Gostaria de terminar o último artigo do ano falando sobre esperança. Ao longo dos meus 50 anos de carreira na área da medicina pude acompanhar grandes avanços em tratamentos e curas de enfermidades, tenho orgulho de ter participado como Coordenador do Programa de Controle da Tuberculose na Amazônia, onde atuei por sete anos e na ocasião conseguimos reduzir a prevalência de tuberculose de 90 por um mil, para 13 por um mil em nosso estado. Como médico e pesquisador aprecio com muita felicidade as descobertas na ciência para o prolongamento da vida com qualidade. Por isso trago hoje boas notícias para aqueles que sofrem direta ou indiretamente pela doença que nos acomete no envelhecimento: O Alzheimer.
Infelizmente esta doença que afeta toda a família não possui tratamento para sua erradicação, apenas temos alguns métodos para amenizar os sintomas e retardar sua evolução. Este ano pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) concluíram ao longo de sete anos de estudos com pesquisadores de diversos países que um hormônio produzido nos músculos durante a atividade física pode prevenir doenças neurodegenerativas e também preservar nossa memória. Este estudo foi publicado na edição da alimentação Nature Medicine, uma das revistas mais importantes de medicina translacional. O hormônio chamado IRISINA atua principalmente em nossas células musculares e no momento da prática de exercícios físicos libera os efeitos benéficos para o cérebro.
O estudo contribuiu primeiramente para mostrar a redução dos níveis da IRISINA nos cérebros de pacientes com Alzheimer e após testes com camundongos confirmaram que a reposição do mesmo ocorre de forma natural pelo próprio organismo apenas coma prática de exercícios físicos. O hormônio da IRISINA causa um efeito benéfico na memória e como é produzida pelo próprio organismo diminuiria as chances dos efeitos colaterais ocasionados pelos medicamentos. Mas ainda há um’ longo caminho para que o tratamento seja implementado nos seres humanos, os testes de laboratório com os camundongos trouxeram esperanças na comunidade científica para buscarmos mecanismos de proteção ao cérebro.
Tal descoberta reforça a importância da atividade física para prevenir as enfermidades do corpo, aliada a uma boa conseguimos reverter muitas doenças adotando hábitos saudáveis. Infelizmente o Alzheimeré uma doença que afeta milhões de pessoas no mundo, no Brasil cerca de 1,4 milhões de brasileiros vivem com demência e acompanhei por anos a manifestação da doença em minha querida mãe e este é meu grande desejo em vida, a cura do Alzheimer.
Desejo a todos um natal abençoado e cheio de esperanças no coração.