Manaus, 10 de outubro de 2025

Mano Jorge

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*Sylvia Aranha de Oliveira Ribeiro

Biografia de Dom Jorge Marskell

Meu anel de tucumã,
Tou me casando de novo,
Com você, ó minha irmã,
Minha gente, com meu povo.

É uma aliança de amor,
Para nunca se quebrar,
Inda no meio da dor,
Fiel sempre vou ficar.

À memória de Dom Jorge.
Em união com todos os que usam o anel de tucumã
como sinal de compromisso com o povo.

Foto preta e branca de pessoas ao redor O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.

Missa de Primeira Eucaristia.
Fonte: Comunidade de Nacária, Arari, 1979.

Aos queridos amigos Dom Pedro Casaldáliga, Padre Ronaldo Mac Donnell, Karina, Katiane, Adilon, Esmelídia, Silvia Aline e a todos que colaboraram para que este livro fosse publicado,

minha gratidão.

PREFÁCIO

Dom Jorge, amigo de verdade, pioneiro como Bispo em assumir a Amazônia – pastoral, foi ante todo e sempre um missionário. Com um estilo missionário de encarnação e de comunitariedade. Gratuito em sua oblação total a serviço da Igreja de Itacoatiara, “mano” querido, venerado pelo povo. Companheiro fidelíssimo nas causas especificamente da Amazônia, antes mesmo de que a Igreja do Brasil despertasse para a Amazônia vulnerada. Assumiu a pastoral indígena e a pastoral da terra, sofrendo, arriscando, mas sempre com uma simplicidade e autenticidade admiráveis.

 

Na 8.a Assembleia do Povo de Deus em Itacoatiara, junho de 1998, definiu a sua opção pastoral e os seus sonhos eclesiais mais autênticos:

Eu sei, disse na ocasião, que todos acreditam comigo que a nossa Igreja é e tende a ser cada vez mais participativa, cada vez mais solidária. Só assim vamos ser uma Igreja com o rosto de Jesus.

Ele, como vice-presidente nacional da CPT, contribuiu com a sua presença sempre amiga, sempre comprometida com a realidade diária.

Para mim, Jorge foi e é um “mano” mesmo, um entranhável colega episcopal. Guardo com emoção seu abraço último, em plena Assembleia da CNBB, e a foto que nos fizeram a Jorge, Tomás Balduíno e eu. Agora, o nosso Jorge está na paz definitiva, na Terra Sem Males. E nos espera e nos acompanha na caminhada libertadora, sempre Páscoa adentro.

A biografia do querido irmão, escrita por Sylvia e testemunhada por muitos e muitas, será, sem dúvida, uma cordial contribuição a manter viva a memória daquele bom pastor de Itacoatiara e a assumir, com seu estilo evangélico, a missão que ele assumiu integralmente.

Pedro Casaldáliga

Bispo Emérito de São Félix do Araguaia.

MANO JORGE

Há muitos anos, circulava entre as comunidades agrícolas de Urucará um jornalzinho chamado “Boa Esperança”. Em um de seus números foi publicado um artigo dedicado ao Bispo, com o título “Mano Jorge”.

Mano, expressão do vocabulário regional utilizada para designar afeto e amizade, comoveu Jorge profundamente; sentiu-se em família, irmão e amigo do povo. Amado.

Por esse motivo, foi o título escolhido para o livro que narra alguma coisa da vida do nosso falecido Bispo Jorge.

Cheguei à Itacoatiara em julho de 1977, enviada pelo Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, como voluntária leiga do Projeto Igrejas-Irmãs, São Paulo-Itacoatiara.

Tive, assim, a graça de conviver por longos anos com o padre, depois bispo, Dom Jorge Marskell. Logo nos primeiros anos em Itacoatiara, participei da equipe que acompanhava o padre Jorge nas visitas às comunidades do Arari e Ilha do Risco. Pude então conhecer de perto sua ação missionária e o amor que devotava ao povo.

Não se pode separar a vida de Jorge do povo a quem ele serviu durante sua vida, vendo, sobretudo nos mais pobres, a pessoa de Cristo.

No livro “E Deus visitou seu povo”, tratei principalmente da caminhada do povo, aparecendo nele, frequentemente, a figura do pastor. No presente livro me dediquei de preferência à descrição do caráter e personalidade, da maneira de ser, de viver e de amar de Dom Jorge.

Por suas ações, ele revelava a face do Pai. A luz de Deus brilhava por meio do seu “barro”; apesar de fraquezas e imperfeições aparecia sempre o amor que fazia pensar na imensa misericórdia de Deus.

PALAVRAS DE DOM JORGE PROFERIDAS NO DIA 6 DE JUNHO DE 1998 DURANTE A 8.a ASSEMBLEIA DO POVO DE DEUS EM ITACOATIARA

Eu sei que todos acreditam comigo que nossa Igreja é e tende a ser cada vez mais participativa, cada vez mais solidária. Só assim. vamos ser uma Igreja com o rosto de Jesus. Como é bom ver gente de todos os cantos! Douglas1 me disse que não faltou ninguém… é verdade? Todas as áreas. Que bom! Isso é uma alegria, vamos crescendo. Como já disse outras vezes: não estamos crescendo em riquezas; porque as Igrejas que nós conhecemos, são poucas, as Igrejas que nós. conhecemos que são ricas, faltam crescer em espiritualidade.

Mas a nossa Igreja vai crescendo… crescendo no amor, na solidariedade, na irmandade.

Foto em preto e branco de pessoas em jornal O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.

______________

1 Douglas MacKinnon.

Continua na próxima edição…

*Sylvia Aranha de Oliveira Ribeiro, nascida no Rio de Janeiro em 1930 e criada em São Paulo, formou-se em Filosofia e Pedagogia, obtendo um mestrado em Filosofia da Educação. Em 1977, mudou-se para Itacoatiara como missionária leiga, trabalhando na Prelazia com comunidades eclesiais de base e na formação de lideranças populares. É cofundadora da Associação Dom Jorge Marskell (desde 2001) e membro da Academia Itacoatiarense de Letras.

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