
Quem tira esse “ponto” pro santo “baixar”?
É que Ele está longe, no Céu africano.
Voltou para a guerra disposto a lutar,
mas tem uma “filha” que O pode chamar,
no estado de graça, na dança tribal…
É toda só d’Ele! Que corpo, que canto!
Nos olhos de treva, na boca, no olhar!
– Por isso Ele “baixa” na voz de Cleomar!