Manaus, 21 de novembro de 2024

Logística da procrastinação e a teimosia do pacto federativo pela integração

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“É necessário um esforço coordenado, disposição para trabalhar e espírito público para enfrentar desafios, complexidades e novos caminhos da região, suas fragilidades e preciosas potencialidades que podem garantir que a riqueza natural e humana da Amazônia seja utilizada de forma sustentável e justa, beneficiando não apenas as grandes corporações, mas também e principalmente a população local.”

Há mais de três décadas, o Amazonas permanece isolado por sua única ligação rodoviária com o restante do Brasil, a BR-319, que está travada devido a questões ambientais e políticas. Enquanto isso, o potencial de nossos rios como hidrovias, uma solução evidente para enfrentar os eventos climáticos extremos, é sistematicamente postergado. A complexidade das necessidades logísticas da Amazônia é tratada com descaso, e o desenvolvimento da região é frequentemente marginalizado, enquanto críticas são dirigidas à sua planta industrial, a Zona Franca de Manaus, que contribui significativamente para a economia regional e nacional.

Inauguração oficial da BR-319 em março de 1976 em Manaus / Instituto Durango Duarte

Há mais de três décadas, o Amazonas permanece isolado por sua única ligação rodoviária com o restante do Brasil, a BR-319, que está travada devido a questões ambientais e políticas. Enquanto isso, o potencial de nossos rios como hidrovias, uma solução evidente para enfrentar as eventos climáticos extremos, é sistematicamente postergado. A complexidade das necessidades logísticas da Amazônia é tratada com descaso, e o desenvolvimento da região é frequentemente marginalizado, enquanto críticas são dirigidas à sua planta industrial, a Zona Franca de Manaus, que contribui significativamente para a economia regional e nacional.

Inauguração oficial da BR-319 em março de 1976 em Manaus / Instituto Durango Duarte

A questão histórica da infraestrutura e a discriminação

O problema logístico da Amazônia não pode ser atribuído a um único governo ou mandato. A questão é estrutural e histórica. O isolamento da região é um reflexo de uma política deliberada de afastamento geográfico e de poder, na qual a infraestrutura necessária para integrar a Amazônia ao restante do Brasil é relegada a um segundo plano. Comissão de Logística do CIEAM (Centro da Indústria do Estado do Amazonas) tem-se empenhado para compreender e enfrentar essa discriminação histórica, buscando soluções para aproximar a região das decisões centrais. Em seu auditório, a entidade já recebeu e buscou envolver as maiores autoridades nos diversos setores que compõem a presença federal do setor na Amazônia.

A inércia logística e a falta de soluções

Um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento da Amazônia é a procrastinação crônica em relação a suas demandas logísticas. A transformação dos rios em hidrovias permanentes e a recuperação de estradas como a BR-319 são constantemente adiadas. Esse descaso não é uma questão técnica ou de falta de recursos, mas sim de falta de vontade política. O grande empresário, que paga caro para transportar produtos pelos rios, e o ribeirinho, que sofre com a falta de alternativas rodoviárias, são os principais prejudicados. A solução passa pela diversificação dos modais de transporte e pela criação de uma competitividade saudável, sem a intervenção de oligopólios que dominam o mercado.

A complexidade amazônica e os desafios do desenvolvimento

Reduzir ou ignorar as complexidades da Amazônia é um dos maiores erros cometidos nos debates sobre desenvolvimento e proteção ambiental. A região é marcada por múltiplos interesses, desde grandes empresas estrangeiras até pequenos produtores locais, todos competindo por recursos e espaço. A ideia de que é possível conciliar desenvolvimento e preservação ambiental sem enfrentar essas complexidades é uma utopia.

Ponte sobre a água

Descrição gerada automaticamente

foto: Tadeu Jnr/Unsplash

Sistemas complexos, como a Amazônia, que padecem de infraestrutura da sustentabilidade, devem facilitar a geração e distribuição de riquezas sem comprometer os serviços ambientais vitais que a floresta e suas águas oferecem. A quem compete a responsabilidade das ações efetivas? Esta é uma etapa essencial para suprimir a tentação crônica e constrangedora – muito comum na esfera dos três poderes – de atribuir a outrem a responsabilidade pela ação que deve ser essencialmente compartilhada.

As incertezas do futuro e a busca por oportunidades

A região amazônica precisa de ações diretas, que reconheçam suas incertezas, mas que também busquem oportunidades de desenvolvimento que se oferecem ao poder da ocasião. Ignorar essas oportunidades em nome de uma visão onírica de sustentabilidade artificial não levará a soluções reais para a Amazônia. É necessário um esforço conjunto entre governos, empresas e a sociedade para ocupar a Amazônia de forma inteligente, utilizando seus recursos naturais de maneira sustentável e em benefício da humanidade. Isso supõe liderança e respectivo portfólio de comprovação.

A lógica predatória da acumulação

O modo de produção de riquezas na Amazônia é absolutamente disperso, portanto, desprovido de comando e controle, não das armas, mas da Lei. Mais do que em outras searas onde as oportunidades e sua gestão são compartilhadas, a lógica da apropriação dos recursos naturais por aqui não está legalmente estruturada nem a repartição dos ativos conquistados. Daí a crescente desigualdade, onde o rentismo dominante perpetua seu poder econômico com as bençãos do poder de plantão. Na Amazônia, isso se traduz em uma dinâmica na qual grandes empresas estrangeiras controlam os principais recursos naturais, enquanto a população local é deixada à margem do desenvolvimento.

A falta de infraestrutura adequada, como a BR-319, e a ausência de políticas públicas eficazes para a região são sintomas dessa desigualdade estrutural. A noção de que o desenvolvimento da Amazônia pode ocorrer sem grandes mudanças estruturais é uma visão ideológica, ou seja, propositalmente redigida para falsificação da realidade. A região, rica em biodiversidade e recursos naturais, tem sido até aqui tão somente explorada por grandes multinacionais que, obrigadas a pagar o pedágio fiscal do poder de plantão, justamente deste poder recebem a permissão de que as grandes empresas contribuam timidamente para o desenvolvimento local.

BR-319

Há mais de três décadas, o Amazonas permanece isolado por sua única ligação rodoviária com o restante do Brasil, a BR-319, que está travada devido a questões ambientais e políticas. Enquanto isso, o potencial de nossos rios como hidrovias, uma solução evidente para enfrentar as eventos climáticos extremos, é sistematicamente postergado. A complexidade das necessidades logísticas da Amazônia é tratada com descaso, e o desenvolvimento da região é frequentemente marginalizado, enquanto críticas são dirigidas à sua planta industrial, a Zona Franca de Manaus, que contribui significativamente para a economia regional e nacional.

foto: Marcio Isensee e Sa

Enquanto isso, as necessidades da população amazônica, como melhores condições de transporte e infraestrutura, são ignoradas. A transformação logística que poderia alavancar a economia regional, como a criação de hidrovias permanentes, esbarra na falta de visão de longo prazo e em interesses que beneficiam poucos em detrimento de muitos, como tem dito e repetido semanalmente o professor Augusto Rocha, paladino dos alertas muito claros e rapidamente diluídos pela inação reinante.

A urgência de novos caminhos e o combate à mesquinhez

O futuro da Amazônia depende de uma mudança radical nas políticas públicas e na forma como a região é vista pelo restante do Brasil. A noção do pacto federativo, frequentemente incompreendida e insistentemente retomada por mentes inquietas como a de Serafim Corrêa, precisa ser debatida à exaustão. Como, porém, debater colaboração efetiva e colaborativa se o que se destaca é a polarização em todos os níveis de mediocridade epidêmica que se abateu na região e na federação.

A mesquinhez é um dos fatores da procrastinação em relação às demandas logísticas e à integração da Amazônia ao pacto federativo brasileiro. E isso não pode continuar. É necessário um esforço coordenado, disposição para trabalhar e espírito público para enfrentar desafios, complexidades e novos caminhos da região, suas fragilidades e preciosas potencialidades que podem garantir que a riqueza natural e humana da Amazônia seja utilizada de forma sustentável e justa, beneficiando não apenas as grandes corporações, mas também e principalmente a população local.

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